Eis mais dois quadros interessantes do relatório que temos vindo a abordar:
O quadro acima dá-nos a evolução do PRODUTO INTERNO Bruto --- grosso modo a produção efectuada no país --- desde 2001 até 2007 em termos per capita, i.e., por habitante.
Além do PIB diz-nos também qual foi a evolução do RENDIMENTO NACIONAL Bruto. A diferença entre ambos é que o último inclui os rendimentos de todos os agentes económicos nacionais. No caso concreto de Timor Leste a diferença está no rendimento obtido do Mar de Timor através da exploração de petróleo e gás --- por isso os valores começam a "disparar" e a divergir dos do PIB em 2004.
O que interessa mais directamente às pessoas --- até porque o rendimento do petróleo não entra directamente na economia nacional mas sim apenas quando é transferida para E GASTA pelo Estado através do Orçamento Geral do estado --- é o PIB per capita.
Como se pode verificar em 2001 ele foi de 321 USD mas foi descendo até 2004, quando atingiu os 281 USD. Em 2005, até agora o melhor ano, foi de 287 USD tendo voltado a cair (agora significativamente) até aos 263 de 2006 por razões bem conhecidas. A relativa "normalização" de 2007 trouxe consigo a recuperação do PIB até a um nível aproximado (mas ainda assim inferior) ao de 2005.
Tudo isto para significar o quê: que inquéritos do tipo LSMS (Living Standadrs Measurement System; veja aqui a página web no 'site' do Banco Mundial) como o que foi feito em Timor Leste e deu origem à publicação em análise devem ser vistos com alguma cautela pois são, pela sua própria natureza, sensíveis à situação conjuntural em que são realizados e por isso quaisquer comparações intertemporais devem ser vistas com as reservas que o caso aconselha. Isto é, se o inquérito de base tivesse sido efectuado em 2005 ou em 2006 os resultados poderiam divergir (muito ou pouco?) dos obtidos em 2007.
De qualquer forma é bom não esquecermos que estamos perante "fotogafias", tiradas num determinado momento, e não perante "filmes" que nos dão a evolução da situação ao longo do tempo, com os seus altos e baixos.
Este segundo quadro tem um interesse particular: é que é com informação deste tipo --- e mais desagregada, como é apresentada nos anexos do relatório --- que se ajuda a construir um Índide de Preços no Consumidor, usualmente utilizado no cálculo da variação dos preços, i.e., da inflação.
Ora o que mais me chamou a atenção foi o facto de as percentagens que estão no quadro, particularmente na primeira metade da primeira coluna de números ("Total population"; "national") divergirem mais ou menos significativamente dos pesos que hoje em dia são utilizados no cálculo do IPC pela Direcção Nacional de Estatística e, por arrastamento, da taxa de inflação em Timor --- particularmente em Dili.
Note-se que parte da divergência dos números pode resultar exactamente do facto de estes números serem "nacionais", para todo o país, e os utilizados no cálculo da taxa de inflação mais usada serem apenas de Dili.
Nestes o peso (determinado em 2001) da alimentação é de 56,7%, quando agora (valor nacional) é de 66,1%. Os gastos em Saúde representavam em 2001 cerca de 4,2% do total das despesas das famílias mas agora aparecem como representando apenas 0,6%.
Há várias razões, umas mais plausíveis que outras, para a divergência dos números em 2001 e 2007 mas sejam quais forem essas razões uma coisa parece certa: torna-se necessário usar estes dados, complementados com outros, para reformular os pesos dos vários tipos de produtos no cálculo do IPC e, por conseguinte, da taxa de inflação. É que, agora por mais esta razão, corremos o risco de estarmos a medir a inflação com um metro de 104 ou de 97 centímetros. De 100 centímetros é que ele não é, não!
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