quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Espertos!... :-) Sobre o arroz comprado aos camponeses timorenses pelo Governo

"É dos livros" que algumas das relações mais interessantes de seguir num país em desenvolvimento são as que se estabelecem entre os agricultores familiares e o Estado.
Habituados que este não seja, propriamente, um seu "amigo do peito", os camponeses têm tendência a encontrar rapidamente estratégias de adaptação quando as relações com o Estado não são o que desejavam. Será que o mesmo está a começar a acontecer em Timor em torno da questão da compra do arroz local aos camponeses? Talvez. Ou, pelo menos, merece a pena estar atento ao fenómeno.

Assim, fui ontem ao mercado comprar arroz para comparar preços e deparei com um vendedor que tinha uma saca de arroz de Uato Lari (Viqueque) disponibilizado pelo Governo (a 15 USD a saca de 35kg) e que ele vende a 1 USD cada 5 latas, sensivelmente 1kg.

Ora, o arroz em questão é de baixíssima qualidade, de bago pequeno e muito partido, a meio caminho entre o arroz normal e o que chamamos de "trinca" de arroz. O que pode estar a acontecer é os camponeses ficarem com o arroz de melhor qualidade que produzem para venderem directamente no mercado a preço mais elevado que aquele a que o Governo lhes compra e vender a este o refugo da sua produção... Espertos!...

Como é que o Governo vai controlar a qualidade do arroz que lhe vendem? Mais outra dor de cabeça... Ai Maromak!... "E eu que julgava que governar o país é mais ou menos o mesmo que governar a minha casa!..."

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