O título é a versão em tétum do portuguesíssimo "Muito dinheiro!.." ou "dinheiro a potes!..."
Refiro-me ao montante dos pagamentos efetuados recentemente pelo Tesouro de Timor Leste, em que se destaca, de longe, o volume de pagamentos processados ontem, dia 1 de Dezembro de 2014: mais de 40 milhões de USD num só dia, quando a média de pagamentos na semana anterior tinha sido de 16,1 milhões de USD.
Ontem e hoje, dias 1 e 2 de Dezembro, devem "dar-se" dois "acontecimentos" neste domínio: por um lado (1DEZ14), o total dos pagamentos efetuados ultrapassou o total dos realizados durante todo o ano passado (2013), quando se pagaram 1080 milhões dos cerca de 1650 orçamentados; por outro (2DEZ14), vai atingir-se, quase de certeza, o valor de 1125 milhões de pagamentos, correspondentes aos 75% do OGE14 que é necessário atingir para que o Governo possa, de acordo com a Lei do OGE14 tal como modificada recentemente, aceder aos cerca de 270 milhões de dólares excedentes do Rendimento Sustentável Estimado do Fundo Petrolífero.
Blog sobre Economia e Política Económica do Desenvolvimento, em particular sobre a economia de Timor Leste e aquilo que naquelas pode ser útil ao desenvolvimento económico deste país
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
Taxa de inflação homóloga de Outubro/14
A Direcção Geral de Estatística do Governo de Timor Leste (www.statistics.gov.tl) publicou recentemente o boletim mensal com dados sobre o Índice de preços e sua evolução.
Da consulta do quadro se deduz que a taxa de inflação homóloga de Outubro (Out14 relativamente a Out13) foi de apenas 0,3% para o conjunto dos grupos de produtos do cabaz de compras usado para cálculo da taxa de inflação.
Se usarmos os dados de Setembro para calcular a taxa média de inflação (a variação da média do IPC de 12 meses relativamente aos doze meses anteriores) concluiremos que esta era então de apenas 2,1%, abaixo da estimativa que o FMI fez ainda em Setembro passado no seu World Development Outlook (2,5%) e mesmo do esperado pelo Governo, que apontava no Livro 1 da proposta de OGE15 e sem especificar, que a taxa ficasse abaixo da meta para o Plano Estratégico de Desenvolvimento (4-6%).
Esta redução tão significativa da inflação é um dos sinais "exteriores" de que a economia (a produção nacional), de facto, "arrefeceu". No entanto, não se justifica falar de "deflação", a qual se verifica (tecnicmante) quando as taxas de crescimento trimestrais são negativas em dois trimestres consecutivos. O sistema estatístico nacional não permite ainda determinar taxas de crescimento para um período tão curto e tão "em cima do acontecimento".
Da consulta do quadro se deduz que a taxa de inflação homóloga de Outubro (Out14 relativamente a Out13) foi de apenas 0,3% para o conjunto dos grupos de produtos do cabaz de compras usado para cálculo da taxa de inflação.
Se usarmos os dados de Setembro para calcular a taxa média de inflação (a variação da média do IPC de 12 meses relativamente aos doze meses anteriores) concluiremos que esta era então de apenas 2,1%, abaixo da estimativa que o FMI fez ainda em Setembro passado no seu World Development Outlook (2,5%) e mesmo do esperado pelo Governo, que apontava no Livro 1 da proposta de OGE15 e sem especificar, que a taxa ficasse abaixo da meta para o Plano Estratégico de Desenvolvimento (4-6%).
Esta redução tão significativa da inflação é um dos sinais "exteriores" de que a economia (a produção nacional), de facto, "arrefeceu". No entanto, não se justifica falar de "deflação", a qual se verifica (tecnicmante) quando as taxas de crescimento trimestrais são negativas em dois trimestres consecutivos. O sistema estatístico nacional não permite ainda determinar taxas de crescimento para um período tão curto e tão "em cima do acontecimento".
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Dois documentos interessantes sobre Timor Leste
Uma busca na net sobre "electricidade em Timor Leste" na tentativa de saber mais sobre este sector --- nomeadamente a capacidade produtiva instalada e seu nível de utilização --- resultou na descoberta de dois textos interessantes sobre o país e a sua economia.
Um deles é um estudo da Caixa Geral de Depósitos intitulado "Timor-Leste: oportunidade e potencial de Desenvolvimento" datado de Junho deste ano. Pode encontrá-lo aqui.
Um deles é um estudo da Caixa Geral de Depósitos intitulado "Timor-Leste: oportunidade e potencial de Desenvolvimento" datado de Junho deste ano. Pode encontrá-lo aqui.
O outro documento é uma dissertação de mestrado na Universidade do Minho elaborada por um estudante timorense de engenharia, Engº Agapito Morato.
Ele aborda o tema "Estudo dos fatores RAM numa central de produção de energia elétrica em Timor-Leste", mais concretamente a instalada em Hera e em operação desde o final de 2011.
Uma das interrogações que me colocava está aí bem documentado: o da taxa de utilização da central (não esquecer que a esta há que adicionar a de Betano que, com os seus 8 geradores --- Hera tem 7 --- tem uma capacidade de produção ainda maior que a de Hera).
A resposta, VÁLIDA PARA 2012 e portanto algo desactualizada hoje, está lá a páginas 60:
"3 geradores (dos 7 instalados) em funcionamento (17x3=51 MW) são suficientes para satisfazer o consumo na situação mais desfavorável (pico de consumo = 46,67 MW)."
Soube posteriormente que hoje em dia estão em uso apenas 4 (quatro) dos 15 (quinze) geradores instalados nas duas centrais, sendo eles usados de forma rotativa para ir fazendo simultaneamente a manutenção dos equipamentos.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Fundo Petrolífero: três meses a marcar passo...
O Fundo Petrolífero de Timor Leste apresentava no final do terceiro trimestre um valor muito semelhante ao do final do segundo trimestre: 16, 6 mil milhões de USD.
Isto foi resultado de um nível anormalmente baixo de receitas devido à queda do preço do petróleo no mercado internacional, da saída de 340 milhões de USD para a conta do Tesouro (os primeiros milhões do ano) e de uma perda cambial significativa (quase 300 milhões). Aqui ficam os dados mais importantes do trimestre:
Isto foi resultado de um nível anormalmente baixo de receitas devido à queda do preço do petróleo no mercado internacional, da saída de 340 milhões de USD para a conta do Tesouro (os primeiros milhões do ano) e de uma perda cambial significativa (quase 300 milhões). Aqui ficam os dados mais importantes do trimestre:
domingo, 2 de novembro de 2014
Doing business in Timor Leste, 2015
O Banco Mundial acaba de publicar a edição de 2015 da sua publicação anual sobre o ambiente para fazer negócios em vários países. Aqui está o quadro-resumo da situação de Timor Leste: 172º em 189 países.
Acreditamos, porém, que na prática a coisa não é tão "preta" como a pintam... Mas que dá para ter umas dores de cabeça e, por vezes, ficar à beira de um ataque de nervos, dá... Até parece que nem precism de investimento estrangeiro para coisíssima nenhuma!...
Acreditamos, porém, que na prática a coisa não é tão "preta" como a pintam... Mas que dá para ter umas dores de cabeça e, por vezes, ficar à beira de um ataque de nervos, dá... Até parece que nem precism de investimento estrangeiro para coisíssima nenhuma!...
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Preços (quase) "paradões"!...
O boletim mensal de preços para Timor Leste indica, no seu número de Setembro de 2014, que a taxa homóloga da inflação de Setembro (SET14 relativamente a SET13) foi de 0,5%. Isto é, os preços continuam (quase) estáveis.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Orçamento Geral do Estado, 2015
Link para a consulta dos vários (6) livros do OGE15 de Timor Leste:
https://www.mof.gov.tl/category/documents-and-forms/budget-documents/2015-state-budget/?lang=PT
https://www.mof.gov.tl/category/documents-and-forms/budget-documents/2015-state-budget/?lang=PT
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
O FMI e a economia de Timor Leste: alguns números
O Fundo Monetário Internacional acaba de publicar o seu World Economic Outlook de Outubro deste ano. Associado com ele existe uma base de dados estatísticos para todos os países do mundo.
Com os dados para Timor Leste construimos os seguintes gráficos:
Notem-se os novos "patamares" para as taxas de variação do PIB e dos preços (inflação) desde 2012-13.
Note-se igualmente a constante subida da participção das despesas públicas no PIB, deixando perguntas sobre o papel do sector privado no desenvolvimento nacional.
Com os dados para Timor Leste construimos os seguintes gráficos:
Notem-se os novos "patamares" para as taxas de variação do PIB e dos preços (inflação) desde 2012-13.
Note-se igualmente a constante subida da participção das despesas públicas no PIB, deixando perguntas sobre o papel do sector privado no desenvolvimento nacional.
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
OGE15: os números "gordos"!
Segundo a imprensa local, o Governo de Timor Leste aprovou recentemente o Orçamento Geral do Estado para 2015 (OGE15).
