Mão amiga chamou a minha atenção para a recente publicação, num organismo dependente do PNUD e com sede no Brasil, para um texto de Rui Gomes e outro colega sobre a necessidade de existência de uma política monetária --- o que exige a existência de moeda nacional própria --- para complementar a actual disponibilidade em Timor Leste de apenas uma grande família de políticas: a orçamental.
A justificação para a emissão de moeda própria é como segue:
"If macroeconomic stability is the overriding objective of fiscal policy, how is the MDG challenge to be tackled? A zealous anti-inflation policy will be socially counterproductive. The answer may lie in adopting monetary policy, which implies Timor-Leste having its own currency. This might resolve the trade-off between macroeconomic stability and poverty reduction."
A publicação deste texto parece ter "aberto a época" para uma discussão pública do tema mas, pelo menos por agora, não participarei nessse debate.
Só espero que qualquer discussão sobre o tema seja devidamente fundamentada com todos os "prós" e "contras" a adopção de moeda própria no país. A opinião do FMI, por exemplo, parece evidente e completamente contrária ao que agora é proposto. Citando o próprio documento de RG que cita um press release recente do Fundo, "The [...] staff “welcome the authorities’ intention to reduce the spending envelope in the 2010 budget … and support the maintenance of the current monetary and exchange rate regime to preserve macroeconomic stability” ["Os técnicos do Fundo saudam a intenção das autoridades de reduzirem o montante global dos gastos públicos no Orçamento de 2010 (...) e apoiam a decisão de manter os actuais regimes monetário e cambial [i.e., manter o uso do USDollar] para manter a estabilidade macroeconómica"].
Como referi, qualquer discussão sobre o tema e, principalmente, qualquer decisão sobre ele tem de ser devidamente fundamentado. O que não é, nem de perto nem de longe, o caso do documento de RG acima referido.
Dê-se tempo a especialistas no assunto para o estudarem, re-estudarem e depois haja alguém que decida. Tudo o que se disser sobre o tema antes de tais estudos serem efectuados é "lançar a confusão nas hostes" e eventualmente pressionar no sentido de uma decisão insuficentemente fundamentada. O que é mau. É, mesmo, muito mau! É que se há coisa com que não se "brinca" é com o sitema monetário-financeiro. A realidade dos últimos anos na economia mundial aí está para o demonstrar (e precisava?!...).
Post Scriptum [em véspera de eleições em Portugal e em dia de reflexão entendi que não era apropriado escrever "PS"... :-) ]: Rui Gomes, o autor do texto acima citado, é um distinto economista timorense, um dos poucos doutorados em Economia (em Inglaterra) e... um dos meus melhores amigos em Timor. Isso, claro, não impede de termos as nossas diferençazitas de opinião... :-) Um grande abraço, Rui!
2 comentários:
I am following this issue very closely with a view of coming up with a policy brief to help the decision makers. It is essential that all the pros and cons of such move be analysed as it is important to look at all other available options (status quo, currency boards, pegged exchange rates, completely floating exchange rates).
Alex
Ok. Obrigado pela informação. Acho bem. Há outras pessoas fazendo o mesmo.
Enviar um comentário