sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Taxa "meta" para os Títulos do Tesouro americano

Como se sabe, a totalidade dos recursos do Fundo Petrolífero está aplica em títulos do Tesouro americano.
A evolução da taxa de juro "meta" para os "FED Funds" desde a constituição do Fundo Petrolífero é a que figura abaixo e é um determinante fundamental do retorno dos investimentos do FP:



Evolução das taxas de câmbio do Dólar americano

Uma das grandes transformações que se deu na economia internacional desde meados deste ano e que, face aos problemas com que se tem defrontado a economia americana, tem provocado a estranheza de muita gente é a valorização que o USD tem conhecido face a outras moedas.
No gráfico abaixo está registada a evolução face a algumas das principais:

Como se pode ver, deu-se uma fortíssima valorização do USD face ao dólar australiano acompanhada por uma valorização não tão forte --- mas ainda assim muito importante --- relativamente ao Euro e à Libra inglesa. E tudo a partir de Julho deste ano.
Das principais moedas apenas o Iéne japonês conheceu alguma valorização face ao USD.

Esta valorização do USD face às principais moedas do sistema financeiro internacional foi acompanhada pela que se verificou em relação a várias moedas asiáticas, particularmente a Rupia indonésia, o Bath tailandês e o Dólar de Singapura. O Renmimbi, a moeda chinesa, conheceu uma ligeira valorização face ao USD.


A Rupia indonésia, em particular, tem conhecido uma significativa desvalorização nos últimos tempos, com o câmbio por USD a aumentar dos cerca de 9200 rupias/USD de meados deste ano para os actuais cerca de 10800. Isto são boas notícias para Timor Leste já que as suas importações ficam agora mais baratas, reduzindo-se também a pressão para o aumento dos preços internos de Timor, i.e., havendo oportunidade para se verificar alguma redução da taxa de inflação.


Mas como não há bela sem senão, esta evolução significa também que o incentivo a depender cada vez mais das importações e o desincentivo à produção nacional de bens é cada vez maior...

Fonte das imagens: © 2008 by Prof. Werner Antweiler, University of British Columbia, Vancouver BC, Canada. in http://fx.sauder.ubc.ca/

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Informação sobre os chamados "Fundos Soberanos"

Um Fundo Soberano (Sovereign Wealth Fund na sua designação corrente em inglês) é um fundo de natureza financeira cujo proprietário é o Estado de um país. O Fundo Petrolífero de Timor Leste é um exemplo de Fundo Soberano.
Na internet é possível encontrar informação sobre eles. Uma "porta de entrada" para o assunto pode ser a rubrica correspondente na conhecida Wikipedia. Este texto está em inglês e tem mais informações que a sua versão (reduzida) em português que pode ser consultada aqui.

Evolução recente do preço internacional do arroz

Como se pode verificar pelo gráfico acima, algo contrariamente às expectativas existentes no início deste ano o preço internacional do arroz tem vindo a baixar consistentemente, situando-se hoje a um preço (664 usd/ton) muito menor que o que chegou a ter no início do ano (mais de 1000 usd/ton).
Ainda assim o preço actual é cerca do dobro do que se verificava no final de 2007, antes de, por influência de vários factores (especulação com as commodities, más colheitas, restrição à exportação por alguns países e desvalorização do dólar), ter começado a subir, a subir, a subir...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Brincando aos empréstimos...

Do 'site' do Fundo do Kuwait (de facto o Kuwait Fund for Arab Economic Development) retivemos a informação sobre um empréstimo ao Uzbequistão.
Aí se diz que tal empréstimo foi concedido com as seguintes condições:

"The Loan will be for a period of 24 years including 4 years grace period, and will be amortized in 40 semi-annual installments, the first of which will be due on the first date on which any interest or other charge on the Loan shall fall due after the expiry of the above mentioned grace period.
The Loan bears an interest rate at 1.5% per annum, in addition to 0.5% per annum to cover administrative costs and other expenses incurred in the implementation of the Loan Agreement."

Traduzindo "por miúdos" e do inglês:

capital do empréstimo: 12,3 milhões USD; período: 24 anos com 4 de "período de graça", i.e., em que só se pagam juros e não se amortiza capital; pagamentos semestrais, com o capital a ser amortizado em 40 prestações semestrais iguais; taxa de juro: 1,5%/ano; taxa de administração (para suportar custos vários): 0,5%/ano sobre o capital em dívida.

Com base nestas condições fizemos (com uma ajuda providencial que se agradece...) uma "brincadeirinha com os números" para estudar os custos de um empréstimo em condições semelhantes a Timor Leste para financiamento de várias infraestruturas. O "ensaio" que fizemos foi, porém, para um valor muito mais elevado de capital: 200 milhões USD.

O resultado dos cálculos efectuados é que, depois dos primeiros 4 anos em que só se pagariam os juros e a taxa de administração, Timor Leste teria de passar a pagar cerca de 6,22 milhões USD por semestre durante os 20 anos seguintes. No total e ao longo dos 24 anos do empréstimo, Timor Leste pagaria cerca de 260 milhões de USD pelos 200 milhões recebidos agora (ex: 1 de Janeiro de 2009)

Note-se que a taxa de juro de 1,5%/ano era, na época, muito favorável pois as taxas de juro no mercado internacional eram bem mais elevadas. Neste momento as taxas estão mais baixas. Por exemplo, a taxa "meta" dos títulos do Tesouro americano eram no início do ano de 4,25% e em Julho de 2%. Agora é de 1,5% e já se fala na sua baixa para 1% (o que vai afectar negativamente, a curto/médio prazo, o rendimento do Fundo Petrolífero).

Evolução da taxa "meta" para o Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos nos últimos 5 anos

Esta tendência à queda das taxas de juro aconselha a que eventuais empréstimos, a serem contraídos, o sejam o mais tarde possível... A taxa de 1,5% a que foi contraído o empréstimo parece, hoje, ser relativamente elevada ou, pelo menos, ter um elemento concessional muito menor que o expectável. Uma taxa negociada agora deverá ser mais baixa.