Os principais números estão no quadro abaixo, de que constam também números de 2013 e 2014 para comparação.
Os principais números estão no quadro abaixo, de que constam também números de 2013 e 2014 para comparação.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Uma visão refrescada sobre a economia de Timor Leste
O Banco de Portugal publica todos os anos, sensivelmente no final de Setembro (por ocasião da reunião dos Governadores dos Bancos Centrais dos PALOP e de Timor Leste em Lisboa como preparação das reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial em Washington), um documento de análise da evolução no último ano de cada um dos PALOP e de Timor Leste.
O documento deste ano, elaborado com a qualidade a que o Banco de Portugal nos habituou, está disponível aqui.
Boa leitura!
O documento deste ano, elaborado com a qualidade a que o Banco de Portugal nos habituou, está disponível aqui.
Boa leitura!
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Ai Maromak! A paciência que é preciso ter!...
Quem mexe com Economia mexe com estatísticas e estas devem ser fiáveis para que as análises --- o "diagnóstico" que os "médicos" fazem ao "doente" ... --- sejam corretas e as eventuais alterações a introduzir sejam bem fundamentadas.
Em Timor Leste nem sempre isso acontece. Os principais problemas parece colocarem-se ao nível das estatísticas de comércio internacional já que nos últimos tempos têm sido introduzidas alterações em relação ao "usual" que impedem que as estatísticas sejam usadas sem "muita cautela e caldos de galinha"... ;)
Na verdade, em 2013 fomos "brindados" pelas Alfândegas de Timor Leste por alterações dos critérios para a elaboração das estatísticas que tornam impossível a sua utilização sem muitos cuidados.
Refiro-me, por exemplo, ao facto de terem decidido, no ano passado, incorporar --- coisa que nunca tinham feito até então --- o valor nominal das notas importadas pelo Banco Central de Timor-Leste no valor das importações. Para terem uma ideia do resultado desse procedimento recordo que o valor das importações do Capítulo 49 da pauta aduaneira em 2012 foi de 7 milhões de USD (tinha sido de 373 mil USD em 2011) e em 2013 foi de...317,7 milhões de USD! Tudo resultado da decisão referida.
Em 2014 a história repete-se, agora em relação à moeda: em 2013 as importações registadas no Capítulo apropriado, o cap. 71, foram 890 mil USD. Este ano, em Maio, foram registados 208 milhões de USD.
Isto tudo para salientar que quando se estuda a economia de Timor-Leste e particularmente o seu comércio internacional é necessário muito cuidado porque os dados dos vários (últimos) anos NÃO são completamente comparáveis entre si. A paciência que é preciso ter!... Ai Maromak!
Em Timor Leste nem sempre isso acontece. Os principais problemas parece colocarem-se ao nível das estatísticas de comércio internacional já que nos últimos tempos têm sido introduzidas alterações em relação ao "usual" que impedem que as estatísticas sejam usadas sem "muita cautela e caldos de galinha"... ;)
Na verdade, em 2013 fomos "brindados" pelas Alfândegas de Timor Leste por alterações dos critérios para a elaboração das estatísticas que tornam impossível a sua utilização sem muitos cuidados.
Refiro-me, por exemplo, ao facto de terem decidido, no ano passado, incorporar --- coisa que nunca tinham feito até então --- o valor nominal das notas importadas pelo Banco Central de Timor-Leste no valor das importações. Para terem uma ideia do resultado desse procedimento recordo que o valor das importações do Capítulo 49 da pauta aduaneira em 2012 foi de 7 milhões de USD (tinha sido de 373 mil USD em 2011) e em 2013 foi de...317,7 milhões de USD! Tudo resultado da decisão referida.
Em 2014 a história repete-se, agora em relação à moeda: em 2013 as importações registadas no Capítulo apropriado, o cap. 71, foram 890 mil USD. Este ano, em Maio, foram registados 208 milhões de USD.
Isto tudo para salientar que quando se estuda a economia de Timor-Leste e particularmente o seu comércio internacional é necessário muito cuidado porque os dados dos vários (últimos) anos NÃO são completamente comparáveis entre si. A paciência que é preciso ter!... Ai Maromak!
Continuando...
Na entrada anterior referimos os gastos efectivos em Educação e em Saúde no Orçamento de 2013.
Os valores são, recordamos, 10,9% para a primeira e 7% para a segunda.
Por curiosidade fomos à procura das estatísticas internacionais sobre os temas para fazer comparação com outros países, nomeadamente da região em que o país se insere, o Sudeste Asiático.
A vantagem das estatísticas internacionais é a de que as organizações que as compilam e publicam seguem um critério uniforme para todos os países e por isso os valores são perfeitamente comparáveis. Nas estatísticas nacionais não existe essa preocupação e por isso os valores nas estatísticas nacionais podem ser diferentes dos das internacionais.
É precisamente isso que acontece com os valores da percentagem de gastos em Educação e em Saúde no caso de Timor Leste: as estatíticas internacionais (Banco Mundial e Orgamização Mundial de Saúde) dão para o país os valores de 8% em 2011 para a Educação e de 2,6% em 2012 para a Saúde. Note-se que parte da diferença de valores deve resultar do facto de estarmos a falar de anos diferentes mas parte importante dela deve resultar de nas opções políticas do Governo um sector e outro não terem a mesma priroridade que têm noutros países.
Por exemplo, também em 2011, a Tailândia gastou 14,2% em Saúde e a vizinha Indonésia 6,9%, enquanto a Malásia se ficava pelos 5,8% do seu orçamento.
Quanto aos gastos em Educação, os 8% gastos por Timor Leste são ultrapassados pelos 15% da Indonésia, pelos 21% da Malásia e pelos 24% da Tailândia.
Os valores são, recordamos, 10,9% para a primeira e 7% para a segunda.
Por curiosidade fomos à procura das estatísticas internacionais sobre os temas para fazer comparação com outros países, nomeadamente da região em que o país se insere, o Sudeste Asiático.
A vantagem das estatísticas internacionais é a de que as organizações que as compilam e publicam seguem um critério uniforme para todos os países e por isso os valores são perfeitamente comparáveis. Nas estatísticas nacionais não existe essa preocupação e por isso os valores nas estatísticas nacionais podem ser diferentes dos das internacionais.
É precisamente isso que acontece com os valores da percentagem de gastos em Educação e em Saúde no caso de Timor Leste: as estatíticas internacionais (Banco Mundial e Orgamização Mundial de Saúde) dão para o país os valores de 8% em 2011 para a Educação e de 2,6% em 2012 para a Saúde. Note-se que parte da diferença de valores deve resultar do facto de estarmos a falar de anos diferentes mas parte importante dela deve resultar de nas opções políticas do Governo um sector e outro não terem a mesma priroridade que têm noutros países.
Por exemplo, também em 2011, a Tailândia gastou 14,2% em Saúde e a vizinha Indonésia 6,9%, enquanto a Malásia se ficava pelos 5,8% do seu orçamento.
Quanto aos gastos em Educação, os 8% gastos por Timor Leste são ultrapassados pelos 15% da Indonésia, pelos 21% da Malásia e pelos 24% da Tailândia.
terça-feira, 2 de setembro de 2014
Estrutura das despesas reais ao abrigo do OGE13
A repartição dos dinheiros pagos a partir do Orçamento Geral do Estado de 2013 incluiu 27,7% para "Serviços Públicos Gerais", 7% para "Saúde" e 10,9% para "Educação",num total geral de 836 milhões gastos efetivamente no quadro do "Fundo Consolidado de Timor-Leste".
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Estimativas económicas do Banco Central de Timor-Leste
O Banco Central de Timor-Leste disponibilizou no seu "sítio" da internet um documento com uma análise económica do país, o "Timor-Leste Economic Outlook". Nele se apresentam os resultados de projectos do BCTL de formulação de estimativas da taxa de variação do Produto e da Inflação. Veja abaixo a síntese das estimativas formuladas e sua comparação com outras estimativas, nomeadamente do Governo e de organizações financeiras internacionais.
Repare-se na taxa de crescimento de 2,5% para o PIB de 2013, muito abaixo dos cerca de 8% previstos pelo Governo e das organizações internacionais (FMI e Banco Asiático de Desenvolvimento). Em 2014 é possível que a taxa de crescimento aumente mas não deverá, segundo o BCTL, ultrapassar os 4%, cerca de metade das estimativas das outras organizações.
Quanto à inflação as estimativas do BCTL para 2014 e 2015 são de 2% em cada ano enquanto o Governo prevê 7,7% para os dois anos e as organizações internacionais referidas estimam que a inflação subirá a mais de 8%! São diferenças significativas que dão a ideia da dificuldade em fazer estimativas económicas em Timor Leste.
Note-se que os dados do BCTL relativos à inflação estão muito mais em linha com os dados recentes sobre a evolução dos preços do que as estimativas das demais entidades. Recordemos que os últimos dados sobre a taxa de inflação, entre Julho de 2013 e de 2014, apontam para uma taxa de 0%!
