Da apresentação oficial --- em inglês... --- do relatório sobre a pobreza respigamos dois 'slides' com comentário ao subsídio ao arroz:
Tradução do comentário: "os que vivem melhor são os que mais poderão beneficiar do subsídio ao arroz". E não foi nenhum "génio" nem "Einstein" que o disse: foi o Banco Mundial...
Alguns esclarecimentos complementares aos gráficos.
O "decile" é o "decil" em português e significa cada um dos grupos de 10% do rendimento (ou do consumo) desde os 10% mais pobres aos 10% mais ricos. Se fossem (cinco) grupos de 20% seriam "quintis". Quatro grupos de 25% seriam... quartis.
Estes --- e nomeadamente a proporção entre o grupo dos mais ricos e o grupo dos mais pobres --- são indicadores muito utilizados neste tipo de análises, de distribuição do consumo ou do rendimento.
No gráfico superior, por exemplo, indicam-se as quantidades (quilos por pessoa e por mês) consumidas pelos diferentes grupos de 10%. Os 10% mais ricos consomem 2,6 mais que os 10% mais pobres: 7,4 quilos por pessoa e por mês contra 2,8 kgs.
Esta diferença está influenciada pelo facto de uma proporção importante dos mais ricos serem urbanos --- e com uma dieta mais rica em arroz --- enquanto que muitos dos mais pobres são rurais, em que a preponderância do milho na alimentação é maior. Neste sentido, o subsídio não beneficia só os mais desafogados economicamente; ele beneficia também proporcionalmente mais as populações urbanas que as populações rurais. Que é quem precisa mais de ser ajudada... Se o subsídio fosse ao produtor quem beneficiava eram maioritariamente estas populações --- pelo menos das zonas produtoras de arroz.
Note-se que estes dados dão alguma "razão" à tendência dos timorenses, incentivada pelos indonésios, de que comer arroz é sinal de "riqueza". "Quem come milho são os pobres!..."
Este resultado --- os mais "desafogados" são quem mais beneficia dos subsídios universais ao consumo --- é natural: consumindo mais beneficiam mais do subsídio... Elementar, meu caro Watson!
É por isso que os "génios" e os "Einsteins" são contra os subsídios universais, a todos os consumidores, preferindo subsídios mais "targeted" (direccionados aos efectivamente mais pobres) ou, melhor ainda, subsídios à produção e não ao consumo. Porque quem tem mais dinheiro para comprar arroz acaba por ser beneficiado. E não era esse o objectivo, pois não?!...
Será do interesse de Timor Leste, no longo prazo, a concessão dos subsídios ao consumo?
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