PS - Oops! Já depois de publicada esta "entrada" tive conhecimento de que a taxa de juro nos EUA baixou mesmo para 1%, uma queda de 0,5 pontos percentuais em relação à anterior e que era de 1,5% em resultado de uma redução verificada já em Outubro. Más notícias para o Fundo Petrolífero. Com os rendimentos em juros a baixar, as "retiradas" de dinheiro para o Orçamento tenderão a ser (ainda mais) do capital/riqueza... Ora, não convém matar tão cedo a galinha dos ovos de ouro... Ainda por cima quando ela já "pôs" mais ovos do que actualmente...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"Que sera, sera" (whatever will be, will be...)


Lembram-se? Era uma das muitas músicas cantadas pela Doris Day.
Esta veio-me à memória quando li a notícia de que o Primeiro Ministro foi numa vista de dois dias ao Kuwait.
"Que sera" que ele foi lá fazer? "Whatever will be, will be" quando se virem as contas do financiamento do orçamento para 2009 numa época em que o petróleo está cada vez mais barato...
Será?
Cante mais uma vez, Doris!... "Que sera, sera, whatever will be, will be..."

Evolução da cotação do USD vs €uro

A imagem abaixo retrata a evolução da taxa de câmbio do dólar americano relativamente ao €uro. Por ele se pode ver que o USD começou a valorizar-se em Julho deste ano, quando bastavam apenas cerca de 0,63 euros para comprar um dólar. Agora há que pagar um pouco mais de 80 cêntimos do euro.
Trata-se de uma valorização significativa do USD que surge a par (e interligada) com a queda progressiva, iniciada na mesma época, do preço do petróleo expresso em dólares.

© 2008 by Prof. Werner Antweiler, University of British Columbia, Vancouver BC, Canada.
Time period shown in diagram: 28/Apr/2008 - 27/Oct/2008 / in http://fx.sauder.ubc.ca/plot.html

É a crise, estúpido!...

Toda a gente fala da crise, que a crise que nasceu como "apenas" financeira está já a converter-se em crise económica, que a crise vai durar 1 ou 2 anos ou, mesmo, mais (hoje alguém dizia que ela vai durar até 2011...).

Não sei --- ninguém sabe... --- quanto tempo ela vai durar ("ela" significa a crise económica, traduzida em abrandamento do ritmo do crescimento económico que, em alguns países, até pode ser negativo). Na verdade, ninguém sabe muito bem quanto tempo vai durar porque ninguém sabe exactamente o tamanho do "buraco" financeiro que os especuladores geraram na economia com a complacência de muitos governos e bancos centrais.

Na teoria económica quando se fala de crises é usual dizer que a sua duração pode ser representada por um "V", por um "U" ou por um "L", conforme a recuperação do ritmo de crescimento "usual" seja mais rápida ou mais lenta.
A imagem abaixo ilustra o que dizemos.
O curioso é que aquando da crise económica que afectou a Ásia Oriental em 1997-98 também toda a gente deitou as mãos à cabeça porque ela tinha vindo "para ficar" e os países da região levariam anos e anos a recuperarem os ritmos de crescimento anteriores. Afinal, a crise foi recuperada, na maior parte dos países, em pouco mais de um ano (crise em "V"). E olhem que ela foi bem mais "braba" que a actual: a Tailândia e a Malásia tiveram taxas negativas de crescimento de cerca de -8% entre 1997 e 1998 e a Indonésia bateu o recorde com -13%!...
Na ocasião também de verificou uma grande convulsão nos sistemas financeiros dos vários países que levaram à falência de alguns bancos e à fusão de outros. Tudo resultando, com a "ajuda" dos programas de estabilização conjuntural financiados/impostos pelo FMI, em fortes reduções do crédito à economia --- o que, reconhece hoje o próprio Fundo, produziu uma contracção económica mais forte do que o "necessário" para "endireitar" a economia real.

As medidas que têm vindo a ser tomadas nos países mais desenvolvidos têm vários pontos de contacto com as que então foram adoptadas na Ásia e beneficiam do facto de terem sido tomadas mais cedo do que naqueles países.

Tudo isto para chegar a que conclusão? À de que estou muito menos pessimista quanto à capacidade de recuperação das "economias reais" do que muitos observadores. Ingenuidade minha? Talvez. Mas a esperança tem que ser a última a morrer e fazem-me muita impressão os discursos dos profetas da catástrofe ao virar da esquina. É que pensamentos negativos atraem o mau olhado!... Virem essa boca p'ra lá!...

domingo, 26 de outubro de 2008

Levante-se o réu (ou melhor: um dos réus)!...

"Cometi um erro ao confiar que o livre mercado pode regular-se a si próprio sem a supervisão da administração".

Alan Greenspan, ex-presidente da Reserva Federal dos EUA, PÚBLICO, 24-10-2008

PS - outro réu? O Fundo Monetário Internacional, que teoricamente é (deveria ser...) o regulador do sistema financeiro internacional

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Brincadeirinha...

A propósito da crise financeira internacional corre por aí a seguinte mensagem:

"Just when u thought things couldnt get any worse!

Due to recent budget cuts and the cost of electricity, gas and
oil, as well as current market conditions and the continued
decline of the U.S. economy, The Light at the End of the Tunnel
has been turned off.

We apologize for the inconvenience!"

Tradução:
"Exactamente quando pensávamos que as coisas não podiam ficar pior:

Devido a cortes orçamentais e ao custo da electricidade, do gás e do petróleo, bem como devido às condições actuais do mercado e ao contínuo declínio da economia dos Estados Unidos, A Luz ao Fundo do Túnel foi desligada.
Pedimos desculpa pelo inconveniente!"

O que vale são estes bocadinhos...

"Faço minhas as palavras do orador precedente!"

Leitor deste blog fez o favor de comentar a entrada mais abaixo em que comentava a eventualidade de Timor Leste vir a "inaugurar" a sua dívida externa --- sim, aquela a que a conhecida imaginação dos brasileiros designa como "dívida eterna"... --- com empréstimos para financiar o OGE, previsivelmente para financiar investimentos em infraestruturas.