Repare-se na taxa de crescimento de 2,5% para o PIB de 2013, muito abaixo dos cerca de 8% previstos pelo Governo e das organizações internacionais (FMI e Banco Asiático de Desenvolvimento). Em 2014 é possível que a taxa de crescimento aumente mas não deverá, segundo o BCTL, ultrapassar os 4%, cerca de metade das estimativas das outras organizações.
Quanto à inflação as estimativas do BCTL para 2014 e 2015 são de 2% em cada ano enquanto o Governo prevê 7,7% para os dois anos e as organizações internacionais referidas estimam que a inflação subirá a mais de 8%! São diferenças significativas que dão a ideia da dificuldade em fazer estimativas económicas em Timor Leste.
Note-se que os dados do BCTL relativos à inflação estão muito mais em linha com os dados recentes sobre a evolução dos preços do que as estimativas das demais entidades. Recordemos que os últimos dados sobre a taxa de inflação, entre Julho de 2013 e de 2014, apontam para uma taxa de 0%!
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Princípios de gestão orçamental segundo a OCDE
Em documento recente disponível aqui, a OCDE diz, nomeadamente, o seguinte quanto à excução orçamental (vai no original em inglês e tudo...):
" 7. Budget execution should be actively planned, managed and monitored.
a) • Once authorised by parliament, the budget allocations should be implemented fully and faithfully by the agencies of government, with oversight throughout the year by the CBA and line ministries as appropriate.
b) • Cash disbursements should be profiled, controlled and monitored prudently, and the roles, responsibilities and authorisations of each institution and accountable person should be clearly regulated. A single, centrally-controlled treasury fund for all public revenues and expenditure is an effective mechanism for exercising such regulation and control; special-purpose funds, and ear-marking of revenues for particular purposes, should be kept to a minimum.
c) • Parliamentary authorisations should allow ministries and agencies some limited flexibility to reallocate funds throughout the year in the interests of effective management and value-for- money, consistent with the broad purpose of the allocation. Such flexibility can be facilitated through streamlining of very detailed line items, or through devolved authorisation for managing reallocations among line items (virement). More significant reallocations, e.g. involving large sums or new purposes, should require fresh parliamentary authorisation.
d) • Budget execution reports, including in-year and audited year-end reports, are fundamental to accountability. Such reports, if well-planned and -designed, can yield useful messages on performance and value-for-money to inform future budget allocations (see also point 8 below). "
Gosto particularmente da alínea c) ... (ênfases adicionadas por mim - AS). A parte sublinhada é particularmente importante pois evita que o se verifique o princípio "o Parlamento põe e o Ministro dispõe!" ou, que vai dar no mesmo, "O Parlamento aprova o que quer e os Ministros fazem o que querem!"
" 7. Budget execution should be actively planned, managed and monitored.
a) • Once authorised by parliament, the budget allocations should be implemented fully and faithfully by the agencies of government, with oversight throughout the year by the CBA and line ministries as appropriate.
b) • Cash disbursements should be profiled, controlled and monitored prudently, and the roles, responsibilities and authorisations of each institution and accountable person should be clearly regulated. A single, centrally-controlled treasury fund for all public revenues and expenditure is an effective mechanism for exercising such regulation and control; special-purpose funds, and ear-marking of revenues for particular purposes, should be kept to a minimum.
c) • Parliamentary authorisations should allow ministries and agencies some limited flexibility to reallocate funds throughout the year in the interests of effective management and value-for- money, consistent with the broad purpose of the allocation. Such flexibility can be facilitated through streamlining of very detailed line items, or through devolved authorisation for managing reallocations among line items (virement). More significant reallocations, e.g. involving large sums or new purposes, should require fresh parliamentary authorisation.
d) • Budget execution reports, including in-year and audited year-end reports, are fundamental to accountability. Such reports, if well-planned and -designed, can yield useful messages on performance and value-for-money to inform future budget allocations (see also point 8 below). "
Gosto particularmente da alínea c) ... (ênfases adicionadas por mim - AS). A parte sublinhada é particularmente importante pois evita que o se verifique o princípio "o Parlamento põe e o Ministro dispõe!" ou, que vai dar no mesmo, "O Parlamento aprova o que quer e os Ministros fazem o que querem!"
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
Entendendo os números: o IDH de Timor Leste
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP na sigla inglesa) divulgou recentemente o seu Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013. Nele consta um valor do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para Timor Leste de 0,620 (o máximo teórico é 1 mas o país com maior Índice é, mais uma vez, a Noruega com os seus 0,944, aparecendo o Níger em último lugar com apenas 0,337).
Este índice pretende dar uma imagem do nível de vida de um país e não apenas do seu nível de rendimento pois se trata de índice "agregado" que combina informações sobre o rendimento per capita, sobre o estado de saúde da população e sobre o seu nível de educação.
Só que...
Como indicador do nível de rendimento usa-se o Rendimento Nacional per capita e não o Produto Interno Bruto per capita. Qual a relevância disto? Por exemplo, as estatísticas do Banco Mundial dizem que Timor Leste teve em 2013 um rendimento per capita de 3580 USD (usando o método do Atlas do Banco Mundial) e um PIB per capita de 1371 USD dólares USD correntes. No cálculo do IDH não é usado nem um nem outro destes valores mas sim o chamado valor em Paridade dos Poderes de Compra, um método que pretende comparar os rendimentos eliminando a influência da disparidade dos preços --- e, consequentemente, do pode de compra de cada dólar --- entre os países. O valor do Rendimento per capita (PPP) em 2013 terá sido de 6410 dólares correntes internacionais.
Como se pode verificar, temos aqui valores muito diferentes.
Mas há mais: a principal razão da diferença entre os valores do PIB e do Rendimento no caso de Timor Leste (e no de outros países) deriva do facto de TL ser produtor de petróleo. Isto é: o Rendimento vem muito inflacionado por o país ser produtor de petróleo. Vejam-se, por exemplo, as recentemente publicadas Contas Nacionais de Timor Leste. Nelas se indica que, a preços correntes, o rendimento nacional per capita incluindo o sector petrolífero foi de 4082 USD mas o mesmo agregado SEM o sector petrolífero foi apenas de 1403 USD.
Ora, o dinheiro do petróleo só entra na economia nacional através do financiamento do Orçamento Geral do Estado, estando o essencial preservado no exterior sob a forma de "Fundo Petrolífero". Por isso usar o Rendimento Nacional (GNI) em vez do Produto Interno Bruto (PIB) é, quando a nós, enganador. Mas temos que aceitar que o UNDP não pode aplicar a um país uma metodologia e a outra diferente pois a comparabilidade das estatísticas seria comprometida.
Finalmente: no caso do Rendimento Nacional em PPC o UNDP adotou para todos os países o valor correspondente de 2011 (e não de 2013). Ora este valor foi para Timor Leste o mais alto dos últimos anos. O valor correspondente àqueles 6410 referidos acima foi de 8290 em 2011 que na metodologia do Relatório do Desenvolvimento Humano se "transformou" em 9674 USD em PPP.
Isto é: não estranhem se nos próximos anos, em resultado da baixa dos valores do Rendimento Nacional, o IDH de Timor Leste venha a baixar... mesmo que todos sintamos que o nível de vida do país melhorou (medido pelo PIB não petrolífero).
Coisas das estatísticas que é preciso compreender para não se comprar gato por lebre...
Este índice pretende dar uma imagem do nível de vida de um país e não apenas do seu nível de rendimento pois se trata de índice "agregado" que combina informações sobre o rendimento per capita, sobre o estado de saúde da população e sobre o seu nível de educação.
Só que...
Como indicador do nível de rendimento usa-se o Rendimento Nacional per capita e não o Produto Interno Bruto per capita. Qual a relevância disto? Por exemplo, as estatísticas do Banco Mundial dizem que Timor Leste teve em 2013 um rendimento per capita de 3580 USD (usando o método do Atlas do Banco Mundial) e um PIB per capita de 1371 USD dólares USD correntes. No cálculo do IDH não é usado nem um nem outro destes valores mas sim o chamado valor em Paridade dos Poderes de Compra, um método que pretende comparar os rendimentos eliminando a influência da disparidade dos preços --- e, consequentemente, do pode de compra de cada dólar --- entre os países. O valor do Rendimento per capita (PPP) em 2013 terá sido de 6410 dólares correntes internacionais.
Como se pode verificar, temos aqui valores muito diferentes.
Mas há mais: a principal razão da diferença entre os valores do PIB e do Rendimento no caso de Timor Leste (e no de outros países) deriva do facto de TL ser produtor de petróleo. Isto é: o Rendimento vem muito inflacionado por o país ser produtor de petróleo. Vejam-se, por exemplo, as recentemente publicadas Contas Nacionais de Timor Leste. Nelas se indica que, a preços correntes, o rendimento nacional per capita incluindo o sector petrolífero foi de 4082 USD mas o mesmo agregado SEM o sector petrolífero foi apenas de 1403 USD.
