domingo, 16 de novembro de 2008

Ainda sobre as decisões da cimeira do G20

Na 'entrada' de ontem referi que a anunciada intenção de a União Europeia querer ver reforçado o papel do FMI na regulação internacional --- deve ser porque o FMI é chefiado por um europeu, normalmente, francês... --- me parecia a coisa mais próxima de entrega ro ouro ao bandido. Entre aspas, claro!...

Na verdade, o Fundo é um dos principais responsáveis pelo (excessivo) liberalismo que tem existido nos fluxos financeiros internacionais, condição quase sine qua non para o desencadear das crises financeiras como as temos conhecido nos últimos anos.

"Curioso" também é o facto de as medidas de política económica que os países mais avançados têm implementado até agora para tentarem reduzir o impacto da crise financeira na economia real estão quase nos antípodas do que o FMI normalmente impõe como solução aos países em desenvolvimento ao abrigo, nomeadamente, dos "famigerados" programas de estabilização (e de ajustamento) conjuntural. Foi o que aconteceu, por exemplo, nos países da Ásia Oriental mais atingidos pela crise económica de 1997-98. A Indonésia viu o corte significativo ao crédito que lhe foi imposto ser responsável por uma descida da produção maior do que o que eventualmente teria ocorrido se as medidas impostas não tivessem sido tão drásticas. Nomeadamente porque deixou sem financiamento muitas empresas que até eram viáveis e que tinham uma boa carteira de encomendas --- incluindo para exportação --- mas que se viram impedidas de operar porque não tinham acesso àquilo com que se compra as batatas... e os vários inpus para a produção.

Não há muitos anos o Fundo reconheceu que a sua "dose de cavalo" para tentar suster a crise de então tinha sido a responsável por quebras da produção --- e respectivas consequências sociais relacionadas com o desemprego --- maiores do que "necessário" para a recuperação das economias na época.
Por isso, todo o cuidado é pouco e não me parece muito "avisado" dar demasiado espaço de manobra ao Fundo sem que este seja, ele próprio, PROFUNDAMENTE reformulado.
O problema é que há os que acreditam na redenção/regeneração e os que não acreditam... Eu, cá por mim, não pertenço aos primeiros mas ainda não decidi definitivamente se pertenço aos segundos :-) ...

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