Depois de nos dar informações sobre algumas regras de funcionamento do Fundo do Kuwait, comenta a certa altura:

"Antes de iniciarem este processo, recomendaria gastar com qualidade dentro dos limites permitidos pelas regras do Fundo. Só quando estiverem perto desses limites, então formar funcionários e sim senhor, solicitar um empréstimo. Mas estando já plenamente consciente dos vários tipos de impacto."

Como se costuma dizer, "faço minhas as palavras do orador precedente".

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Parabéns, "Vô Serra"

Hoje, 24 de Outubro, vão-me desculpar uma nota pessoal: é que faz anos (78) o "Vô Serra", o decano dos portugueses residentes em Timor Leste. Chegado em 1965, nunca mais saíu! 43 anos de Timor! E em 1976-79 andou, tal como muita da restante população timorense, fugido nas montanhas entre a zona da Ribeira de Loes (onde então residia) e a zona de Maubara (onde agora reside, no suco de Vatuvou).
Parente afastado (ele e o meu avô nasceram nos arredores do Fundão), vim a "descobri-lo" por acaso através do conhecido livro da jornalista brasileira Rosely Forganes (as melhoras, Rosely!...) .
A partir daí a "voz do sangue" falou mais alto e hoje une-nos uma amizade forte e linda.
Parabéns, "Vô"!...

Financiar o OGE (também) com empréstimos?

Um comentador anónimo de uma das últimas entradas refere que adivinha que vem por aí um empréstimo (que seria o primeiro) contraído pela RDTL no quadro do financiamento do Orçamento de Estado para 2009. Essa operação, que se adicionaria à transferência a partir do Fundo Petrolífero --- agora com receitas menores --- poderia mesmo ser de elevado montante.

Confesso que não me chocaria nada se fosse essa a opção DESDE QUE --- o que não é difícil... --- se trate de empréstimos conceccionais. Recorde-se que estes --- cuja origem pode ser os bancos de desenvolvimento (Banco Mundial, Banco Asiático de Desenvolvimento) ou outras instituições similares como os fundos de desenvolvimento (Fundo do Kuwait, etc) --- costumam ser efectuados a taxas de juro muito baixas --- 0,5-1%, p.ex. ---, o que justifica que se preservem os recursos dos Fundo Petrolífero já que estes podem ter uma rendibilidade bem maior.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Taxa homóloga de inflação

Segundo dados recentes da Direcção Nacional de Estatística de Timor Leste a taxa de inflação homóloga (mês de um ano contra mesmo mês do ano anterior) foi de 12,4%, 12,3% e 12% ao ano nos passados meses de Julho, Agosto e Setembro. Esta evolução deve-se principalmente à descida das taxas de inflação dos cereais e dos combustíveis.
A evolução mais recente do preço internacional do petróleo e, mesmo, do arroz (com descidas maiores mo primeiro que no segundo) faz antever, contrariamente ao passado recente, que a taxa global de inflação possa, eventualmente, continuar a baixar lentamente. As nossas estimativas de há alguns (poucos) meses atrás de que ela poderia chegar aos cerca de 15% se as coisas decorreressem mal nos meses então à nossa frente parece não se confirmarem.
Veremos até onde irá a baixa nos três meses que faltam até ao fim do ano. Tradicionalmente, e devido ao início da época das chuvas, estes meses são propícios a uma certa escassez de alimentos e, mesmo, a uma subida dos preços.
A reconhecida pouca sensibilidade dos agentes económicos às situações que se lhes deparam pode, eventualmente, levar a uma menor taxa de inflação.




segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Ooooops!... Só mais uma coisinha!...

Em relação às últimas duas entradas. só falta chamar explicitamente a atenção para o facto de que a oscilação do preço do petróleo e as suas consequências sobre a instabilidade das receitas do Fundo Petrolífero e, consequentemente, do "rendimento sustentável" que financia a quase totalidade do Orçamento de Estado vem demonstrar à saciedade que NÃO se deve adoptar uma política orçamental, de gastos públicos, em que estes e a sua evolução no tempo estejam demasiado ligados à evolução de receitas que, pela sua natureza, são muito instáveis.
O "suprasumo" dos objectivos da política económica é conseguir um crescimento relativamente estável ao longo de períodos relativamente longos. Isto é incompatível com uma política que se baseie num simples olhar para a algibeira --- ainda por cima para ver não o que está nela mas sim o que se pensa que virá a estar... --- e tentar gastar o que lá está e, mesmo, o que não está e eventualmente virá a estar. Se estiver...
Há, pois, que encontrar um critério alternativo para definir a evolução dos gastos públicos que os ponha a coberto --- e à economia... --- das (excessivas) variações das receitas. Um dos critérios possíveis (mas não necessariamente o único nem em exclusivo) é o da capacidade de implementação EFICAZ de projectos pela Administração Pública e uma estimativa da sua taxa de crescimento.
Isto pode levar a, por exemplo, definir que "aconteça o que acontecer" do lado das receitas o OGE não deverá prever um aumento de despesas superior a, por exemplo, 10% ou 15% ou 20% em cada ano.
Conhecendo-se a grande dependência da evolução económica do país face às despesas do Estado a estabilidade do crescimento agradece...

domingo, 19 de outubro de 2008

Estou curioso...

É... Face à evolução do preço do petróleo que referimos na entrada abaixo, estou curioso por saber qual vai ser o valor global do orçamento para o próximo ano. É que, a continuarem as coisas como estão, as receitas do Fundo vão ser bem menores que as deste ano. Aliás e de acordo com as estimativas existentes, já o tenderiam a ser devido ao facto de se ter (entrou-se?) na fase de diminuição do volume de petróleo extraído de Bayu-Undan.
Conjugadas as duas coisas, as receitas em 2009 serão tendencialmente muito mais baixas que neste ano. E receitas mais baixas significam menor "rendimento sustentável" transferível para financiar o Orçamento de Estado...
Se se confirmarem alguns zuns-zuns que ouvi sobre o valor global do OGE isso pode significar que o Governo se prepara para retirar do Fundo uma verba que ultrapassará, em muito, o rendimento sustentável. Talvez mesmo por uma margem ainda maior que a deste ano. Afinal basta juntar 1+1... Receitas a cair + ano fiscal definido como o da "construção de infraestuturas" = ...
Veremos... Mas acho que vai haver surpresas. E muita tinta a correr...
Conselhos? Não é preciso ir à bruxa, pois não?!...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

E pur si muove... Para baixo, sempre mais para baixo!...

