sábado, 28 de fevereiro de 2009

Análise da FAO sobre o mercado internacional do arroz

Ainda do Rice Market Monitor, da FAO, que temos vindo a citar:

"Embora em queda, os preços mundiais do arroz continuam a exceder o seu nível de há um ano atrás principalmente por causa dos vários programas de apoio aos agricultores nacionais que estão a ser implementados na China Continental, na Tailândia, Paquistão e Vietname, todos eles dirigidos ao apoio aos preços aos produtores nacionais e aos preços de exportação. Ao mesmo tempo, a continuação de restrições às exportações na Índia e no Egipto têm contribuído também para impedir quedas maiores nos preços.
Estas políticas são parte importante da explicação para o facto de os preços internacionais do arroz não descerem mais comparativamente com o que se passa com os preços de outros cereais no mercado internacional, particularmente o trigo, o qual regressou praticamente aos níveis de preços prevalecentes antes das subidas verificadas a partir de 2007.


Apesar do referido acima, é questionável se os preços mundiais do arroz vão estabilizar a níveis próximos dos actuais. Considerando as perspectivas actuais quanto à oferta e à procura mundiais, o mais provável é que o mercado venha a encontrar o seu equilíbrio a níveis mais baixos de preços.
No entanto, considerando o aumento dos custos de produção e os níveis relativamente elevados de preços oferecidos pelos programas nacionais de incentivo à produção, preços internacionais muito inferiores a 400 USD/ton para as qualidades melhores resultariam em perdas significativas quer para os produtores quer para o sector público dos países exportadores ao mesmo tempo que poriam em dificuldade a prossecução das políticas de auto-suficiência implementadas por vários países importadores.
É neste contexto que o governo da Tailândia está a intensificar os esforços para reforçar a cooperação com outros países exportadores de modo a evitar a queda excessiva dos preços e propôs manter no seu país um nível adequado de stocks como parte da reserva de segurança alimentar da ASEAN.

Assim, depois de um 2008 difícil caracterizado pela subida significativa dos preços do arroz e de outros produtos primários — incluindo o petróleo e os fertilizantes — os governos estão, em 2009, a fazer face a circunstâncias diferentes mas talvez ainda mais exigentes que no passado. Se no ano passado tiveram de intervir em duas frentes de combate — estimular a produção interna mas manter os preços ao consumidor em níveis acessíveis aos consumidores —, este ano, no contexto da crise mundial, poderão agora ter de fazer face a maiores desafios no contexto da crise económica mundial.
De facto, embora a melhoria das condições do mercado de arroz [aumento da oferta] empurre os preços para baixo (o que é bom para os consumidores), a verdade é que o seu acesso ao arroz pode não aumentar devido à redução do rendimento e à crescente insegurança quanto ao emprego. Neste contexto, os governos poderão ter de vir a tomar novas medidas, desta vez para sustentar o preço nos produtores ao mesmo tempo que protegem o poder de compra das populações numa altura em os pedidos de ajuda provenientes de outros sectores estão a aumentar rapidamente."

Sem comentários: