quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Do fundo do baú: lançamento oficial das moedas de Timor Leste

Revolvendo o baú de fotografias, dei com umas quantas relativas à cerimónia de lançamento oficial das moedas de Timor Leste ocorrida a 28 de Novembro de 2003.
Elas tinham entrado em circulação no dia 10 anterior, sendo o primeiro "cliente" a recebe-las o actual Director Geral da Autoridade Bancária e de Pagamentos de Timor Leste, Abraão de Vasconselos.
A cerimónia, ocorrida no dia da comemoração da independência de Timor Leste, decorreu na então "Uma Fukun", o espaço cultural que foi antigamente (administração portuguesa) a "intendência" e que é agora a "Casa Europa", sede da representsação da União Europeia em Dili bem como das embaixadas da Espanha e de França no país.

A ela estiveram presentes as principais autoridades do país naquela épofca, tendo usado da palavra, nomeadamente, os então Presidente da República, Xanana Gusmão, e Primeiro-Ministro, Mari Alkatiri.


Toca a trabalhar: na preparação da exposição, a cargo de vários funcionários da ABP, até o então Director Geral da mesma, Luís Quintaneiro, deu uma mãozinha.
O então Presidente da República com uma visita ilustre: o saudoso sr. Manuel Carrascalão. Nunca tendo sido seu íntimo, habituei-me a rever nele, por causa das barbas, D. João de Castro, o Vice-Rei da Índia portuguesa que se dispôs a empenhar as barbas para financiar a reconstrução da fortaleza de Diu (ver a biografia dele aqui).
Beiro "Areia Branca", reproduzido numa das faces das moedas de 25 centavos
Antes da cerimónia: o então Director Geral da ABP, Luís Quintaneiro, à conversa com o Presidente da República e com o Primeiro Ministro de então
O então Primeiro Ministro da RDTL, Mari Alkatiri, discursando na cerimónia.
Ao fundo funcionários da ABP, incluindo os então Director (à esquerda) e Vice Director Geral (à direita)
O então Presidente da República no uso da palavra
O antigo Director-Geral da ABP com o antigo Presidente do Parlamento

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Dinheiro da assistência internacional e do Petróleo para Timor Leste

A ONG La'o Hamutuk acaba de publicar mais um dos seus sempre importantes boletins informativos. Um dos temas abordados é o dos recursos financeiros de que Timor Leste beneficou desde 1999 com origem na ajuda internacional e na exploração do petróleo no Mar de Timor. Aconselhamos vivamente a sua leitura.
Entretanto aqui ficam, com a devida vénia, os dois quadros resumo que o boletim inclui.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Taxa de inflação em Dili

A Direcção Nacional de Estatísticas (DNE) publica mensalmente informação sobre o Índice de Preços no Consumidor (IPC) e a taxa de inflação que dele resulta.

No quadro abaixo estão os últimos números disponíveis, que apontam para que se tenha verificado em 2009 uma taxa de inflação (Dezembro de 2008 até Dezembro de 2009; taxa homóloga) de 1,8%, uma baixa significativa face aos valores de 2007 (8,6%) e de 2008 (7,5%), ainda segundo os dados da DNE. A estimativa do FMI (relatório de Julho de 2009) era de que ela seria, em 2009, de 2,3%.




Recordamos que o IPC tem como base um inquérito às despesas familiares e aos preços realizado em Dezembro de 2001 --- há cerca de 8 anos.
Dadas as transformações significativas vividas pelo país desde então, é provável que a estrutura do consumo em que se baseiam os cálculos do Índice (e que aparece no quadro) esteja algo desactualizada, levando a que se verifique alguma diferença entre a taxa de inflação real na economia (de Dili) e a que é medida pelo IPC. Admite-se que esta última esteja algo (quanto?) subavaliada.
Recorde-se igualmente que a DNE publica também dados para o IPC e a taxa de inflação nacionais. Os valores desta são normalmente um pouco inferiores à taxa de Dili. A metodologia seguida para o seu cálculo suscita, porém, algumas dúvidas sobre a dimensão verdadeiramente "nacional" da taxa calculada já que se baseia em preços recolhidos trimestralmente em apenas mais três cidades do país (Baucau, Maliana e Maubisse).

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Últimas previsões do FMI...

... sobre a próxima evolução da economia mundial. Ver aqui.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Relatório trimestral de Dezembro do Fundo Petrolífero

O banco central de Timor Leste, a Autoridade Bancária e de Pagamentos, publicou hoje no seu 'sítio' na internet o relatório de gestão do Fundo Petrolífero relativo ao quarto e último trimestre de 2009. Dele consta a situação patrimonial em 31 de Dezembro e a evolução verificada nas contas do Fundo entre 1 de Outubro e o fim do ano passado.
Refere-se, nomeadamente, que o capital do Fundo passou de 5301,57 milhões de dólares (que alguns designariam por 5,3 biliões de dólares) para 5376,63 mil milhões.



Esta verba, que significa um aumento de apenas 75 milhões de USD durante o trimestre, é o resultado de uma entrada bruta de receitas (impostos e direitos de exploração petrolífera) de quase 400 milhões de USD e de uma saída de dinheiro para financiamento do Orçamento Geral do Estado de 312 milhões (ver quadro abaixo) ao longo dos 3 meses. A verba global retirada ao longo do ano foi de 512 milhões de USD, praticamente mais 100 milhões do que o "rendimento sustentável" calculado para 2009. Foi a primeira vez que este limite foi ultrapassado (+25%).