A frase "e pur si muove" foi, reza a tradição, a que foi dita por Galileu referindo-se ao movimento da Terra depois de o ter negado "por conveniência de serviço" perante a Inquisição, que parece que tinha outra opinião e meios muito "persuasivos" de convencer quem duvidasse...
Neste caso aplica-se ao preço de petróleo, que continua em baixa, consistentemente baixando, baixando...
Está neste momento nos cerca de 73 USD/barril, valor que tinha sido "avistado" pela última vez no Verão do ano passado e que é cerca de metade do preço máximo atingido no Verão deste ano (mais concretamente a 15 de Julho (há apenas 3 meses!), quando atingiu os 145,18 USD/barril.

Isto remete para especiais cuidados na gestão dos recursos do Fundo Petrolífero já que o tempo das "vacas gordas" parece, para já, ter terminado. Por isso, numa altura em que toda a gente está já a pensar no próximo Orçamento, é bom que se pense também na política de poupança/gastos a partir do Fundo. E talvez, mesmo, de "deixar cair" a ideia de retirar do Fundo, este ano, mais que o rendimento sustentável. Até porque a evolução posterior ao seu último cálculo veio dizer que se estava a contar com o ovo ainda no local de onde ele sai das "manu hina" ou, em português "adaptado" por um amigo meu, das "galas" (que são, como se sabe, as mulheres dos galos...
Isto é: afinal aquele rendimento sustentável não era lá muito sustentável, pois não?!...

Isto veio trazer ao de cima uma outra questão mais profunda: a de que está na altura de pensar numa outra forma de determinar o que se poderá retirar do Fundo Petrolífero. Se as estimativas quanto à evolução futura do preço do petróleo, as quais servem de base à determinação desse rendimento, são tão falíveis (para cima e para baixo...), porquê insistir em utilizá-las como ÚNICA base do cálculo?
Vamos puxar pela cabeça?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A competitividade externa de Timor Leste, 2008-09

O World Economic Forum publica anualmente um relatório sobre a competitividade externa dos países no quadro da economia Mundial (veja na imagem abaixo o endereço do relatório na net ou clique aqui).


Os quadros relativos a Timor Leste são os que seguem abaixo (clique para aumentar a imagem) e colocam o país em 129º lugar num total de 134 países. Leia as instruções para ler os quadros.



A quem possa interessar...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O Nobel de Economia e... Timor Leste

Não, não houve nenhuma declaração no passado --- muito "passado" ou pouco "passado"... --- de Paul Krugman sobre Timor Leste. Mas confesso que ao ler um artigo de jornal sobre a sua obra não pude deixar de pensar em algumas medidas que foram tomadas não há muito tempo pelo actual Governo.
Refiro-me, em particular, à decisão de baixar significativamente as tarifas alfandegárias a partir de 1 de Julho passado. É sabido, aliás e por declarações do próprio, que o actual PR desejava mesmo acabar com elas...

Atrevo-me a sugerir que o leitor dê uma olhadela no referido artigo aqui, da autoria de Kevin Gallagher, antes de continuar a ler a minha prosa. Atenção: está em inglês porque foi publicado hoje no jornal inglês The Guardian e não deu para traduzir.

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Já está? Então vejamos.

No essencial o autor salienta que Krugman desconfia da globalização tal como está a decorrer --- com (excessivo?) liberalismo nas trocas comeciais internacionais --- e afirma a necessidade de, particularmente os países em desenvolvimento, adoptarem uma atitude mais cautelosa através, nomeadamente, da adopção de uma "política estratégica de comércio [internacional]". Citando (mesmo em inglês):

"Among Krugman's achievements in the field of international trade is "strategic trade policy". In this work Krugman (and others) showed that tariffs and subsidies to domestic industries can divert profits away from highly concentrated foreign firms and increase a nation's income. "

E mais adiante:
"In another classic book, Development, Geography, and Economic Theory, Krugman argued that the government should also play a role in connecting beneficiaries of strategic trade policy to the overall economy. Evoking the work of economists such as Albert O Hirschman and Paul Rosenstein Rodan, Krugman argued that developing countries often needed a "big push" of coordinated government investments to help strategic industries get off the ground and to link the growth of such industry to the economy as a whole."

Isto é: Krugman, insuspeito de tendências socialistas e menos ainda "comunistas", reconhece que o mercado não é perfeito e que cabe ao Estado um papel de controlo que evite os seus desvarios e, mesmo, alguns dos seus efeitos negativos. De entre eles refira-se a dificuldade em criar uma indústria nacional sem algum tipo de protecção --- como no caso das "indústrias nascentes".

Significará que a atribuição do Prémio Nobel a um autor que defende estas ideias é o último prego no "caixão" de um certo liberalismo que a actual crise veio condenar? É possível que sim mas não é isso que me preocupa aqui.
O que me preocupa é que a já mencionada reforma aduaneira introduzida há meses atrás veio, como já referi noutras ocasiões, limitar a possibilidade de desenvolver uma indústria nacional em vez de, como pretendiam alguns dos seus mentores, a incentivar. "O que faz falta" é... "animar a malta" com uma política industrial e de comércio internacional que ajude ao desenvolvimento industrial --- sempre relativamente limitado, quase de certeza --- em vez de ajudar ao aumento da dependência das importações vindas dos vizinhos (uns mais próximos que outros).