Ora, o dinheiro do petróleo só entra na economia nacional através do financiamento do Orçamento Geral do Estado, estando o essencial preservado no exterior sob a forma de "Fundo Petrolífero". Por isso usar o Rendimento Nacional (GNI) em vez do Produto Interno Bruto (PIB) é, quando a nós, enganador. Mas temos que aceitar que o UNDP não pode aplicar a um país uma metodologia e a outra diferente pois a comparabilidade das estatísticas seria comprometida.
Finalmente: no caso do Rendimento Nacional em PPC o UNDP adotou para todos os países o valor correspondente de 2011 (e não de 2013). Ora este valor foi para Timor Leste o mais alto dos últimos anos. O valor correspondente àqueles 6410 referidos acima foi de 8290 em 2011 que na metodologia do Relatório do Desenvolvimento Humano se "transformou" em 9674 USD em PPP.
Isto é: não estranhem se nos próximos anos, em resultado da baixa dos valores do Rendimento Nacional, o IDH de Timor Leste venha a baixar... mesmo que todos sintamos que o nível de vida do país melhorou (medido pelo PIB não petrolífero).
Coisas das estatísticas que é preciso compreender para não se comprar gato por lebre...
sábado, 2 de agosto de 2014
Evolução mensal da taxa de execução do OGE14
O quadro indica, para os Ministérios e outros órgãos do Estado com orçamentos superiores a 15 milhões de USD, a evolução da taxa de execução mensal do Orçamento Geral do Estado para o ano fiscal (e de calendário) de 2014.
Note-se que se esta execução tivesse um comportamento "linear", no final do mês de Julho deveriam estar gastos ("executados") cerca de 58% das verbas e só estão 50%. Mais, note-se ainda que a "execução" é definida como o somatório das verbas efetivamente pagas e as verbas retidas para o cumprimento de "obrigações" assumidas pelo Estado. Se definirmos de forma mais restrita esta "execução" como incluindo APENAS os valores efetivamente pagos então a taxa de execução REAL é apenas de 33%.
A diferença entre a "execução "com e sem "obrigações" pode ser grande: no Fundo de infraestruturas, por exemplo, ela desce de 42% para 19%, o que pode ser um indicador indireto de que as empresas efetuam obras que o Estado leva depois muito tempo a pagar.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
Taxa de inflação homóloga de Junho/14: -0,6% (sim! negativa!)
A Direcção Geral de Estatística publicou há poucos dias o seu boletim mensal sobre a evolução dos preços no país.
(ver aqui: http://www.statistics.gov.tl/wp-content/uploads/2014/07/CPI_June_2014_English.pdf)
Por ele se pode verificar que a taxa de inflação homóloga de Junho passado (Junho de 2014 relativamente a Junho de 2013) foi de... -0,6%! Isto é: os preços terão baixado entre os meses referidos. Mas também baixaram (-0,3%) entre Maio e Junho deste ano.
(ver aqui: http://www.statistics.gov.tl/wp-content/uploads/2014/07/CPI_June_2014_English.pdf)
Por ele se pode verificar que a taxa de inflação homóloga de Junho passado (Junho de 2014 relativamente a Junho de 2013) foi de... -0,6%! Isto é: os preços terão baixado entre os meses referidos. Mas também baixaram (-0,3%) entre Maio e Junho deste ano.
A principal causa da queda terá sido a queda dos preços dos bens alimentares (-1,2%), que são a parte mais importante do cabaz de compras que serve de base ao cálculo do Índice de Preços.
Esta queda dos preços deve-se certamente, em primeiro lugar, ao bom desempenho da agricultura nesta época mais seca.
Mas é possível que haja outra razão: é sabido que numa época de abrandamento do crescimento a pressão para a subida dos preços é menor e esta taxa negativa pode ser o resultado de uma taxa de crescimento mais lento da economia. Só os dados das contas nacionais e a consulta de alguns indicadores indiretos da atividade económica podem confirmar ou infirmar esta hipótese. Fica para depois.
Crescimento do Produto (non-oil) em 2012: 7,8%
A Direção Geral de Estatística divulgou agora as contas nacional para 2012. Elas podem ser consultadas aqui: http://www.statistics.gov.tl/wp-content/uploads/2014/07/National-Account-2012.pdf.
Do documento deduz-se que a taxa de crescimento do produto interno bruto não-petrolífero foi, em 2012, de 7,8%, quando no ano anterior e segundo a mesma publicação tinha sido de 14,7%.
Repare-se que no relatório de apresentação do Orçamento Geral do Estado para 2014 o Governo disse o seguinte em relação a estas duas taxas de crescimento:
“A taxa de crescimento do sector não-petrolífero do PIB, prevista nos 8,2% para 2012, continua a ser forte, porém está substancialmente aquém da taxa de 2011 [12%]”. In OGE14- Proposta inicial Livro 1 , pg 6
Trata-se, portanto, de uma queda significativa do ritmo de crescimento mas o anterior era insustentável --- até por causa do seu efeito na aceleração da taxa de inflação. Uma taxa mais moderada parece ser mais "saudável".
Mas não basta ver os números globais. É necessário ver também a sua composição. E infelizmente foi principalmente uma componente do "PIB bom", o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), a que permite crescer mais, no futuro, a capacidade produtiva, que teve o pior desempenho já que teve uma taxa negativa de variação (-12,6%), a primeira vez que tal acontece desde 2006.
Por outro lado, o abrandamento da taxa de crescimento do PIB não petrolífero teve como consequência que a sua taxa de variação foi negativa: -1,2%. Foi a primeira vez desde 2005 que se registou uma redução deste rendimento, que traduz, em média, um (muito) ligeiro agravamento das condições de vida da generalidade da população.
Do documento deduz-se que a taxa de crescimento do produto interno bruto não-petrolífero foi, em 2012, de 7,8%, quando no ano anterior e segundo a mesma publicação tinha sido de 14,7%.
Repare-se que no relatório de apresentação do Orçamento Geral do Estado para 2014 o Governo disse o seguinte em relação a estas duas taxas de crescimento:
“A taxa de crescimento do sector não-petrolífero do PIB, prevista nos 8,2% para 2012, continua a ser forte, porém está substancialmente aquém da taxa de 2011 [12%]”. In OGE14- Proposta inicial Livro 1 , pg 6
Trata-se, portanto, de uma queda significativa do ritmo de crescimento mas o anterior era insustentável --- até por causa do seu efeito na aceleração da taxa de inflação. Uma taxa mais moderada parece ser mais "saudável".
Mas não basta ver os números globais. É necessário ver também a sua composição. E infelizmente foi principalmente uma componente do "PIB bom", o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), a que permite crescer mais, no futuro, a capacidade produtiva, que teve o pior desempenho já que teve uma taxa negativa de variação (-12,6%), a primeira vez que tal acontece desde 2006.
Por outro lado, o abrandamento da taxa de crescimento do PIB não petrolífero teve como consequência que a sua taxa de variação foi negativa: -1,2%. Foi a primeira vez desde 2005 que se registou uma redução deste rendimento, que traduz, em média, um (muito) ligeiro agravamento das condições de vida da generalidade da população.
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Any comments?!...
Orçamento de "Bens e serviços" da Secretaria de Estado para a Política de Formação Profissional e o Emprego (SEFOPE): orçamento de 2013, gasto efectivamente naquele ano, proposta do Governo para o Orçamento de 2014 tal como apresentada ao Parlamento Nacional em fins de 2013 e Orçamento para 2014 tal ficou depois das negociações entre o Governo e o Parlamento e que foi aprovado pelo plenário deste no início de 2014 (orçamento em vigor).
Quem quer comentar? Compare-se, por exemplo, a evolução dos números da rubrica "viagens locais". Ou a dos "serviços profissionais". Veja com olhos de ver.
Nesta última, por exemplo, repare-se no "salto" de 359 mil USD do OGE13 para os 877 mil do OGE14 com uma "passagem" pelos 477 mil da proposta de orçamento para 2014. Nas "viagens locais" note-se a subida de 103 mil USD para 743 mil de um ano para o outro. Sete vezes mais. E quase o triplo entre a proposta de orçamento e o OGE14 aprovado.
Nota final: a taxa de execução actual (hoje, 27JUN14) destas últimas é de apenas 14% --- a meio do ano, quando deviam estar gastos cerca de 50% das verbas orçamentadas.
Any comments?!...
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Preços em Timor Leste: (quase) paradões, dizem as estatísticas!
A Direcção Geral de Estatísticas do Ministério das Finanças de Timor Leste publicou recentemente o boletim sobre a evolução do Índice de Preços relativo a Maio de 2014. O quadro abaixo dá-nos o panorama principal.
Por ele se pode verificar que entre Maio de 2013 e Maio de 2014 os preços no país subiram apenas 0,3%, sendo que os dos produtos alimentares se mantiveram constantes. Mais, os dados publicados dizem-nos que estes últimos viram os seus preços baixarem 0,8% em Maio comparativamente com Abril, o que se terá ficado a dever ao final da época das chuvas e o aumento da produção agrícola, nomeadamente de frutas.
quinta-feira, 22 de maio de 2014
De tudo um pouco...
