sexta-feira, 28 de setembro de 2012

História (ou "estorinha"?) do emblema do Banco Central de Timor-Leste

O texto que se reproduz abaixo conta a história da escolha de um karau como símbolo do Banco Central de Timor-Leste (BCTL).
O que ele não diz é que o búfalo fixado no logo existe mesmo (existirá ainda?) e foi retratado perto de Laleia, numa curva da estrada junto da planície que antecede aquela povoação para quem se dirige de Baucau para Dili.
 


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ainda a taxa de inflação

No gráfico abaixo pode ver-se a evolução da taxa homóloga de inflação em Dili entre os meses de Agosto de 2011 e Agosto de 2012, quando esta atingiu os 11,3%, apenas 1 ponto percentual menos que no mês homólogo do ano passado.


O conjunto dos produtos alimentares, em que a população gasta, em média, quase 57% do seu rendimento gasto em consumos, subiram 12,4%. Os vegetais e as frutas terão subido, respectivamente, 14,1% e 14,5%, respectivamente.

A manter-se a tendência e contando com alguma aceleração da subida de preços que se verifica normalmente no último trimestre do ano é possível que a taxa homóloga de Dezembro deste ano se situe nos cerca de 12-13% (mais coisa, menos coisa...), o que é, sem dúvida, uma significativa melhoria face aos 17,4% de Dezembro de 2011.
Mas ainda assim preocupante pelo que significa de importante perda de poder de compra da população, particularmente da de menores rendimentos, um verdadeiro "imposto" sobre estes. Nestas situações de inflação rápida há sempre uma importante tranferência de rendimentos dos mais pobres, usualmente com rendimentos fixos (salários, pensões, subsídios e similares), para os mais ricos, cujos rendimentos tendem a aumentar ainda mais...
Uma aparente (?) indiferença perante esta leitura "social" da inflação que se nota em alguns decisores de política económica é preocupante, como se fizessem um simples encolher de ombros perante algo que parece entender-se como sendo "apenas" um azar, sabe-se lá se com origem no diabo ou nalgum antepassado mais "retorcido" que resolveu estender a sua maldição aos que por cá andam por não terem pago o resto do seu barlaque...
Não! Não é "azar" nenhum! É o resultado de uma deficiente hierarquização dos objectivos da política económica.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Inflação homóloga de Agosto/12: 11,3%

A Direcção Nacional de Estatística acaba de divulgar os valores dos Índices de Preços no Consumidor em Agosto passado.
Deles se deduz que a taxa mensal de inflação foi então de 0,4%, mais 0,1 pontos percentuais que o valor de Julho e o dobro da de Agosto do ano passado.
Por sua vez a taxa homóloga passou dos 11,1% em Julho para 11,3% em Agosto, numa demonstração de uma pequena aceleração da inflação.

A estimativa da taxa de inflação média anual passou agora para 10,6%. Este valor resulta do uso dos valores observados até agora e das médias mensais de cada um dos quatro últimos meses dos anos entre 2002 e 2011. Se usarmos apenas estas médias dos anos 2010 e 2011 a taxa média anual (estimada) passa para 11,3%, um valor igual ao da taxa homóloga actual.

"Educação financeira", "inclusão financeira" e outros "palavrões"

Vem esta pequena nota a propósito de uma conversa mantida há tempos com um amigo a propósito das enormes filas que durante os últimos dias de cada mês e os primeiros dias do mês seguinte quase bloqueiam o acesso aos balcões de alguns bancos em Dili durante pelo menos uns dez dias.
Dizia-me ele que embora muitas pessoas já estejam familiarizadas com o uso das "ATM-Automatic Teller Machines" (vulgo, para os portugueses, "caixas multibanco"), há ainda uma imensa maioria que quer é levantar o dinheiro todo que lhe "pinga" na conta logo que ele por lá aparece nem que seja preciso passar, como passam, horas a fio nas filas para levantarem o seu dinheiro "entupindo" completamente os serviços de alguns bancos.
Independente de saber se estes têm ou não a obrigação de estar preparados para estas circunstâncias, que se repetem todos os meses e são, por isso, previsíveis abrindo "caixas/balcões" suplementares nesses dias de modo a assegurar que nenhum cliente esteja, por exemplo, mais de meia-hora ou uma hora na fila, parece estarmos, isso sim, perante um caso evidente de falta de "educação financeira" da população.
Aliás, foram-me relatadas situações de pessoas que levantam a maioria do seu dinheiro nas ATM mas como fica lá um "restinho" --- por exemplo 17 dólares... --- que as máquinas não "dão", as pessoas enfrentam horas nas filas só para levantar esse pequeno montante --- eventualente com medo que ele se "esfume" a favor do banco onde tem a conta bancária aberta.

Tenho para mim, pois, que há em Timor Leste um espaço enorme para a "educação financeira" da população. Na medida do possível este blogue tem procurado contribuir para isso mas parece que é preciso "vir ainda mais atrás", a conceitos e procedimentos do sistema financeiro ainda mais elementares. Vamos a isso... :-)

Recordemos, para começar, o significado do termo "educação financeira" como consta de um relatório do Banco Central do Brasil (pg24):


Esta educação é quase uma condição prévia mas aumenta também com o aumento da "inclusão financeira" da população, "o processo de efectivo acesso e uso pela população de serviços financeiros adptados à suas necessidades, contribuindo para a sua qualidade de vida", tal como consta da citação abaixo retirada do mesmo relatório (pg 8):


Sabendo-se que o sistema financeiro do país, particularmente o sistem bancário, é ainda relativamente pouco complexo e de reduzida dimensão, aqui está uma área onde muito há a fazer quer pelo Banco Central de Timor-Leste quer pelos bancos comerciais existentes ou a criar quer por outras entidades financeiras (ex: instituições fornecedoras de micro-crédito mas não só).

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Parabéns, BCTL!

Faz hoje um ano estavamos todos, aqui no Banco Central de Timor-Leste, a comemorar o nascimento deste por transformação nele da então Autoridade Bancária e de Pagamentos do país.
Para quem, como eu, faz por estes dias dez anos (tchiiiii! tanto tempo!...) de "casa", aquele foi um momento especial.
É certo que nesses dez anos nem sempre estive presente mas no cômputo geral e se as minhas contas "de cabeça" não me enganam, devo ter, provavelmente, mais tempo em Timor Leste do que em Portugal.

Ao longo deste ano muita coisa foi feita e alguma (pouca, na verdade) ficou por fazer relativamente ao que era o programa de trabalhos planeado. Pena que, por razões desconhecidas, o Governo não tenha completado a sua parte do processo: a nomeação de um número suficiente de membros do Conselho de Administração do Banco que o tornasse plenamente operacional. Ficou-se pela nomeação do Governador e nada mais. Helas!...

Para comemorar o 1º aniversário do Banco este decidiu publicar uma análise da evolução da economia nacional durante, sensivelmente, o período de existência do Banco.
É esse documento que, naturalmente, não é nem pretende ser uma análise exaustiva da evolução recente da economia nacional, que podem encontrar aqui.