Tá?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Nobel da Economia 2008: Paul Krugman

O prémio Nobel de Economia foi atribuído hoje ao economista americano Paul Krugman.
Um dos mais mediáticos e produtivos escritores em economia (mais de 20 livro escritos ou editados e mais de 200 papers de natureza científica, além de muitas e muitas contribuições espalhadas pelos jornais e pela internet), Krugman tem 55 anos e é professor na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Veja aqui a notícia no "Público" e aqui a da BBC. Veja também o seu blog no New York Times.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O preço do petróleo continua "despencando"!...

Pois é: basta ver o gráfico aqui ao lado (esquerdo) e abaixo sobre a evolução do preço do petróleo bruto para perceber que ele está a "despencar". Ainda há 3 meses estava "nas alturas" (mais de 140 USD/barril) e agora anda pelos cerca de 80 USD/barril.
Será que vai baixar ainda mais (um pouco)? Não me admirava por (pelo menos) duas razões fundamentais:

1 - sempre acreditei que uma parte importante do preço altíssimo a que ele esteve em meados deste ano era fruto de uma forte intervenção de especuladores no mercado do petróleo bruto. Ora, com a crise que por aí vai estes especuladores estão, aparentemente, com sérias dificuldades em reunir os volumes de dinheiro a que estavam habituados para utilizarem no mercado. E isto leva a que a componente "especulação" do preço se reduza significativamente, passando este a ser determinado fundamentalmente pelas verdadeiras forças de qualquer mercado: as da procura e da oferta;

2 - a crise financeira vai, inevitavelmente, traduzir-se em crise económica [um à parte muito a propósito: parece que foi ontem mas já foi há 11 anos, em 1997, que ouvimos o FMI, na sua reunião anual então realizada em Hong Kong, dizer que a crise que se tinha iniciado na Tailândia no início de Julho desse ano era apenas uma nuvem passageira num céu azul... Viu-se! Só a Indonésia viu o seu produto de 1998 baixar 13% em relação a 1997; a Tailândia teve uma diminuição de 8% no seu produto nacional]. E sendo assim, a procura mundial de petróleo vai baixar e uma procura mais reduzida com uma oferta mais ou menos constante --- até agora --- tem como resultado uma baixa do preço. Mas os produtores [OPEP] não dormem e qualquer dia estão a anunciar reduções da produção...

A verdadeira causa da crise (será mesmo? :-) )

Tal como todos, tenho ouvido muitos "expertos" falarem da actual crise financeira --- que vai ser também económica, sim! --- culpando, nomeadamente, a "desregularização" dos mercados e a sua "liberalização" como sendo uma das principais causas da dita cuja...
Ora, só se "desregulariza" o que está regulado e só se liberaliza o que está controlado. Os termos, quando a mim, não são os mais apropriados.
Na verdade parece-me que o que se passou foi mais ou menos semelhante ao que se passa na velha luta entre bandidos e polícias: aqueles parece estarem sempre um passo à frente destes, inventando "criativamente" métodos cada vez mais sofisticados para "gamarem" o que não lhes pertence e escaparem à prisão (porque é que me lembrei de um certo senhor, verdadeiro "olhos de águia", que anda por Londres no "bem bom"?)

No caso da banca ter-se-á passado algo de semelhante: os bancos comerciais e outros agentes financeiros foram progressivamente inventando novos métodos para fazerem mais dinheiro a partir do (quase) nada... Era como se os "papéis" (títulos) tivessem valor porque alguém se lembrava de dizer que tinham, sem grande necessidade de o demonstrar com valores reais.
Ora, a maior parte dos bancos centrais e entidades reguladoras dos sistemas financeiros não tiveram a "manha" (e a maioria também a vontade...) suficiente para irem acompanhando a "criatividade" do sistema bancário e manter sob controlo os mais "criativos", os tais que quase só se limitavam a dizer que os "papéis" eram óptimos... (A propósito disto vale a pena rir-se com este filme).

(Excessivamente) Obcecados com o que é usualmente apresentado como sendo o objectivo central de um banco central --- o controlo da taxa de inflação a níveis relativamente baixos ---, "deixaram andar" o sistema... Enquanto todos iam ganhando e não havia grandes distúrbios no seu funcionamento estava "tudo bem" e não se viam razões para intervir.
Mas no caso da famosa "D. Branca" (em Portugal) também foi assim: tudo estava bem enquanto havia dinheiro fresco a alimentar o "esquema". O "busilis" aconteceu quando alguém se lembrou de colocar o seu dinheiro a salvo e começaram os levantamentos a serem (muito) maiores que as novas entradas de dinheiro. E a "bolha" estourou! Agora é mais ou menos o mesmo...
Cada nota de banco foi "desdobrada" "criativamente" até à exaustão e quando se começou a deitar contas à vida verificou-se que não havia dinheiro suficiente para safistazer todos os compromissos que tinham sido "criativamente" assumidos em torno daquela notinha... Era quase tudo "papel", que não tinha verdadeiro suporte económico-financeiro.
E aí concluiu-se o que o já todos deveriam saber: que os lençóis não esticam... E que quando se puxa um lençol curto para tapar a cabeça descobrem-se os pés. E pés frios "dão" constipação... E depois gripe. E muita sorte temos se desta não se passar à pneumonia. Que pode ser fatal...

Conclusão: "cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém"! Mas parece que os bancos centrais não sabiam disso e deixaram os "bandidos" à solta, exercendo a sua "criatividade" "ao Deus dará"!...
Por tudo isto é que penso que uma lição fundamental a retirar desta crise é a de que os bancos centrais (os "polícias" do sistema financeiro) têm de estar um passo à frente dos "bandidos" e não um (ou três...) passos atrás como até agora. Isto implica, provavelmente, um melhor rebalanceamento entre aqueles que são os dois verdadeiros objectivos da sua actividade: assegurar um sistema financeiro (particularmente bancário) saudável e confiável e procurar assegurar o controlo da taxa de inflação.
Parece que já aprenderam (quase) tudo sobre este último objectivo; agora é altura de se aplicarem mais na prossecução do outro e que É TÃO IMPORTANTE QUANTO O PRIMEIRO.
E isto faz-se com, finalmente, regulação da actividade dos agentes financeiros de modo a proteger os "consumidores" que somos todos nós, seja na qualidade de depositantes seja na de investidores através dos bancos.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Tente ler este número...

É o da dívida actual dos Estados Unidos... Claro que uma boa parte dela está na mão dos chineses... Ai se o Mao fosse vivo!... :-)

Para não morrer de susto antes mesmo de conseguir ler o número coloquei a imagem pequenina, pequenina!...
Já está preparado mentalmente para o que vai ver? Eu avisei para ter cuidado com o coração!
Então clique na imagem para a aumentar e ler o número.
Note um aspecto interessante: a dívida americana aumenta diariamente um montante sensivelmente igual ao saldo actual do Fundo Petrolífero de Timor Leste.
Isto é: os timorenses financiaram um dia de vida (e de dívida) dos Estados Unidos! E esta, hem? Valeu!...


PS - conseguiu ler? Vá: eu ajudo! São dez triliões, duzentos e vinte e oito biliões, quinhentos e sessenta e três milhões, setecentos e vinte e um mil, quinhentos e trinta e quatro dólares e sessenta e um cêntimos... Ou, mais correctamente em português são: dez milhões de milhões, duzentos e vinte e oito milhares de milhão, quinhentos e sessenta e três milhões, setecentos e vinte e um mil e quinhentos e trinta e quatro dólares e sessenta e um centavos... Tá certo? :-)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Adivinhem quem está cheio de dinheiro...

... e qualquer dia vai às compras de bancos europeus e americanos que têm a corda na garganta e/ou são agora, pelo menos, parcialmente, propriedade dos Estados por os terem salvo da falência...

Já adivinharam? "O rei (americano) morreu; viva o rei (chinês)"!...

Último relatório do FMI sobre a situação económica mundial

O FMI publicou hoje a edição do Outono do seu World Economic Outlook para este ano. Veja-o aqui. Justa ou injustamente é a cartilha por que se regem muitos analistas da evolução da economia mundial. E parece que a coisa 'tá preta...
Pelo menos os governos estão fartos de despejar dinheiro no sistema e parece que o mercado não reage: as bolsas de valores não param de cair!... E o pior é que, como dizia um amigo meu experiente nestas coisas, "parece que não há mais munições no arsenal"... Isto é, os Governos já fizeram quase tudo o que podiam fazer.
Pelo sim, pelo não, acenda uma velinha!... A Maromak, a NªSrª de Fátima, a Sto. António de Manatuto... O que quiser! Mas acenda! Pode ser que ajude!

Bem dito, bem feito!...

Mal tinha eu falado da possibilidade de se vir a verificar uma descida da taxa de juro nos mercados internacionais, particularmente nos Estados Unidos, e ela aí está! A taxa de juro de referência, que estava nos 2%, baixou (nos EUA) meio ponto percentual --- o que significa que baixou 0,5%, de 2% para 1,5%. Isto, naturalmente, vai repercutir-se na taxa a que serão emitidos vovos Títulos do Tesouro americano, que passarão a pagar um juro mais baixo. O que, à medida que forem sendo comprados novos títulos, fará baixar o rendimento, em juros, do Fundo Petrolífero.
Note-se que, da maneira como se têm comportado as bolsas de valores --- acções de empresas; ver o gráfico abaixo a evolução nos últimos doze meses em vários países ---, os Títulos do Tesouro são, apesar de tudo, um bom e seguro investimento... Basta ver o que aconteceu a muitos dos Sovereign Wealth Funds que apostaram na compra de acções para perceber que nos últimos tempos têm passado maus bocados, com prejuízos por vezes importantes.


A baixa da taxa de juro americana foi acompanhada por quase todo o mundo, com descidas igualmente de 0,5 pontos percentuais: para 3,75% no caso do Banco Central Europeu e de 5% para 4,5% no do Banco de Inglaterra.

Fundo Petrolífero e evolução do preço do petróleo

Segundo notícias dos jornais, em reunião dos bancos centrais dos países de língua portuguesa da África e da Ásia (Timor Leste...) organizada pelo Banco de Portugal nas vésperas e para preparar a reunião do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial da próxima semana, a ABP estima que o capital do Fundo Petrolífero atinja os cerca de 4 mil milhões de dólares americanos no final do ano. Recorde-se que de acordo com as estatísticas monetárias do país no final de Agosto o saldo era de 3,5 mil milhões USD.
As principais condicionantes da evolução do saldo são duas: a dos preços do petróleo e do gás e as transferências do Fundo para o Governo de acordo com as autorizações parlamentares concedidas.
Numa entrada anterior já referimos que nos últimos tempos não tem havido transferências, nomeadamente para a constituição do chamado Fundo de Estabilização Económica (240 milhões USD).
Quanto à evolução do preço médio mensal do petróleo, foi a seguinte nos últimos meses: 125 usd/barril em Maio, 133,3 em Junho, 134,6 em Julho (a média mais alta), 117,2 em Agosto e 105,2 em Setembro passado. As cotações nos dias mais recentes têm ficado ligeiramente abaixo dos 90 USD.
Esta evolução não deixará de ter repercussões nas receitas do Fundo Petrolífero e é possível que a média mensal de acréscimo do capital que se verificou nos primeiros 8 meses (um 181 milhões USD/mês) venha a conhecer uma redução.
É esta, bem como a quase certa retirada de parte do capital para transferência para o Orçamento de Estado, que justifica a estimativa de o Fundo vir a ter um capital de cerca de 4 mil milhões (mais uns pózinhos?) no final do ano.

Uma última palavra para as principais consequências da actual crise financeira mundial no Fundo. A primeira decorre da já ilustrada queda (significativa...) do preço do petróleo no mercado internacional. A segunda é a que irá decorrer de uma mais que provável quedas das taxas de juro, nomeadamente dos títulos que constituem a carteira do Fundo Petrolífero (títulos do Tesouro americano). Esta queda, no entanto, só dentro de alguns meses começará a fazer-se sentir no Fundo, quando os actuais títulos, a taxas mais altas, começarem a ser amortizados e ser substituidos por títulos cuja taxa de juro é mais baixa. Mas isso são os ossos do ofício...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Evolução do preço internacional do arroz

A FAO, a organização das Nações Unidas para a agricultura e a alimentação, acaba de divulgar a última informação disponível sobre a evolução do preço internacional do arroz. Veja as imagens abaixo, sff.

