sábado, 29 de novembro de 2008

À atenção de PRM

Quando comecei a ler com mais cuidado o relatório sobre a pobreza, explicitamente baseado em trabalho de campo (inquéritos) efectuado em 2007, é que me lembrei que tinha lido no seu "ensaio" qualquer coisa referente a dados de 2006. Aí fui certificar-me e lá está:

"Circulam entre diplomatas e humanitários os “transparentes” de um relatório do Banco Mundial que conclui que “a pobreza aumentou significativamente” entre 2001 e 2007 (um balanço arrasador do consulado Fretilin, porque o estudo usa indicadores até 2006)."

Só para que conste: os dados são TODOS de 2007 porque foi nesse ano que o inquérito foi feito. No próprio documento se explica que ele começou a ser feito em 2006 mas que depois, devido às condições de (in-)segurança, teve de ser interrompido. Os dados entretanto recolhidos foram postos de parte e partiu-se da estaca zero em Janeiro de 2007 (até Janeiro deste ano).
Será que isto altera alguma coisa ao seu "balanço arrasador"? Sinceramente: quando faço balanços olho para o "activo" e para o "passivo" (e não apenas para um deles) e naquele olho particularmente para os recursos disponíveis e se foi feita uma boa ou má utilização deles. Se não há recursos disponíveis, meu caro, seja o partido "A" ou o partido "B" terá sempre um "balanço arrasador" se compararmos o realizado com os sonhos e não com o que era possível realizar. Mais ou menos objectivamente.
E, desculpe-me que lhe diga, aquela de infraestruturar uma cidade como Dili em 9 anos SEM "CHETA" diz bem o que sabe de economia... e de engenharia, claro.
É que as coisas são bem mais complexas do que as "bocas" ditas à mesa de um café! Sabe, por exemplo --- e reporto-me ao pouco que sei do plano de reordenamento da cidade de Dili elaborado pelo GERTIL há alguns anos atrás ---, que há muitas habitações em locais de onde teriam de ser retiradas por estarem demasiado perto de linhas de água ou em locais de cheia?
E que deslocar as populações exigirá, primeiro, a construção de habitações alternativas --- essas sim já completamente infraestruturadas.
E que para o fazer é necessário clarificar primeiro que terreno pertence a quem e que isso ainda não foi possível fazer?
Enfim: uma verdadeira dor de cabeça, um puzzle que não vai ser fácil de montar.
Como vê, 9 anos não dá nem para os aviamentos... Ponha aí mais uns 10 a 20 para fazer o fato completo. Aliás, desafio-o a voltarmos a falar do assunto dentro de 9 anos... Tá?

1 comentário:

Anónimo disse...

Depreende-se que PRM tenha confundido as datas com o Relatário TICP 2008, esse sim com ascaracterísticas enunciadas por PRM.

Uma gaffe...
Acontece...