Nestes últimos dias, a propósito de declarações do Primeiro Ministro Xanana Gusmão, saltou para as primeiras páginas dos jornais a questão da taxa de execução do Orçamento de Timor Leste para 2014.
Nos quadros abaixo pode ver-se o essencial da informação sobre o assunto. Note-se que nas duas últimas colunas aparecem duas percentagens de execução: uma é a que é usada pelo Governo e inclui quer as verbas REALmente pagas pelo Tesouro quer as OBRIGAÇÕES entretanto assumidas contratualmente e que se virão a converter, mais ou menos a curto/médio prazo, em pagamentos REAIS.
Uma conta "primária" que se poderia fazer é a de que dado que estes dados são do final do quarto mês do ano (Abril), i.e., um terço do ano de 2014, deveriam estar gastos cerca de 33% dos recursos do Orçamento. Porém, não se pode fazer estas contas pois o orçamento entrou em vigor, na prática na segunda metade de Fevereiro e porque o ritmo de gastos nunca é uniforme ao longo do ano.
Assim sendo, uma "execução" (dinheiro pago + obrigações) de cerca de 22% até nem é muito má dadas as circunstâncias. O pior é quando se olha para o dinheiro efectivamente pago no geral: cerca de 13%. Fracote... :(
E mais fracote é o desempenho quando olhamos para os vários ministérios e outros serviços individualmente. o Fundo de Infraestruturas, por exemplo, só pagou efectivamente cerca de 5,5% das verbas que teoricamente pode pagar. Como este Fundo é o que tem no seu âmbito as maiores obras, fundamentais para o desenvolvimento do país, pode-se considerar que "algo não vai bem no reino da Dinamarca"... E que é preciso que vá melhor...
Outro aspecto a referir é a evolução da inflação. Segundo dados recentemente divulgados pela Direcção Geral de Estatística (www.statistics.gov.tl ) a taxa homóloga de Abril passado (Abril de 2014 contra Abril de 2013) foi de apenas 1,4%. Em Março esta taxa era de 1,8% e em 2013 (Dezº) de 2,4%. Isto significa que "o que os números dão" é hoje uma taxa de inflação baixa e que tem vindo a diminuir.
Taxas de inflação baixas são uma boa notícia para os consumidores mas não necessariamente para a economia nacional. Estas taxas baixas normalmente andam associadas a períodos de crescimento económico mais lento e este pode ser um sinal de que a produção nacional está a "andar" em vez de "correr". Isto é, que a taxa de crescimento da produção pode estar a ser mais baixa do que o desejado pelo Governo, por exemplo.
Finalmente, os últimos números do Fundo Petrolífero. Dados recentemente divulgados pelo Banco Central de Timor-Leste (BCTL) (www.bancocentral.tl )dão como capital do Fundo, em fim de Março passado, cerca de 15,7 mil milhões de USD, contra 14,9 milhões no fim de Dezembro de 2013.
Nos quadros abaixo pode ver-se o essencial da informação sobre o assunto. Note-se que nas duas últimas colunas aparecem duas percentagens de execução: uma é a que é usada pelo Governo e inclui quer as verbas REALmente pagas pelo Tesouro quer as OBRIGAÇÕES entretanto assumidas contratualmente e que se virão a converter, mais ou menos a curto/médio prazo, em pagamentos REAIS.
Assim sendo, uma "execução" (dinheiro pago + obrigações) de cerca de 22% até nem é muito má dadas as circunstâncias. O pior é quando se olha para o dinheiro efectivamente pago no geral: cerca de 13%. Fracote... :(
E mais fracote é o desempenho quando olhamos para os vários ministérios e outros serviços individualmente. o Fundo de Infraestruturas, por exemplo, só pagou efectivamente cerca de 5,5% das verbas que teoricamente pode pagar. Como este Fundo é o que tem no seu âmbito as maiores obras, fundamentais para o desenvolvimento do país, pode-se considerar que "algo não vai bem no reino da Dinamarca"... E que é preciso que vá melhor...
Outro aspecto a referir é a evolução da inflação. Segundo dados recentemente divulgados pela Direcção Geral de Estatística (www.statistics.gov.tl ) a taxa homóloga de Abril passado (Abril de 2014 contra Abril de 2013) foi de apenas 1,4%. Em Março esta taxa era de 1,8% e em 2013 (Dezº) de 2,4%. Isto significa que "o que os números dão" é hoje uma taxa de inflação baixa e que tem vindo a diminuir.
Taxas de inflação baixas são uma boa notícia para os consumidores mas não necessariamente para a economia nacional. Estas taxas baixas normalmente andam associadas a períodos de crescimento económico mais lento e este pode ser um sinal de que a produção nacional está a "andar" em vez de "correr". Isto é, que a taxa de crescimento da produção pode estar a ser mais baixa do que o desejado pelo Governo, por exemplo.
Finalmente, os últimos números do Fundo Petrolífero. Dados recentemente divulgados pelo Banco Central de Timor-Leste (BCTL) (www.bancocentral.tl )dão como capital do Fundo, em fim de Março passado, cerca de 15,7 mil milhões de USD, contra 14,9 milhões no fim de Dezembro de 2013.
quarta-feira, 23 de abril de 2014
"Doing business" em Timor Leste
O Banco Mundial, particularmente através do seu "braço 'armado'" para o sector privado, a International Financial Corporation (IFC), prepara anualmente um conjunto de relatórios sobre o ambiente e a facilidade de exercer a actividade empresarial no mundo e em vários países.
Veja abaixo os links para vários relatórios:
Relatório global de 2014:
http://www.doingbusiness.org/~/media/GIAWB/Doing%20Business/Documents/Annual-Reports/English/DB14-Full-Report.pdf
Relatório de Timor Leste:
http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/~/media/giawb/doing%20business/documents/profiles/country/TMP.pdf
Principais dados sobre Timor Leste:
http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/timor-leste
Veja abaixo os links para vários relatórios:
Relatório global de 2014:
http://www.doingbusiness.org/~/media/GIAWB/Doing%20Business/Documents/Annual-Reports/English/DB14-Full-Report.pdf
Relatório de Timor Leste:
http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/~/media/giawb/doing%20business/documents/profiles/country/TMP.pdf
Principais dados sobre Timor Leste:
http://portugues.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/timor-leste
terça-feira, 15 de abril de 2014
Os dados estatísticos de Timor Leste segundo o FMI
A cada seis meses, em Abril e em Outubro ou final de Setembro, o FMI publica o seu World Economic Outlook, ou "Perspectivas da Economia Mundial". Juntamente com o relatório o Fundo publica também uma importante base de dados estatísticos relativos a quase todos os países do mundo.
O quadro abaixo dá-nos os valores publicados para o período 2007-2017 na base de dados do relatório hoje mesmo publicado. Os valores a vermelho são estimativas.
Note-se, por exemplo, que a estimativa da taxa de inflação para 2013 (final do ano) é de 10,4% mas a taxa observada pela Direcção Geral de Estatística foi de apenas 4% como já temos salientado aqui.
Por outro lado a estimativa de crescimento do PIB é de 8,4%, quando a estimativa do Governo tal como publicada no Livro 1 do OGE2014 foi de 8%, uma diferença pouco significativa.
O rendimento per capita terá aumentado mais de 50% entre 2007 e 2013.
O quadro abaixo dá-nos os valores publicados para o período 2007-2017 na base de dados do relatório hoje mesmo publicado. Os valores a vermelho são estimativas.
Note-se, por exemplo, que a estimativa da taxa de inflação para 2013 (final do ano) é de 10,4% mas a taxa observada pela Direcção Geral de Estatística foi de apenas 4% como já temos salientado aqui.
Por outro lado a estimativa de crescimento do PIB é de 8,4%, quando a estimativa do Governo tal como publicada no Livro 1 do OGE2014 foi de 8%, uma diferença pouco significativa.
O rendimento per capita terá aumentado mais de 50% entre 2007 e 2013.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Volta e meia, meia volta...
... alguém se lembra de atribuir uma parte mais ou menos importante da subida de preços que se verificou há anos à presença de uma forte comunidade estrangeira no país, particularmente de forças militares.
Não digo que essa presença foi mais ou menos "inócua" quanto aos preços em geral mas ela foi, creio, menor do que muitos pensam. Pelo menos quanto à inflação "registada".
E isto porque os preços que eram recolhidos pelos serviços de estatística até ao final da utilização da base DEZ2001=100 (que terminou em DEZ2012) eram usualmente obtidos, pelo menos os que diziam respeito à maioria dos gastos que entravam no cálculo do Índice de Preços no Consumidor (bens alimentares), exclusivamente nos mercados tradicionais da cidade: Taibessi, Becora e Comoro, assinalados no quadro abaixo como T, C e B. Note-se que estes mercados tiveram uma "vida" diferente ao longo do tempo: o de Taibessi foi "substituído" pelo de "Ali laran" na saída sul de Dili, o de Becora quase "morreu" desde a agitação de 2007 e o de Comoro "mudou de casa" há pouco tempo...
