Já temos referido várias vezes que na situação actual de Timor Leste, em que o banco central não emite moeda própria e não tem, por isso, possibilidade de usar os instrumentos de política monetária (ver mais aqui; exemplo dos países da zona Euro), cabe principalmente ao Governo e à sua política fiscal/orçamental (receitas e, principalmente, despesas públicas) a tarefa principal de ajudar a controlar a inflação --- que, noutras circunstâncias, é o objectivo principal dos bancos centrais.
Dado o passado recente do país --- subida vertiginosa do valor dos orçamentos do Governo nos ---, alguns observadores pensam que está na hora de, numa procura de instrumentos que lhe permitam actuar mais sobre a economia e, em parte, contrabalançar uma certa tendência “despesista” do Governo, o banco central (em coordenação com o governo) deve encarar a hipótese de passar a emitir moeda própria, abandonando-se assim o período de utilização do dólar americano iniciado por iniciativa da UNTAET.
Independentemente do que possamos pensar sobre se se trata ou não de uma boa solução --- e basicamente oensamos que teoricamente é uma solução correcta mas que na prática até pode ser perigosa e sair-nos o tiro pela culatra... ---, há um “probleminha” neste raciocínio: é que lançar uma moeda própria é tarefa para, pelo menos, cerca de 2 a 3 anos. Ora, mesmo que a decisão de criar o “OSAN” (nome fictício, claro; “osan” é a palavra tetum para “dinheiro”) fosse tomada a curto prazo, coloca-se sempre o problema de controlar a inflação no curto-médio prazo. E aí voltamos à resposta original: terá de ser o Governo, num acto de auto-restrição, a controlar a sua tendência para expandir os gastos públicos sem cuidar dos seus efeitos inflacionistas. Que só não são maiores porque a maior parte da pressão acaba por ser feita não sobre a oferta interna mas sim sobre as importações. Mas aqui estamos caídos na “teoria da banheira” de que se falou anteriormente.
Sem comentários:
Enviar um comentário