quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Índice de Preços no Consumidor (IPC) e taxa de inflação em Dili

A Direcção Nacional de Estatística do Ministério das Finanças divulgou os valores do IPC em Agosto. Com base nele é possível determinar a taxa de inflação (mensal, homóloga e média).
No gráfico abaixo representa-se a evolução do IPC desde Janeiro de 2008 até Agosto passado.
Nele figuram os dados para o IPC de todos os grupos de produtos, o mesmo mas sem as despesas coma habitação e, finalmente, o grupo dos bens alimentares. Estes, lembra-se, representam 56,7% do total dos produtos do "cabaz de compras" utilizado para o cálculo Índice.

A representação gráfica sugere que, nomeadamente devido à subida dos preços alimentares --- na verdade, o preço do arroz --- mas também à dos combustíveis (embora estes representem uma fracção reduzida do "cabaz", pouco mais de 1,4%), os preços subiram rapidamente entre Janeiro de 2008 e Agosto desse ano e depois abrandaram o seu crescimento, tendo mesmo, em alguns meses, diminuído de valor.
Para tal abrandamento contribuiram quer a venda de arroz a preço subsidiado quer a queda do preço dos combustíveis.
Desde o primeiro trimestre deste ano os preços, no seu conjunto, têm-se mantido relativamente estáveis, traduzindo-se isso numa taxa mensal de inflação muito perto do zero (ver gráfico abaixo).


Se utilizarmos os valores divulgados para calcular a taxa homóloga de inflação (i.e., a variação total de preços entre os meses de Agosto de 2008 e Agosto de 2009) concluimos que nesse período os preços terão baixado, no total, cerca de 2,5%, o que é justificável pelo facto de o valor de Agosto do ano passado ter sido o mais elevado de todo o período aqui ilustrado (IPC=149,7) e pela refrida política de venda de arroz subsidiado.

Se calcularmos a média do IPC dos primeiros 8 meses deste ano e a compararmos com a média do mesmo período do ano passado (i.e., a variação da média de Jan-Ago/2009 relativamente à média do IPC de Jan-Ago/2008) o valor obtido para a taxa média de inflação no período é de 1,3%. Recorde-se que a estimativa do FMI para a taxa média de 2009 (os 12 meses de 2009 relativamente aos 12 de 2008; a taxa calculada acima usa apenas 8 meses e não 12) é de 2%.

Finalmente, uma nota que é, afinal, repetir o que se tem dito tantas e tantas vezes: a necessidade de rever urgentemente a base de cálculo do IPC e, principalmente, o cabaz de compras (e o peso relativo de cada produto) utilizado actualmente pois há a sensação de que os valores actuais não correspondem à taxa de inflação que as pessoas defrontam efectivamente no seu dia-a-dia.
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