Com o título "2008: O ANO DO ESCANGALHAMENTO DAS INSTITUIÇÕES DO ESTADO [1] foi divulgado há dias um texto da autoria do antigo Primeiro-Ministro Mari Alkatiri reunindo um conjunto de críticas às políticas que têm vindo a ser implementadas em diversos domínios pelo actual Governo.
Trata-se de uma peça de luta política e, como tal, entendo que, por princípio, não a devia comentar aqui. Além disso, como se anunciava como sendo um primeiro texto de um conjunto (de quantos?) não faria sentido estar a analisar a "parte" sem ter conhecimento do "todo".
Fico, por isso, à espera de mais.
Porém, deixo aqui apenas uma nota: sendo minha preocupação central a análise e a "tradução por miúdos" de medidas concretas de política económica , tenho tido sempre alguma preocupação em deixar igualmente sugestões do que poderiam ser alternativas concretas de política económica --- também elas susceptíveis de análise crítica, evidentemente --- baseadas naquilo que creio serem "são princípios de Economia e de Política Económica".
Ora, no texto de Mari Alkatiri há mais crítica do que sugestão de alternativas e por isso qualquer análise que se possa fazer do texto não poderá ter o mesmo "registo" que o que se tem feito até agora. Essa é uma das razões porque não comentei o texto referido no que de mais "económico" ele tem.
Sei que não é prática corrente em quase nenhum país do mundo que os partidos de oposição façam sugestões concretas, antes ficando-se muitas vezes pelo simples "bota abaixo" que só serve, muitas vezes, para confirmar o velho dito de que "não mata mas desmoraliza muito". As oposições em Portugal, por exemplo, são exímias nisto: só dizem mal mas não se lhes ouve uma só proposta concreta, o que contribui em boa parte para um certo ambiente de descrença que se vive entre nós. Parece só conhecerem o "pensamento negativo", não ajudando em nada a levantar a moral das hostes...
Era bom que em relação a determinados problemas concretos as oposições, em Timor ou noutro país qualquer, fossem mais "directas ao assunto" e dissessem que criticam esta medida ou aquela por "isto" e/ou por "aquilo" e que se fossem elas fariam "assim" ou "assado"...
Veremos se assim é nos próximos escritos de Mari Alkatiri. Nessa altura voltaremos ao assunto.
2 comentários:
Professor Serra!
Se ele tivesse sugestoes, ideias e implementado essas boas politicas
quando era primeiro ministro, nao estaria na presente situacao.Nao acha?.
O cao ladra e a caravana passa.
Em economia e em política económica discutem-se aplicações alternativas de recursos sensivelmente semelhantes e não o que uns podem fazer com 70 e outros com 700.
Fazê-lo é o mesmo que comparar o que pode fazer o motorista do ministro com o salário que ganha com o que pode fazer o ministro com o seu próprio salário.
Por isso o que interessa é saber o que um outro governo faria agora e não o que (não) fez antes, quando os recursos eram uma pequena parte dos que estão hoje disponíveis.
O que interessa é, por exemplo, saber se com um determinado orçamento global qual a percentagem que cada decisor decide gastar, por exemplo, em transferências para privados e, muito mais importante, COMO as vai fazer e qual a CALENDARIZAÇÃO para as efectuar. E, claro, quais os critérios subjacentes a cada opção. É necessário, pois, saber não apenas o QUÊ e o COMO mas também o PORQUÊ.
Não comparemos alhos com bugalhos.
A. Serra
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