segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Posso perguntar uma coisa?

O gráfico abaixo ilustra a queda significativa do preço do petróleo bruto desde há 3 meses a esta parte, principalmente no último mês.


Sendo assim, alguém me consegue explicar porque é que o preço dos combustíveis em Timor Leste não baixou nem um "tiquinho" nos últimos 3-4 meses? "Tão mexendo no meu bolso"!...
Para quando alguém que proteja mais decididamente os interesses dos consumidores?

domingo, 28 de agosto de 2011

Revisão da Lei do Fundo Petrolífero

O Parlamento Nacional aprovou na passada terça-feira, na generalidade, um conjunto de alterações à Lei do Fundo Petrolífero vigente desde 2005.
A Lei desce agora à "Comissão C" para discussão e aprovação na especialidade antes de voltar ao plenário para ser aprovado em leitura final.

As propostas de alteração apresentadas pelo governo não são totalmente "pacíficas", caracterizando-se por dar maiores poderes ao Ministro das Finanças do momento.
Por estarmos ligados profissionalmente à ABP, gestora operacional do Fundo Petrolífero, não nos queremos pronunciar muito sobre a matéria sem esta apresentar as suas propostas.

Recordamos apenas que há 2 ou 3 pontos mais "sensíveis" nas propostas do Governo: a já referida maior concentração de poderes e liberdade de acção do Ministro das Finanças --- "contra" o regime vigente até agora e que tem mais "checks and balances" do que a actual proposta ---, a possibilidade de ser investido até 50% do capital do Fundo em títulos de rendimento variável (acções) --- contra os actuais 90% em títulos de rendimento fixo dos Estados Unidos --- e a possibilidade de o gestor operacional do Fundo ser outra entidade que não o Banco Central --- o que, reconheça-se, é uma "espada de Damocles" sobre este e, quer se queira quer não e nem que seja apenas psicologicamente, é uma condicionante à independência que deve ter o Banco Central. Quanto àquele limite de 50%, ele poderá, teoricamente, nunca vir a ser atingido e mesmo os valores para que se apontam na prática e a curto-médio prazo (35-40%) podem levar algum tempo a ser alcançados. "Poder" chegar aos 50% não significa "ter de" os atingir...

Face à presente instabilidade do sistema financeiro internacional chamo a atenção para o facto de nem na Lei inicial nem na actual proposta haver uma "escapatória" no caso de este sistema entrar em colapso pondo em causa parte significativa do capital do Fundo.
Pessoalmente creio que deve ser incorporada uma norma em que, rodeado dos necessários cuidados, o Governo possa suspender temporariamente as regras de afectação dos recursos do Fundo se isso for julgado, em situação de emergência grave, necessário para a salvaguarda do capital do Fundo Petrolífero. Caso contrário a gestão deste pode ver-se de mãos atadas ao assistir ao colapso do sistema financeiro internacional e a alterações significativas das taxas de câmbio, nomeadamente do USD.

Esperemos para ver quais são as decisões dos deputados do Parlamento Nacional.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Taxa de média anual de inflação:10,3%

A forma tecnicamente preferida pelos economistas e pelas organizações internacionais para medir a taxa de inflação é a chamada "taxa média anual". Ela consiste na variação entre a média dos Índices de Preços no Consumidor dos 12 meses de um ano relativamente aos 12 meses do ano anterior.

No caso de Timor Leste e neste momento, quando o último IPC conhecido (para Dili) é o de Junho passado, o que podemos fazer é comparar a média do IPC dos 12 meses terminados em Junho passado com a média correspondente dos 12 meses anteriores (i.e., Julho09 a Junho10).

Feitas as contas, o valor da taxa média anual de inflação referente a Junho passado é de 10,3%.

domingo, 7 de agosto de 2011

Ainda que mal pergunte...

A questão foi-me suscitada por uma vigem recente a Com em que verifiquei que "em troca" das palmeiras que bordejam a estrada Lautem-Com estão a ser "plantados" centenas e centenas de postes de cimento que sustentarão os cabos que levarão a electricidade até Com.