Esta selecção de mercados data de meados de 2001 e obedeceu ao princípio de escolher apenas locais de abastecimento tradicional da população timorense da cidade, os referidos mercados. Dessa selecção NÃO constavam, propositadamente, locais frequentados por consumidores estrangeiros.
Recorde-se que na altura, um pouco como agora, os clientes desses mercados eram quase exclusivamente timorenses, podendo contar-se pelos dedos de uma mão os "malais" que os utilizavam para se abastecerem.
O "grande" centro de abastecimento destes era o então único supermercado existente na cidade, o "defunto" "Hello, Mister!...", que devia o nome à ainda hoje vulgar expressão usada pelas crianças para chamar a atenção dos "malais". O supermercado, como se sabe, foi queimado pouco depois da restauração da independência, em incidentes de Dezembro de 2002.
A influência da presença de "malais" é mais de natureza indirecta, pois que muitos deles se instalaram em habitações em que pagam rendas a senhorios timorenses, aumentando assim a disponibilidade de dinheiro junto da comunidade nacional que se repercutiu no aumento da procura e este, por sua vez, no aumento dos preços. A procura da comunidade estrangeira, militar ou civil, por outros serviços (hotéis, aparthotéis, restaurantes) e bens (nomeadamente alguns equipamentos de transporte e para o lar) veio aumentar a circulação monetária que se repercutiu, por sua vez, em alguma pressão sobre os preços.
O "ponto", porém, é que essa presença estrangeira, se é verdade que gerou um aumento da procura e, nesse sentido, alguma pressão sobre os preços, não pode ser considerada, nem de perto nem de longe, como um factor mais importante do que efectivamente é. Como pensamos que já demonstrámos várias vezes, a causa principal da grande aceleração da subida dos preços verificada em 2011 e 2012 foi o "disparar" dos gastos públicos que então se verificou.
Nota 1: no quadro acima são apresentados os preços, em USD, do arroz e da mandioca ao longo do primeiro semestre de 2009 tal como recolhidos nos três grandes mercados da cidade. É com base nesses preços e no peso relativo dos produtos no cabaz de consumo dos consumidores que se calcula a taxa de inflação
Nota 2: repare-se que, como tem acontecido ao longo do tempo, o preço do arroz "local" (nacional) é sistematicamente superior ao do arroz importado. Se tivéssemos uma série mais longa poderíamos verificar que os preços são/eram muito estáveis. Estes dois aspectos --- arroz "local" mais caro que o importado e preços muito rígidos --- mereciam um estudo com bases científicas fortes sobre os seus "quês" e "porquês"...
Não digo que essa presença foi mais ou menos "inócua" quanto aos preços em geral mas ela foi, creio, menor do que muitos pensam. Pelo menos quanto à inflação "registada".
E isto porque os preços que eram recolhidos pelos serviços de estatística até ao final da utilização da base DEZ2001=100 (que terminou em DEZ2012) eram usualmente obtidos, pelo menos os que diziam respeito à maioria dos gastos que entravam no cálculo do Índice de Preços no Consumidor (bens alimentares), exclusivamente nos mercados tradicionais da cidade: Taibessi, Becora e Comoro, assinalados no quadro abaixo como T, C e B. Note-se que estes mercados tiveram uma "vida" diferente ao longo do tempo: o de Taibessi foi "substituído" pelo de "Ali laran" na saída sul de Dili, o de Becora quase "morreu" desde a agitação de 2007 e o de Comoro "mudou de casa" há pouco tempo...
Esta selecção de mercados data de meados de 2001 e obedeceu ao princípio de escolher apenas locais de abastecimento tradicional da população timorense da cidade, os referidos mercados. Dessa selecção NÃO constavam, propositadamente, locais frequentados por consumidores estrangeiros.
Recorde-se que na altura, um pouco como agora, os clientes desses mercados eram quase exclusivamente timorenses, podendo contar-se pelos dedos de uma mão os "malais" que os utilizavam para se abastecerem.
O "grande" centro de abastecimento destes era o então único supermercado existente na cidade, o "defunto" "Hello, Mister!...", que devia o nome à ainda hoje vulgar expressão usada pelas crianças para chamar a atenção dos "malais". O supermercado, como se sabe, foi queimado pouco depois da restauração da independência, em incidentes de Dezembro de 2002.
A influência da presença de "malais" é mais de natureza indirecta, pois que muitos deles se instalaram em habitações em que pagam rendas a senhorios timorenses, aumentando assim a disponibilidade de dinheiro junto da comunidade nacional que se repercutiu no aumento da procura e este, por sua vez, no aumento dos preços. A procura da comunidade estrangeira, militar ou civil, por outros serviços (hotéis, aparthotéis, restaurantes) e bens (nomeadamente alguns equipamentos de transporte e para o lar) veio aumentar a circulação monetária que se repercutiu, por sua vez, em alguma pressão sobre os preços.
O "ponto", porém, é que essa presença estrangeira, se é verdade que gerou um aumento da procura e, nesse sentido, alguma pressão sobre os preços, não pode ser considerada, nem de perto nem de longe, como um factor mais importante do que efectivamente é. Como pensamos que já demonstrámos várias vezes, a causa principal da grande aceleração da subida dos preços verificada em 2011 e 2012 foi o "disparar" dos gastos públicos que então se verificou.
Nota 1: no quadro acima são apresentados os preços, em USD, do arroz e da mandioca ao longo do primeiro semestre de 2009 tal como recolhidos nos três grandes mercados da cidade. É com base nesses preços e no peso relativo dos produtos no cabaz de consumo dos consumidores que se calcula a taxa de inflação
Nota 2: repare-se que, como tem acontecido ao longo do tempo, o preço do arroz "local" (nacional) é sistematicamente superior ao do arroz importado. Se tivéssemos uma série mais longa poderíamos verificar que os preços são/eram muito estáveis. Estes dois aspectos --- arroz "local" mais caro que o importado e preços muito rígidos --- mereciam um estudo com bases científicas fortes sobre os seus "quês" e "porquês"...
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Como se calcula a taxa de inflação
A taxa de inflação de um país é calculada determinando a evolução do Índice de Preços no Consumidor. Este pretende ser um resumo, com base num determinado mês, do preço de um "cabaz de compras" médio das famílias do país. Nesse "cabaz" um leque de produtos usualmente consumidos entra com determinado "peso" no total.
No caso de Timor Leste são calculados três Índices e por isso há três "cabazes": um para o conjunto do país, outro para Dili e outro para o "resto do país excepto Dili", o "ex-Dili".
O quadro abaixo dá-nos o peso relativo de cada grupo de produtos, subgrupo e produtos em cada um desses 3 "cabazes".
Como se pode verificar o arroz e os vegetais são o "produto" com maior peso seja qual for o "cabaz" considerado. Assim, por exemplo, os 17,2 da linha "arroz" na coluna "Timor Leste" significam que, em média, os consumidores nacionais gastam 17,2% do total das suas despesas de consumo a adquirir arroz. No caso de Dili essa percentagem desce para 15,1% mas no caso do resto do país que não Dili ela sobe para 26,8%.
Os "vegetais" são outro "produto" muito importante na alimentação dos timorenses, com 15,5% das despesas totais.
No total, o grupo da "alimentação e bebidas não alcoólicas" absorve 64,3% dos gastos das famílias nacionais em cada mês. Em Dili gasta-se 61,9% em alimentação e bebidas não alcoólicas mas no resto do país essa percentagem sobe para 75,4%.
Estas diferenças são o reflexo da diferente estrutura de consumos entre os "dilienses" e o resto dos seus concidadãos, sendo a daqueles mais "moderna", como se pode ver pela maior percentagem de gastos em "vestuário e calçado", "habitação", "transportes" ou "educação", por exemplo.
No caso de Timor Leste são calculados três Índices e por isso há três "cabazes": um para o conjunto do país, outro para Dili e outro para o "resto do país excepto Dili", o "ex-Dili".
O quadro abaixo dá-nos o peso relativo de cada grupo de produtos, subgrupo e produtos em cada um desses 3 "cabazes".
Como se pode verificar o arroz e os vegetais são o "produto" com maior peso seja qual for o "cabaz" considerado. Assim, por exemplo, os 17,2 da linha "arroz" na coluna "Timor Leste" significam que, em média, os consumidores nacionais gastam 17,2% do total das suas despesas de consumo a adquirir arroz. No caso de Dili essa percentagem desce para 15,1% mas no caso do resto do país que não Dili ela sobe para 26,8%.
Os "vegetais" são outro "produto" muito importante na alimentação dos timorenses, com 15,5% das despesas totais.
