quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Espectáculo!...

Não é usual as "entradas" deste blogue serem apenas um "link" para uma qualquer sessão audiovisual. A qualidade da que a apresentamos, porém, mais que justifica a decisão de a "linkar" aqui.


Trata-se de uma apresentação multimedia preparada por Hans Roslings e sua equipa sobre a evolução do rendimento per capita dos países do mundo ao longo do tempo. Um espectáculo!... 4 minutos de puro prazer visual dada a qualidade e imaginação colocadas ao serviço da informação económica e social. Aparentemente simples mas muito eficaz no seu efeito final!

Este é mais um trabalho da organização Gapminder, uma fundação sueca por ele criada. No seu "sítio" pode ver-se um apreciável número de outras apresentações de elevadíssima qualidade e que recomendo vivamente.


Note-se que é possível fazer, entre o de outros documentos muito interessantes, o "download" do Gapminder desktop, uma recolha de imensa informação que assim fica disponível no seu computador sem necessitar de, a cada momento, se ligar à internet.

Experimente e fica fã!... Que bela prenda para terminar 2010!

A propósito:
tenha um 2011 muito feliz. Se faz favor!... Tá?!...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Cuidadinho, muito cuidadinho!...

Nota preliminar: o que se segue tem que ver, em parte, com o sistema bancário de Timor Leste MAS É ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE DA MINHA RELAÇÃO PROFISSIONAL COM O "BANCO CENTRAL" DO PAÍS. O que ficar escrito envolve-me, como de costume, só a mim e mais ninguém (pessoal ou colectivo) enquanto economista e observador da realidade económica de Timor Leste. Aliás, como é fácil de compreender, o banco central, no fundo, nada tem a ver com esta questão, que interessa apenas ao triângulo Estado-empresários-banca comercial.

Vi ontem uma referência a declarações do Ministro Gil Alves sobre a possibilidade de o Estado poder ser "fiador" de empresários timorenses nos seus pedidos de crédito junto da banca comercial actuando em Timor Leste. Não será o caso mais normal mas não será, certamente, caso virgem.
Mas as questões a colocar são, 1) saber se a existência ou não de uma garantia (do Estado) é a limitação mais importante para a concessão de crédito no país; e 2) quais as condições que os empresários terão de preencher para se poderem candidatar a uma garantia por parte do Estado. Estes é que são o "busilis" da questão.

Tenho para mim que a principal barreira que dificulta a concessão de crédito é a de natureza essencialmente institucional: a nível microeconómico, a falta de organização apropriada, interna, das empresas; e a nível macrosocial, o quadro jurídico para que os bancos possam obter dos empresários garantias reais apropriadas e que possam ser, atempadamente, executadas através do sistema judicial.
Ora, a não ser que ambas estas situações se alterem profundamente em relação ao quadro actual, a continuação de umas e de outras e a concessão de garantias reais pelo Estado vai apenas (?) transferir os riscos da concessão de empréstimos da banca para o Estado. Senão totalmente, pelo menos significativamente. Isso até pode desbloquear uns quantos empréstimos e fazer baixar (?) a taxa de juro cobrada mas o problema de fundo não fica resolvido. Como o quadro legal é "impróprio para consumo" o resultado vai ser, muito provavelmente, que quem vai "ficar a arder" com o seu dinheiro se os emrpesários não pagarem --- COMO VÁRIOS NÃO PAGAM E ALGUNS QUASE SE ORGULHAM DISSO!... --- é o Estado timorense. Isto é: é o povo timorense... "Na tá certo, irmão!..."

E aqui lembro-me das recentes declarações do Primeiro Ministro numa festa com os empresários e a propósito da execução do "plano do referendo": o "chefe" destes tecendo grandes encómios ao projecto e o PM dizendo que em muitos casos o Estado esteve a pagar gato por lebre, pagando muito dinheiro por uma qualidade por vezes mais que duvidosa e a preços inflacionados, indo muito dinheiro para carros de luxo-luxo e para férias em Bali. Ele lá saberá... Isto anda tudo ligado!...

Daí a recomendação inicial: cuidadinho, muito cuidadinho!...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Umas continhas de somar e de sumir...