Ora bem: em contratos de elevado montante é usual pedir ao fornecedor contrapartidas que beneficiem directamente a economia nacional. A pergunta é: em todo este conjunto de contratos que levarão a electricidade a quase todos os principais pontos do território nacional foi negociada alguma contrapartida? Por exemplo: quanto aos postes em causa, devia ter sido relativamente fácil, sob o ponto de vista técnico e de capital humano, produzir todos ou uma boa parte deles em Timor-Leste. Foi feita alguma tentativa nesse sentido? Seria interessante que tivesse sido pois "grão a grão enche a galinha o papo" e é com pequenos passos como este que, progressivamente, se pode ir instalando alguma capacidade de produção (industrial) interna que agora é quase inexistente.

E se não foi feito nenhum esforço nesse sentido (que pena!...) há vontade política para o fazer no futuro? Agora que se fala em outras grandes obras, desde a transferência do porto para outro local (Tíbar? Liquiçá?) à expansão do aeroporto, vão-se fazer tentativas para obter contrapartidas? "À consideração superior"...


POSTSCRIPT:
Como comentário a esta 'entrada' recebi a seguinte informação:
"Bem curiosamente estes postes são localmente produzidos ou feitos em Timor Leste. É de facto um passo positivo no que concerne ao desenvolvimento económico de Timor. Pode ver-se neste website algumas fotos e noticia: http://buildingmarkets.org/blogs/timor/2011/08/01/made-in-timor-leste-manufacturing-in-timor-leste/ "

Ainda bem! A notícia foi motivada pelo facto de, há alguns meses, ter visto postes destes, em grande quantidade, depositados no porto de Dili após a sua importação.

sábado, 6 de agosto de 2011

Preços do arroz na Ásia (no consumidor)

A FAO divulgou recentemente os preços no consumidor do arroz em vários países asiáticos.



Comparem-se estes valores com o preço do arroz em Timor Leste, que é de 0,60 USD (60 cêntimos) por kilo (arroz importado do Vietname; o arroz nacional é, normalmente, mais caro).

Resultados do Censo de 2010

A Direcção Nacional de Estatística, integrada no Ministério das Finanças, disponibilizou recentemente no seu "site" os dados do Censo de 2010. Estão disponíveis para download (aqui) vários documentos, faltando o Vol. 1, o mais importante, por, segundo fui informado, conter erros que estão a ser corrigidos.

Os quadros que me mais me chamaram a atenção foram os quadros sobre o domínio das línguas.


O quadro de cima inclui a população com 15 e mais anos de idade e o de baixo inclui a de 5 e mais anos.

As percentagens surpreenderam-me, umas para baixo (caso do tetum) e outras para cima (caso do português, por exemplo). Provavelmente o segredo da questão está na forma como é definida a "literacia" (saber falar, ler e escrever). Ao que sei, ela é definida como sendo a capacidade de fazer aquelas três actividades mas relativamente a pequenas frases, simples.
A aparente baixa taxa do tetum pode estar relacionada com a capacidade de escrever, pois muita gente o fala mas escrever "é outro campeonato"...
Quanto à percentagem do português e tratando-se de pessoas com mais de 15 anos, uma taxa de 25% (um quarto da população) é, sem dúvida, uma boa percentagem mas qualquer coisa me diz que há aqui algum "optimismo"... Note-se que alguns observadores com bom conhecimento da realidade no terreno também torcem o nariz... Ainda por cima parece que muitos dos agentes inquiridores do Censo tinham, eles próprios, um conhecimento limitado do português, deixando no ar a dúvida sobre a sua capacidade de ajuizar se os inquiridos sabiam, de facto, "falar, ler e escrever", mesmo que apenas pequenas frases, em português.

Estas reticências não impedem que reconheçamos, pela nossa experiência do dia a dia, que há cada vez mais pessoas a compreender o português e a dizer pequenas frases num diálogo não muito exigente. Ainda agora não caí num coilão imundo porque um rapaz me avisou de que a rua não tinha saída. Em português... :-)