No total, o grupo da "alimentação e bebidas não alcoólicas" absorve 64,3% dos gastos das famílias nacionais em cada mês. Em Dili gasta-se 61,9% em alimentação e bebidas não alcoólicas mas no resto do país essa percentagem sobe para 75,4%.
Estas diferenças são o reflexo da diferente estrutura de consumos entre os "dilienses" e o resto dos seus concidadãos, sendo a daqueles mais "moderna", como se pode ver pela maior percentagem de gastos em "vestuário e calçado", "habitação", "transportes" ou "educação", por exemplo.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Ainda a taxa de inflação e sua descida significativa
No "post" anterior indagámos sobre algumas das componentes do Índice de Preços no Consumidor cujo comportamento, mais estável em termos das suas taxas de variação (ex: arroz e vegetais, duas componentes fundamentais do "cabaz de compras" usado para cálculo do IPC), ajudam a compreender melhor o que se passou.
Como referi numa outra "entrada" a baixa da taxa de inflação explica-se "matematicamente" pelo facto de ela ser agora calculada (taxa homóloga) relativamente a índices que já estão no "patamar" de lento crescimento.
Uma das razões mais "profundas" dadas como causa do surto inflacionário dos últimos anos, particularmente os anos de 2011 e de 2012 (taxas homólogas de Dezembro:17,4% e 11,7%, respectivamente) foi o grande aumento das despesas públicas então verificado.
Note-se que o que interessa nestas é o valor que entra efectivamente na economia através dos pagamentos efectuados pelo Estado, mais que o valor dos respectivos Orçamentos, já que a taxa de execução destes é, por vezes, limitada (por exemplo, 76% em 2013).
Ora, os valores dos Orçamentos e dos pagamentos efectuados nestes últimos anos foram como segue (valores em milhões de USD):
2010: OGE: 838; pago: 760; taxa de inflação homóloga de Dezembro: 9,2%
2011: OGE: 1306; pago: 1097; idem: 17,4%
2012: OGE: 1807; pago: 1198; idem: 11,7%
2013: OGE: 1650; pago: 1083; idem: 4,0%
Parece evidente que a "explosão" de gastos reais (+44%) em 2011 relativamente a 2010 foi o "detonador" da subida rápida dos preços que então se verificou. A força de inércia da subida dos preços "alimentada" pelo (ainda que ligeiro) acréscimo de gastos em 2012 ajudou a manter a taxa de inflação em dois dígitos mas já, nitidamente, "perdendo gás"... Esta "perda de gás", de "momentum", continuou no ano seguinte (2013) ajudada com a descida dos gastos realmente efectuados pelo Estado em quase 10%.
Uma certa "racionalidade económica" dos vários agentes envolvidos e, acredito, o convencimento de muitos de que se tinham atingido patamares de preços que começavam a, devido à perda de poder de compra que implicaram (os salários, por exemplo, terão perdido cerca de 40% do seu poder de compra em 3 anos!), ser incomportáveis para a maioria dos consumidores, levando a quedas da quantidade (senão mesmo também da qualidade...) de consumo, incluindo alimentar.
Tudo isto, creio, está na base de uma crescente moderação das subidas dos preços --- mas subidas... --- que acabaram por, ao longo do tempo, conduzir à queda da taxa homóloga (e também da taxa média, agora em cerca de 9% ou mesmo menos) de inflação.
Tudo se passou um pouco como quando se dispara uma bala (de canhão, neste caso...): feito o disparo (em 2011), a bala subiu muito mas depois, à medida que o tempo e o espaço aumentavam, foi perdendo força e começou a cair... Até quase se "estatelar" no chão...
"Tenho dito"!... ;)
Como referi numa outra "entrada" a baixa da taxa de inflação explica-se "matematicamente" pelo facto de ela ser agora calculada (taxa homóloga) relativamente a índices que já estão no "patamar" de lento crescimento.
Uma das razões mais "profundas" dadas como causa do surto inflacionário dos últimos anos, particularmente os anos de 2011 e de 2012 (taxas homólogas de Dezembro:17,4% e 11,7%, respectivamente) foi o grande aumento das despesas públicas então verificado.
Note-se que o que interessa nestas é o valor que entra efectivamente na economia através dos pagamentos efectuados pelo Estado, mais que o valor dos respectivos Orçamentos, já que a taxa de execução destes é, por vezes, limitada (por exemplo, 76% em 2013).
Ora, os valores dos Orçamentos e dos pagamentos efectuados nestes últimos anos foram como segue (valores em milhões de USD):
2010: OGE: 838; pago: 760; taxa de inflação homóloga de Dezembro: 9,2%
2011: OGE: 1306; pago: 1097; idem: 17,4%
2012: OGE: 1807; pago: 1198; idem: 11,7%
2013: OGE: 1650; pago: 1083; idem: 4,0%
Parece evidente que a "explosão" de gastos reais (+44%) em 2011 relativamente a 2010 foi o "detonador" da subida rápida dos preços que então se verificou. A força de inércia da subida dos preços "alimentada" pelo (ainda que ligeiro) acréscimo de gastos em 2012 ajudou a manter a taxa de inflação em dois dígitos mas já, nitidamente, "perdendo gás"... Esta "perda de gás", de "momentum", continuou no ano seguinte (2013) ajudada com a descida dos gastos realmente efectuados pelo Estado em quase 10%.
Uma certa "racionalidade económica" dos vários agentes envolvidos e, acredito, o convencimento de muitos de que se tinham atingido patamares de preços que começavam a, devido à perda de poder de compra que implicaram (os salários, por exemplo, terão perdido cerca de 40% do seu poder de compra em 3 anos!), ser incomportáveis para a maioria dos consumidores, levando a quedas da quantidade (senão mesmo também da qualidade...) de consumo, incluindo alimentar.
Tudo isto, creio, está na base de uma crescente moderação das subidas dos preços --- mas subidas... --- que acabaram por, ao longo do tempo, conduzir à queda da taxa homóloga (e também da taxa média, agora em cerca de 9% ou mesmo menos) de inflação.
Tudo se passou um pouco como quando se dispara uma bala (de canhão, neste caso...): feito o disparo (em 2011), a bala subiu muito mas depois, à medida que o tempo e o espaço aumentavam, foi perdendo força e começou a cair... Até quase se "estatelar" no chão...
"Tenho dito"!... ;)
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Inflação em Fevereiro/14: os números
A Direcção Geral de Estatística divulgou mais um boletim com números sobre a evolução dos preços em Timor Leste (veja em www.statistics.gov.tl e escolha o texto em inglês porque em português ele aparece como "Statistica" e remete para a "taxa de consumo" ???? e depois aconselha a seguir para a página em inglês...).
Da consulta do site se conclui que a taxa homóloga de Fevereiro passado (sobre FEV13) para todo o país foi de 2,4%, uma queda em relação aos 4% de Dezembro de 2013. A taxa equivalente apenas para Dili foi de 2,1%.
A taxa média de Fevereiro/14 só pode ser calculada, com os dados disponíveis, para Dili. Esta, que tinha sido de 11,2% em DEZ13 (contra os 4% da taxa homóloga), foi naquele mês de 9,4%. A taxa média de 2013 (média dos IPC desse ano contra a média dos IPC de 2012) foi para Timor Leste de 9,5%.
No gráfico acima pode verificar-se que a evolução da taxa de inflação global está estreitamente ligada à da "alimentação", cujo grupo de produtos representa, só por si, 64,3% do "cabaz de compras" que permite calcular a taxa de inflação.
Se aprofundarmos um pouco a análise verificaremos a evolução dos preços da "alimentação" está, por sua vez, muito influenciada pela do arroz já que este representa só por si, entre importado e local, cerca de 20% do cabaz de compras, sendo a esmagadora maioria dele importado.
No gráfico abaixo apresentamos, com base DEZ2012=100, a evolução do índice do preço do arroz em Dili e no mercado internacional segundo a base de dados IndexMundi (http://www.indexmundi.com/commodities/?commodity=rice&months=60) que retrata a evolução dos preços do "Rice, 5 percent broken milled white rice, Thailand nominal price quote, US Dollars per Metric Ton" [preço do arroz 5% partido da Tailândia].
Da consulta do site se conclui que a taxa homóloga de Fevereiro passado (sobre FEV13) para todo o país foi de 2,4%, uma queda em relação aos 4% de Dezembro de 2013. A taxa equivalente apenas para Dili foi de 2,1%.
A taxa média de Fevereiro/14 só pode ser calculada, com os dados disponíveis, para Dili. Esta, que tinha sido de 11,2% em DEZ13 (contra os 4% da taxa homóloga), foi naquele mês de 9,4%. A taxa média de 2013 (média dos IPC desse ano contra a média dos IPC de 2012) foi para Timor Leste de 9,5%.
No gráfico acima pode verificar-se que a evolução da taxa de inflação global está estreitamente ligada à da "alimentação", cujo grupo de produtos representa, só por si, 64,3% do "cabaz de compras" que permite calcular a taxa de inflação.
