A Autoridade Bancária e de Pagamentos de Timor-Leste (ABP) disponibiliza mensalmente as estatísticas monetárias do país. Delas consta a evolução mensal de vários dos agregados monetários mais comuns.
No gráfico abaixo representa-se a evolução de quatro desses agregados: as "disponibilidades líquidas sobre o exterior" (grosso modo os recursos financeiros de entidades com sede em Timor Leste depositados no estrangeiro), as "disponibilidade líquidas do Governo central" no sistema bancário do país --- principalmente no banco central, a própria ABP ---, os depósitos de particulares nos bancos comerciais e o volume de crédito ao sector privado concedido pela banca comercial (o Estado timorense não tem dívida pública interna ou externa).
Como se pode verificar as curvas representadas "casam" duas a duas.
A das disponibilidades líquidas sobre o exterior tem um comportamento ascendente a partir de meados do ano e, durante todo o ano, paralelo ao das disponibilidades líquidas do Governo Central. Isto porque elas correspondem essencialmente a depósitos da ABP no estrangeiro para garantir alguma rentabilidade dos recursos que o Governo tem nela depositados.
Uma alternativa (parcial) seria depositar parte destes recursos na banca comercial do país mas isso iria "encharcá-la" (ainda mais) de dinheiro. Como estes têm, eles próprios, acesso a depósitos do sector privado muito maiores do que os necessários ao financiamento dos empréstimos que concedem tenderiam usar esse excesso de liquidez para o depositarem no exterior.
O comportamento ao longo do tempo dos empréstimos também está representado no gráfico, sendo notória a grande estabilidade que eles conheceram no seu montante global.
Tal estabilidade, num país em desenvolvimento, não é bom sinal e traduz, aparentemente, uma atitude de "wait and see" por parte dos investidores e/ou uma atitude mais prudente por parte da banca na concessão de empréstimos --- não esquecer que os bancos que normalmente concedem crédito atravessaram um período difícil em 2006 e 2007 e estarão a tentar recompor-se dos níveis elevados de crédito mal-parado que têm nos seus activos.
Finalmente, saliente-se, no gráfico acima, que o segundo trimestre foi um período de elevado crescimento dos depósitos. É provável que o facto de estes terem sido meses de pagamento de muitas das indemnizações a vários grupos sociais do país tenha algo a ver com esta evolução.
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