No quadro abaixo podem-se comparar as informações financeiras de 31 de Dezembro passado com as do final do trimestre anterior e do fim de 2008.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Boletim mensal de Dezembro do Fundo Petrolífero

Desde meados do ano passado que a Autoridade Bancária e de Pagamentos de Timor Leste tem vondo a publicar relatórios mensais sobre a gestão do mesmo. Até então havia apenas os relatórios trimestrais e os anuais.

O relatório referido a 31 de Dezembro passado está disponível, tal como os demais relatórios, neste link


Por ele se pode verificar que entre o fim de Novembro e o fim de Dezembro passados o Fundo viu o seu capital baixar de 5.464,4 milhões de dólares para 5.376,6 milhões. Isto ficou a dever-se principalmente à combinação de dois factores: uma perda de valor dos títulos que constituem o Fundo Petrolífero devido à queda das bolsas internacionais, por um lado, e e à transferência para o Orçamento Geral do Estado de um pouco mais de 150 mil dólares.

Verificou-se, pois, uma queda do valor do Fundo durante o mês de Dezembro de 2009.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Não resisti à tentação de ir ao fim do livro ver quem era o assassino... :-)

Pois é... Não resisti e, depois de ler as partes principais do texto (aconselho uma leitura cuidada das partes IV e V mas reconheço que não é para principiantes...), fui ao fim do texto ver quais as suas conclusões principais. Aqui vão elas no texto original, em inglês, seguidas da tradução (minha) para português.

"Microstates that gain independence will have an array of exchange rate choices to choose from, though they are likely to be constrained by structural features and their own history.
The cost-benefit analysis of which form of hard peg to choose varies from one microstate to another, but limited human, institutional and financial capabilities as well as a small population will tilt the choice towards the hardest form of exchange rate, namely full dollarization. Fully outsourcing ones exchange rate policy is advisable in such a case.
The benefit of moving to less hard pegs rises as a country is larger, institutionally more developed and growing rapidly. It should be noted that we have not looked at the impact of different exchange rate arrangements on the economic performance of microstates—an altogether different subject.
"

Tradução:
"Os microestados que alcançam a independência têm à sua disposição um leque alargado de escolhas disponíveis quanto ao regime de taxa de câmbio que terão de escolher; sabe-se, no entanto, que estão limitados na sua liberdade de escolha por um conjunto de características estruturais e pela sua própria História.
A análise custo-benefício sobre que forma de regime cambial hard peg escolher varia de país para país mas as limitadas capacidades em recursos humanos [qualificados], instituições e financeiras bem como a dimensão da população tenderão a apontar no sentido do regime cambial mais “duro”, nomeadamente a completa dolarização. Fazer o outsourcing completo da política cambial do país parece ser, nestes casos, o mais aconselhável.
O benefício de mudar para formas menos rígidas de hard peg aumenta para o caso de países maiores, institucionalmente mais desenvolvidos e que crescem rapidamente.
Note-se que não olhámos para o impacto dos diferentes regimes cambiais no ritmo de crescimento económico dos microestados --- o que é um assunto completamente diferente
."

O que fica acima precisa de uns quantos esclarecimentos para não especialistas. Vejamos alguns:

a) a introdução de uma moeda nacional tem uma faceta estritamente (?) monetária e outra cambial, que se refere à necessidade de fixar a taxa de câmbio e, principalmente, o seu regime de administração/gestão (o regime cambial). São quase duas faces da mesma moeda. O texto refere-se essencialmente aos aspectos mais "cambiais" e de escolha do regime cambial para a gestão da moeda;

b) há basiacamente dois grandes grupos de regimes cambiais: (i) os mais "duros", mais rígidos, em que a possibilidade de as autoridades cambiais do país (o banco central...) influenciarem alterações da taxa de câmbio é muito limitada --- os regimes de "hard peg"; e os (ii) regimes menos rígidos, em que o banco central pouco intervem no mercado cambial e a taxa de câmbio flutua com alguma frequência --- daí serem regimes "flexíveis", com taxas mais "flutantes" (floating rates);

c) o texto põe de parte quase que à partida a adopção de regimes "flexíveis" pelos microestados (estados com menos de 2 milhões de habitantes, como Timor Leste e Cabo Verde, por exemplo) , restringindo a opção que estará efectivamente disponível a estes países a diferentes formas de "hard pegs", "taxas rígidas" (na verdade umas mais rígidas do que outras...). Estas são:
.. (i) a dolarização (um país usa a moeda de outro, como Timor Leste);
.. (ii) o "currency board" (os países mantêm uma taxa fixa face a uma determinada moeda a que estão "associados" --- p.ex., o dólar americano vale, há mais de 20 anos, cerca de 7,8 dólares de Hong Kong por decisão do banco central deste --- e obrigam-se a ter como reservas um valor desta igual à massa monetária do próprio país); e
..(iii) taxas fixas (para simplificar, quase iguais à anterior mas sem a obrigação quanto às reservas);

d) em qualquer dos casos de hard peg (ligação, a uma taxa rígida, a outra(s) moeda(s)), os únicos que, segundo o estudo, verdadeiramente interessam aos países pequenos, estes ficam quase sem política cambial e, devido às articulações entre esta e a política monetária, também, na prática, sem política monetária indepedente. O que não é necessariamente mau; antes pelo contrário...

Mas... leiam e pensem sobre oassunto.

Sugestão de leitura

Mesmo sem o ter lido ainda, não é difícil adivinhar o interesse de um Working Paper publicado recentemente pelo FMI que tem como título Exchange rate choices of microstates, sendo, para o efeito, estes definidos como os estados com menos de 2 milhões de habitantes.

Dada a importância do tema aqui fica a sugestão de leitura:
http://www.imf.org/external/pubs/cat/longres.cfm?sk=23527.0