Evolução do capital do Fundo Petrolífero

De acordo com as últimas Estatísticas Monetárias de Timor Leste, o capital do Fundo era, no fim de Agosto passado, de cerca de 3,5 mil milhões de USD.

Algumas curiosidades:
1 - tendo começado em Setembro de 2005 com cerca de 250 mil USD, o primeiro "bilião" (mil milhões de USD) foi alcançado em Dezembro de 2006 e o segundo em Novembro de 2007 (11 meses depois). A "entrada" no terceiro bilião deu-se em Junho passado (sete meses depois).
2 - enquanto que até Dezembro de 2006 a média mensal de acréscimo do capital foi de cerca de 53,5 milhões, durante o ano de 2007 foi de 90 milhões. Nos primeiros oito meses deste ano (2008) foi de... 181 milhões. O que dá a bonita quantia média de 6 milhões por dia, 250 mil USD/hora e um pouco mais de 4 mil/USD por minuto... Boa!...
3 - Veremos como se irá reflectir nas receitas do Fundo e no seu capital a instabilidade --- com forte descida --- do preço do petróleo no mercado internacional: depois dos mais de 140 USD/barril de Junho passado passou para os actuais cerca de 100... (89 usd/barril hoje)
4 - aparentemente não foi ainda solicitado pelo Governo nenhum dos 240 milhões USD solicitados para constituir o Fundo Estabilização Económica. Boa!...

domingo, 5 de outubro de 2008

Três importantes documentos...

... sobre a evolução dos preços internacionais do petróleo e dos alimentos, nomeadamente o arroz:

ADB Asian Development Outlook 2008 Update

BP Statistical Review of World Energy 2008

FAO Rice Market Monitor, July 2008

Os mais interessados devem dar uma olhada...

Previsão da evolução do preço do petróleo

Preços da gasolina e do diesel na Ásia

Fonte: ADB Asia Development Outlook 2008 Update

Evolução histórica dos preços das matérias primas

O World Economic Outlook publicado há poucos dias pelo FMI inclui, a páginas tantas, o gráfico abaixo sobre a evolução, numa perspectiva histórica, dos preços internacionais das matérias primas, nomeadamente das de natureza alimentar e o petróleo.


Quanto ao segundo, vê-se bem que estamos hoje em dia com preços reais semelhantes (até um pouco superiores) aos que se verificaram aquando do segundo choque petrolífero, no final dos anos '70, início dos anos '80 do século passado. Mais, dá para perceber que esta subida se verificou ao longo dos últimos 8-9 anos porque no final do século estavamos com preços que eram sensivelmente 1/6 do que são hoje!

Quanto aos produtos alimentares, o que de mais fundamental há a realçar é o facto de, tal como prediziam muitos especialistas desde há muitos anos, o seu preço real ter caído muito desde que, na época do primeiro choque petrolífero e um pouco "à boleia" dele, os preços atingiram um pico.
Melhorias significativas da produtividade agrícola (mas não só) foram responsáveis por uma evolução em que os preços conheceram uma grande degradação, que terá ultrapassado os níveis do "aceitável" --- nomeadamente em termos de comparação com os preços de outras matérias primas e dos produtos industriais e com os preços (normais?) da década de 60.
Assim sendo, a subida recente dos preços dos alimentos (e de outros produtos agrícolas) é entendida por alguns como uma reacção a essa diminuição histórica dos seus preços e, por isso, estes terão tendência a manter-se elevados face ao passado recente --- mas ainda baixos se vistos em contraste com o seu passado hitórico, nomeadamente o pré-1º choque petrolífero.
Preparemo-nos para a nova realidade... Sim, que o mundo já não é o que era...

sábado, 4 de outubro de 2008

"Fundos da Riqueza Nacional" (Sovereign Wealth Funds)

Uma das principais alterações verificadas nos últimos anos no panorama financeiro internacional foi a proliferação e aumento de importância relativa dos chamados Sovereign Wealth Funds (SWF), que poderemos traduzir por Fundos da Riqueza Nacional já que, à semelhança do que acontece com o Fundo Petrolífero de Timor Leste, acumulam recursos financeiros resultantes principalmente da exploração de recursos naturais não renováveis (caso do petróleo e outros recursos minerais). Alguns resultam apenas de uma política de gestão do acumular de saldos positivos excepcionais da balança de pagamentos do país, como é o caso da China.

O último relatório do Fundo Monetário Internacional sobre o World Economic Outlook (WEO) disponibiliza informações sobre o número e valores acumulados por este tipo de fundos financeiros bem como sobre a estrutura das suas aplicações (nomeadamente em termos das moedas em que elas são denominadas). No caso de Timor Leste, como se sabe, todos os recursos (que já ultrapassaram os 3 mil milhões de USD ou, à inglesa, 3 biliões de USD) estão, em resultado do determinado na Lei do Fundo Petrolífero mas também por opção do Governo, aplicados em títulos do Tesouro dos Estados Unidos --- o que significa que estão todos aplicados em USD apesar de a Lei permitir que um montante de até 10% possa ser aplicado noutras moedas.

Os dois gráficos abaixo (clique neles para os aumentar e tornar legíveis) dão o essencial da informação que consta daquele WEO sobre os SWFs.
Como se pode verificar, nos anos decorridos desde o início da presente década o número de Fundos aumentou significativamente. Graças, principalmente, ao grande aumento dos preços do petróleo (a principal fonte de redimentos dos vários Fundos), o valor total por eles gerido cresceu também muito, situando-se hoje em dia em cerca de 800 mil milhões de USD --- dos quais 3 são do FP...