Os relatórios trimestrais do Fundo Petrolífero dizem-nos que até 30 de Setembro passado tinham sido transferidos deste para o Orçamento Geral do Estado desde o início do ano 375 milhões de USD (100 em cada um dos dois primeiros trimestres e 175 no terceiro).
Por outro lado o relatório mensal de Outubro (todos os relatórios estão disponiveis no 'sitio' da Autoridade Bancária e de Pagamentos de Timor Leste em http://www.bancocentral.tl/ ) diz-nos que nesse mês o Governo pediu (e foi efectuada) a transferência de mais 75 milhões, perfazendo um total de 450 milhões de USD para os 10 primeiros meses de 2010.
Ora, o OGE de 2010 aprovado pelo Parlamento Nacional previu a transferência de 502 milhões de USD como "rendimento sustentável" e de um excedente de 309 milhões, num toral de 811 milhões de USD.
Isto significa que nos dois últimos meses o Governo pode ainda pedir a transferência de 811-450=361 milhões USD. É muito dinheiro!
O que será que o Governo vai fazer? Aparentemente irá pedir pelo menos uma (boa?) parte do que pode ainda pedir. Parte dela destinar-se-á a pagamentos que terá de efectuar por conta do OGE deste ano e uma parte, que pode vir a ser substancial, ficará em caixa como "reserva" para o OGE de 2011. A ver vamos...

sábado, 18 de dezembro de 2010

Relatório mensal do Fundo Petrolífero (Out/2010)

Valor do capital do Fundo Petrolífero em 31 de Outubro passado: 6,7 mil milhões de dólares americanos. Mais 150 milhões USD que no final do mês anterior. Pelo andar da carruagem é possível que o FP chegue ao fim do ano com cerca de 7 mil milhões (para alguns "7 biliões") de USD. Muito vai depender do valor das receitas e das transferências para o Orçamento que o Governo irá solicitar.
Note-se que deste valor 96% estão aplicados em obrigações do Tesouro de vários países --- esmagadoramente os Estados Unidos --- e apenas 4% em acções de empresas multinacionais.
Na proposta de revisão da Lei do Fundo Petrolífero o Governo admite que, a fim de aumentar a taxa de rendibilidade do FP, esta percentagem possa ir até aos 50%. Este limite, no entanto, não será atingido no curto prazo, dependendo o ritmo de aumento desta componente do capital do Fundo (por natureza com cotações muito mais instáveis que as dos Títulos do Tesouro) das decisões do Ministro das Finanças. Há sugestões de que nos próximos 5 anos o limite não ultrapasse os 35%.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Sumário Executivo do relatório da Bonifica sobre as centrais eléctricas

Através do blogue da La'o Hamutuk chega-se ao relatório de Setembro da empresa que está a servir de consultora no acompanhamento das obras das centrais eléctricas em Timor Leste.
Abaixo pode ver-se parte do sumário executivo.

Rigor, sff! Please!...

Numa "entrada" do blogue da La'o Hamutuk sobre as centrais eléctricas em construção em Timor Leste diz-se a certa altura:

"Hardly any Timorese workers are employed. In January 2009, the Prime Minister told Parliament that “this project will in itself create over 20,000 jobs already in 2009,” but by 28 May 2010, CNI22 had hired only 155 Timorese workers."

O que me despertou a atenção foi a referência à afirmação de que o projecto permitiria criar, ainda em 2009, 20.000-vinte mil-20.000 empregos ("jobs").

Referências deste tipo são useiras e vezeiras em documentos sobre investimentos públicos. Foi o caso, por exemplo, do chamado "pacote referendo", cujo relatório final declarou, alto e bom som, que ele teria criado nada mais nada menos que 84.684 empregos. Nem mais, nem menos!

O problema é que o conceito de "emprego" não é definido. Emprego com que duração? Dias? Meses? Um ano? Empregos temporários? Mais ou menos permanentes? Fica-se sem se saber. Serão, neste último caso, 84.684 homens/dia de trabalho? Serão homens/mês? Népia! Não se sabe!...

Repare-se que este valor corresponderá, sensivelmente, ao volume da mão-de-obra que entra no mercado de trabalho de Timor Leste ao longo de cerca de 4 anos... Não podem ser, portanto, empregos mais ou menos permanentes. Se assim fosse o país estaria face a uma grave crise de falta de mão de obra e seria um paraíso para os potenciais emigrantes na região.

O mesmo, na dimensão equivalente, se pode dizer da pretensão de que a construção das centrais iria proporcionar 20 mil postos de trabalho.

Porque não são rigorosos no que pretendem dizer? Digam 20 mil homens/mês ou outra qualquer medida. Dizer apenas "20 mil postos de trabalho" é o mesmo que nada! Rigor, sff! Please! Ok?!...