"É dos livros" que algumas das relações mais interessantes de seguir num país em desenvolvimento são as que se estabelecem entre os agricultores familiares e o Estado.
Habituados que este não seja, propriamente, um seu "amigo do peito", os camponeses têm tendência a encontrar rapidamente estratégias de adaptação quando as relações com o Estado não são o que desejavam. Será que o mesmo está a começar a acontecer em Timor em torno da questão da compra do arroz local aos camponeses? Talvez. Ou, pelo menos, merece a pena estar atento ao fenómeno.
Assim, fui ontem ao mercado comprar arroz para comparar preços e deparei com um vendedor que tinha uma saca de arroz de Uato Lari (Viqueque) disponibilizado pelo Governo (a 15 USD a saca de 35kg) e que ele vende a 1 USD cada 5 latas, sensivelmente 1kg.
Ora, o arroz em questão é de baixíssima qualidade, de bago pequeno e muito partido, a meio caminho entre o arroz normal e o que chamamos de "trinca" de arroz. O que pode estar a acontecer é os camponeses ficarem com o arroz de melhor qualidade que produzem para venderem directamente no mercado a preço mais elevado que aquele a que o Governo lhes compra e vender a este o refugo da sua produção... Espertos!...
Como é que o Governo vai controlar a qualidade do arroz que lhe vendem? Mais outra dor de cabeça... Ai Maromak!... "E eu que julgava que governar o país é mais ou menos o mesmo que governar a minha casa!..."
Sem comentários:
Enviar um comentário