Vale também a pena salientar a composição, em moedas, da riqueza dos Fundos . Repare-se, por exemplo, que o Fundo de Pensões da Noruega tem cerca de 1/3 do seu valor aplicado em USD, outro terço em Euros e o 1/3 restante em outras moedas, nomeadamente em libras (inglesas) e em ienes (japoneses). Esta estrutura prende-se com opções da gestão do Fundo a que não é alheia a estrutura do comércio externo do país.
Na "pizza" de baixo está ilustrado o que poderá considerar-se como uma estrutura típica das aplicações de vários fundos: mais de um terço aplicados em USD, montantes aproximadamente iguais aplicados em Euros e Libras e depois em Ienes e noutras moedas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Já provou o café mais caro do mundo? Quer provar? Mesmo depois de ler isto?!... :-)

Esta é apenas uma curiosidade para amenizar a conversa "séria" habitual: há um tipo de café que é considerado o mais caro do mundo e que é produzido principalmente na Indonésia.
Hoje vi-o numa montra da "Baixa" de Lisboa ao preço de... 600 euros/Kg (sim! não há nenhum zero a mais nem a menos... 120 'contos' antigos; cerca de mil USD/kg).

É considerado o único "café animal" do Mundo... Ora então veja aqui do que falo...

O Banco Asiático de Desenvolvimento e a economia asiática

O BAD publicou recentemente (Setembro passado) o Update do seu exame anual à economia da Ásia-Pacífico. É un documento que vale sempre a pena consultar e por isso deixamos aqui o link para o texto onde ele realça os aspectos principais da evolução recente da economia asiática.
Pelo sim, pelo não, permitimo-nos deixar aqui a transcrição (em inglês...) de alguns parágrafos que podem ser mais importantes para Timor Leste. No InfoTimorlinks para informações sobre Timor Leste

Sobre o petróleo e seu preço:
"While oil prices have come down from their peaks of $147 per barrel in July 2008, they will stay high in the long run. Inflationadjusted oil prices will remain well above $100 per barrel until about 2020, according to research commissioned by the Asian Development Bank.
The price runup in oil has been driven mostly by the fundamentals of demand and supply. Surging global demand and the inability of global supply to keep pace have relentlessly generated upward price pressures.

In the future, global oil prices will continue to be determined by fundamentals. Global demand growth will be increasingly driven by demand from developing Asia and the Middle East. The growing appetite for transportation fuel will be of particular importance. On the supply side, the near-term peaking of output from oil producers who are not members of the Organization of the Petroleum Exporting Countries (OPEC), and constraints on the expansion of OPEC’s output capacity in the medium term, will put severe strains on meeting incremental global oil demand."

Sobre o arroz e seu preço:
"The price of rice—the basic food staple for billions of Asians— has fallen from peak levels reached earlier this year yet remains more that twice as high as it was at the start of 2008. The surge in prices of rice and other staple foods reverses a decades-long decline in real prices.
The causes of this runup are complex, but have four fundamental drivers.
First, rapid economic growth in emerging economies, particularly the People’s Republic of China and India, has put
upward pressure on prices of a range of commodities, including food. Demand has simply outpaced supply.
Second, a sustained decline in the dollar since 2004 has added to upward price
pressure on dollar-denominated commodities—particularly on crude oil—and this has fueled a search for hedges against a weak dollar.
Third, the combination of high oil prices and legislative
mandates to raise production of biofuel substitutes for gasoline and diesel fuel has established a price link between feedstocks, such as corn and vegetable oils, and fuel prices.
Fourth, to some
degree at least, financial speculation arising from low interest rates has motivated commodity price changes."

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O zero à esquerda

Toda a gente anda preocupadíssima com a crise financeira dos Estados Unidos devido aos efeitos de contágio que ela poderá ter quer para os sistemas financeiros de outros países --- principalmente da Europa e do Japão --- quer pelos efeitos que, mais tarde ou mais cedo, ela não deixará de ter sobre a chamada "economia real", i.e., o emprego, a produção e o consumo das populações de quase todo o mundo, ainda que com intensidades diferentes.
Ora, o que tenho achado curioso é que a instituição internacional que foi criada para vigiar o sistema financeiro internacional, o FMI, tem estado quase calado --- ou, pelo menos, ninguém dá importância ao que ele diz ou deixa de dizer. É o autêntico "zero à esquerda"! Não aquece nem arrefece...

Curioso é também o facto de este acaba por ser mais um "prego no caixão" de uma instituição que tem feito tudo para se descredibilizar a ela própria ao longo dos anos, principalmente dos últimos dez verdadeiros "anos horribilis" para ela.
Depois de ter atingido o pico da sua importância na década de 80 do século passado, quando foi necessário "apagar fogos" nos países que se tinham deixado enredar na armadilha da excessiva dívida externa, as coisas começaram a correr mal com a crise asiática de 1997-98.
A primeira "machadada" foi dada pelo "impertinente" Mahatir Mohamad, primeiro ministro da Malásia, ao recusar aplicar um programa de estabilização sugerido pelo Fundo e... "ousar" ter sucesso, com muitos menos custos sociais do que os que tiveram de suportar países como a Indonésia, que aplicaram o "pacote do Fundo" de políticas económicas. Mais tarde o próprio FMI veio a reconhecer que a sua gestão daquela crise tinha sido errada.
Depois foi a chamada "crise argentina", desencadeada por um Ministro das Finanças do país ("o cavalo do Cavallo") que, ex-colaborador do Fundo, resolveu "ser mais papista que o papa" e arrastou o seu país para uma situação de profunda crise de que entretanto está a sair --- em boa parte por estar a aplicar políticas bem diferentes das sugeridas pelo Fundo...
Depois foi a queda significativa dos rendimentos da própria instituição em resultado da queda dos empréstimos que concede --- em parte porque não são necessários, em parte porque países como a China e a Venezuela estão a "dar cabo do negócio" ao emprestarem aos países necessitados com condições muito melhores que as impostas pelo Fundo nos empréstimos que concede.
Finalmente, esta crise que, tal como a de 1997, não foi verdadeiramente antevista pelo FMI e perante a qual ninguém se preocupa em saber o que ele pensa ou não. Por isso anda por aí muita gente a perguntar "e não se pode exterminá-lo"?
Há dias em que não se pode sair de casa...