Nos anos '60 do século passado tornou-se evidente para a maior parte dos observadores que o PIB-Produto Interno Bruto era um "instrumento de medida" muito limitado para medir o desenvolvimento dos países. Seria (será...) bom para medir a produção mas não para retratar, de uma forma sintética essa "coisa" muito mais complexa e multidimensional que era o desenvolvimento.
Na verdade, até aí o conceito mais usado era o de crescimento e o PIB, o PIB per capita e a evolução de ambos ao longo do tempo pareciam ser (eram...) indicadores apropriados para medir tal conceito.
Porém, quando se passa do conceito de crescimento para o de desenvolvimento para tentar juntar ao primeiro outras dimensões da vida humana (ex: saúde, educação, etc), o instrumento de medida que era o PIB deixa de ser eficaz por ser apenas unidimensional. Era necessário, pois, agora que se introduzia outro conceito (o de desenvolvimento) introduzir também um (novo) instrumento para a sua medição.
Na sequência de vários esforços para criar uma "régua" para o desenvolvimento o PNUD, pela mão de Mahmub Ul Haq e de Amartya Sen, criou (1990) o conceito de "desenvolvimento humano" e um instrumento para a sua medida, o IDH.
Para simplificar digamos que este conceito pressupõe que todo o ser humano tem direito a ter uma vida longa e saudável e com satisfação quer das suas necessidades materiais quer das suas necessidades intelectuais. Isto significa que o conceito se refere àquelas que são consideradas as três dimensões essenciais da vida humana: a vida material, a vida intelectual e a saúde.
Sendo um "triângulo" (isósceles?), a sua medição só pode ser feita por um instrumento que cubra as três dimensões. Daí que o Índice de Desenvlvimento Humano seja, no essencial, uma média aritmética simples de três indicadores parciais: o da vida material (o rendimento per capita), o da vida intelectual (para o efeito representada pela educação) e a vida prolongada e saudável (reperesentada pela chamada "esperança de vida à nascença", i.e., o número de anos que, dadas as condições de um determinado momento --- o do nascimento de cada pessoa ---, se pode esperar que essa pessoa venha a viver).
O gráfico abaixo sintetiza a estrutura de cálculo do IDH:
Note-se que o objectivo fundamental do IDH NÃO é o de medir a distância em que se encontram os países uns em relação aos outros, como se de um campeonato se tratasse. Não! O objectivo central é, isso sim, medir a distância em que cada país está, em média, desse objectivo final que é todos os seus cidadãos terem uma plena satisfação das suas necessidades naquelas três dimensões --- o que será representado por um índice igual a "1".
O facto de Timor Leste ter um IDH de 0,489 significa, portanto, que os seus cidadãos estão ainda bem longe de terem um nível completo --- ou até razoável --- de satisfação das suas necessidades.
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