Navegando na net, não resisti à tentação de "roubar" a foto abaixo reproduzida no 'blog' "The Dili insider" (sorry! Thkx...).
Trata-se de foto tirada no passado dia 14 de Dezembro no porto de Dili. Tantos barcos à espera de vez para desembarcarem! Até fazem lembrar as fotos do desembarque na Normandia, na Segunda Grande Guerra... :-) Rs rs rs rs!...
É o que poderia chamar a foto oficial da dutch disease que parece (parece?!...) estar a atingir o país !...
Mas afinal o que é a "doença holandesa"?
Há alguns anos atrás a Holanda começou a exportar gás natural. O conhecimento de que existia essa riqueza e os rendimentos por ela proporcionada levaram a que a moeda holandesa, então o florim, começasse a valorizar-se. Ficou-se, portanto, perante uma combinação "explosiva" de um país com rendimentos altos e com uma moeda "cara".
Esta, por sua vez, fez com que os outros sectores de produção e de exportação passassem agora a ter dificuldades já que as exportações diminuíram significativamente por, entretanto, se terem tornado bem mais caras que anteriormente. Os rendimentos do petróleo portaram-se como os eucaliptos: "secaram" (quase) tudo à sua volta, tornando a economia, devido à queda das exportações e, consequentemente, da produção de outros produtos, muito dependente do sector petrolífero (ou, melhor, de exploração do gás natural).
Por outro lado, a disponibilidade de recursos financeiros alargados e de uma moeda agora mais forte tornou as importações mais fáceis (baratas) que até então.
Resultado: grande facilidade para fazer importações e significativa dificuldade em exportar (e produzir) outros produtos que não os do sector petrolífero.
É a esta combinação de facilidade de importar e dificuldade de exportar, levando a uma redução importante das exportações e da produção nacionais, que se chama dutch disease --- que tende a reflectir-se negativamente na Balança de Pagamentos não-petrolíferos.
A (quase) única diferença entre esta situação e a do Timor Leste actual é que este não tem exportações e produção para "contrair"... Do binómio fica apenas a facilidade de importar --- já que as exportações são quase irrelevantes no conjunto do comércio externo do país. O que é ainda mais grave.
Por isso se está a assistir ao "disparar" das importações ilustrado em gráficos numa das 'entradas' anteriores.
Por isso o panorama de vários navios ao largo esperando ocasião para descarregarem o que lhes vai (vem...) nas entranhas é uma verdadeira foto da dutch disease.
Situação semelhante e pelas mesmas razões se verifica em Angola, onde segundo relatos não confirmados não é difícil que alguns navios fiquem aguardando o momento da descarga mais de um mês. Idem em relação à Nigéria de há muitos anos atrás, quando importou "carradas" de cimento para fazer portos esquecendo-se que não tinha ainda os portos para o descarregar. Resultado: houve navios que chegaram a estar cerca de um ano fundeados à espera de descarregarem o cimento.
Num momento em que o Governo de Timor Leste se prepara para lançar um programa que se diz ambicioso de obras públicas, é bom não esquecer esta situação e aquela fotografia... Porque, no limite, será ele a pagar os custos das dificuldades no porto de Dili. Cuidado com o "mais olhos que barriga"...
1 comentário:
Professor Serra,
Pelo facto de a exportação não ter signficado no balanço de pagamentos de Timor-Leste, que tal se chamassemos a isso ''Dutch Plus Disease'', já que o Fundo de Petrolio ficou com o alcunha de Norwegia Plus.
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