Se aprofundarmos um pouco a análise verificaremos a evolução dos preços da "alimentação" está, por sua vez, muito influenciada pela do arroz já que este representa só por si, entre importado e local, cerca de 20% do cabaz de compras, sendo a esmagadora maioria dele importado.
No gráfico abaixo apresentamos, com base DEZ2012=100, a evolução do índice do preço do arroz em Dili e no mercado internacional segundo a base de dados IndexMundi (http://www.indexmundi.com/commodities/?commodity=rice&months=60) que retrata a evolução dos preços do "Rice, 5 percent broken milled white rice, Thailand nominal price quote, US Dollars per Metric Ton" [preço do arroz 5% partido da Tailândia].
Os dois gráficos acima dizem-nos que os preços do arroz no mercado internacional têm estado, desde pelo menos o final do ano passado, a descer em valor absoluto. A lentidão da subida dos preços do arroz em Timor Leste ajuda a compreender a redução da taxa de inflação. Note-se que esta lentidão se faz com taxas ainda positivas, o que quer dizer que o preço do arroz está a aumentar ainda que de uma forma muito mais lenta que anteriormente.
Tudo isto nos remete, para além de um funcionamento do mercado nacional de arroz não completamente transparente e "normal", para uma grande dependência da inflação interna relativamente à evolução do preço do principal cereal que entra na composição da alimentação dos timorenses.
Se se verificar uma inversão da tendência à descida dos preços internacionais isso vai reflectir-se, no mesmo sentido, na taxa de inflação interna pois o arroz importado é uma componente muito grande do cabaz de compras que permite calcular a taxa de inflação de Timor Leste.
Uma referência ao grupo dos "vegetais", responsável também por quase 20% do cabaz de compras.
O gráfico abaixo representa a evolução do Índice de Preços no Consumidor deste grupo de produtos. Como se pode verificar houve, principalmente a partir de meados de 2013, um forte abrandamento da taxa de variação que se reflectiu na evolução da própria taxa global de inflação em Timor Leste.
Temos, pois, que "arroz" e "vegetais" são dois "produtos" cujo comportamento dos preços deve ser acompanhada com mais cuidado. É o que faremos.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
Inflação em 2013: olhando mais a fundo...
Uma taxa de inflação é um valor global, calculado para um determinado "cabaz de compras" num determinado momento ou ao longo do tempo.
Mas esse cabaz tem várias componentes, da alimentação (arroz, vegetais, peixe, carne, etc) às despesas de habitação, às despesas com transporte, com educação, etc.
A determinação da taxa de inflação para cada um destes grupos é importante para achar os "culpados"...
O quadro abaixo dá-nos as taxas de inflação para alguns dos grupos/produtos que entram no cálculo da inflação. Recorde-se que o grupo dos bens alimentares é, de longe, o mais importante no "cabaz de compras", com um pouco mais de 60%.
Mas esse cabaz tem várias componentes, da alimentação (arroz, vegetais, peixe, carne, etc) às despesas de habitação, às despesas com transporte, com educação, etc.
A determinação da taxa de inflação para cada um destes grupos é importante para achar os "culpados"...
O quadro abaixo dá-nos as taxas de inflação para alguns dos grupos/produtos que entram no cálculo da inflação. Recorde-se que o grupo dos bens alimentares é, de longe, o mais importante no "cabaz de compras", com um pouco mais de 60%.
PS - Só mais uma coisinha, só mais uma coisinha! Trata-se do peso dos diversos grupos de produtos no "cabaz de compras" que serve de base ao cálculo do IPC. Cada valor representa a percentagem dos respectivos grupos de bens no orçamento de uma família "média" timorense. Note-se o peso "esmagador" dos gastos com a alimentação, típico de famílias de baixo rendimento como são, em média, as famílias timorenses. Entre 2001 e 2012 este grupo baixou apenas cerca de 2 pontos percentuais no seu peso no "cabaz" (os valores, na realidade, NÃO são totalmente comparáveis porque agora se incluem as bebidas não alcoólicas).
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Resumindo e concluindo...
Usando a base de dados publicada pela Direcção Geral de Estatística com os índices de preços "re-baseados" para o novo período base de Dez2012=100 calculámos as taxas de inflação homólogas e médias anuais desde 2007 até 2013. Aqui estão elas para vossa informação:
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
A inflação em Timor Leste: 4% ou 11,2%?
Em entradas anteriores referimos que a taxa homóloga de inflação de Dezembro passado era um surpreendente (?) 4%.
Calculámos agora a taxa média anual de inflação de 2013 e o resultado é bem diferente: 11,2%. Estranho? Talvez mas vejamos como cada uma das taxas é calculada para compreendermos melhor os valores de uma e de outra.
Enquanto a taxa homóloga compara a variação dos preços entre dois meses homólogos (no caso os dois "Dezembros", de 2012 e de 2013), a taxa média anual utiliza no se cálculo não 2 meses mas... 24...
De facto, esta taxa é calculada comparando a média dos doze índices de preços de um ano (ex: 2013) com a média dos doze índices do ano anterior. Neste caso e para Dili a primeira das médias foi de 103,4 e a segunda foi de 93. Daqui resulta a referida variação de 11,2% --- muito maior do que a taxa homóloga.
Note-se que muitos economistas (incluindo nós próprios) e organizações internacionais preferem usar como indicador da inflação a taxa média anual por entenderem que é mais rigorosa por usar os Índices de preços de um ano e não apenas o de Dezembro.
Calculámos agora a taxa média anual de inflação de 2013 e o resultado é bem diferente: 11,2%. Estranho? Talvez mas vejamos como cada uma das taxas é calculada para compreendermos melhor os valores de uma e de outra.
Enquanto a taxa homóloga compara a variação dos preços entre dois meses homólogos (no caso os dois "Dezembros", de 2012 e de 2013), a taxa média anual utiliza no se cálculo não 2 meses mas... 24...
De facto, esta taxa é calculada comparando a média dos doze índices de preços de um ano (ex: 2013) com a média dos doze índices do ano anterior. Neste caso e para Dili a primeira das médias foi de 103,4 e a segunda foi de 93. Daqui resulta a referida variação de 11,2% --- muito maior do que a taxa homóloga.
Note-se que muitos economistas (incluindo nós próprios) e organizações internacionais preferem usar como indicador da inflação a taxa média anual por entenderem que é mais rigorosa por usar os Índices de preços de um ano e não apenas o de Dezembro.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Algumas estatísticas de Timor Leste
Hoje há números! E (quase) não há palavras... Rsss
Só umas palavras finais: é normal usar o valor do consumo de ferro e cimento, elementos essenciais no sector da construção civil, como "indicadores avançados" da evolução da situação económica de um país. Neste caso e à falta de melhor poderíamos usar a importação de ambos os materiais. Os baixos valores, ainda que irregulares, da importação de cimento podem ser um sinal, ténue (?), de que a actividade económica em 2013 terá sido algo menor que em 2011 e 2012. Mas este é apenas um indicador. É pouco para conclusões definitivas. Esperemos pelos valores da Contabilidade Nacional (PIB).
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Malefícios dos monopólios...
A ligação aérea entre Dili e Bali, a mais frequentemente utilizada pelos que "práquistão", foi operada até há poucos dias por duas companhias: a Merpati, a "pioneira", e a Sriwijaya.
Acontece que, ao que parece, a primeira deixou definitivamente de operar e ficou, sozinha no mercado, a Sriwijaya.
Com um monopólio caído do céu --- pelo menos enquanto não começarem os anunciados voos pela Garuda ---, a companhia está praticando preços à medida da sua situação: um voo a realizar dentro de três semanas está a custar 170 USD em cada direcção. 340 USD uma ida e volta Dili-Bali. Uma exorbitância que deve andar pelo dobro do que seria um preço mais justo.
Ora, a propósito de "preço justo", lembrei-me que existem Timor Leste um decreto sobre o dito cujo publicado há mais ou menos um ano. Não será o caso de o Governo o invocar para pedir explicações à companhia? Qual o turista que visita o país com tais preços? Não tenho dúvida de que Timor Leste está a ser prejudicado com esta situação e no entanto... Senhores ministros do Comércio e do Turismo: como é?!...
PS - Neste momento Timor Leste tem ligações aéreas com três cidades: Darwin, Denpasar/Bali e Singapura. TODAS são monopólios! TODAS são (demasiado) caras!... Darwin-Dili-Darwin: 650 USD; Dili-Denpasar-Dili: 300 USD; Dili-Singapura-Dili: 800 USD
Acontece que, ao que parece, a primeira deixou definitivamente de operar e ficou, sozinha no mercado, a Sriwijaya.
Com um monopólio caído do céu --- pelo menos enquanto não começarem os anunciados voos pela Garuda ---, a companhia está praticando preços à medida da sua situação: um voo a realizar dentro de três semanas está a custar 170 USD em cada direcção. 340 USD uma ida e volta Dili-Bali. Uma exorbitância que deve andar pelo dobro do que seria um preço mais justo.
Ora, a propósito de "preço justo", lembrei-me que existem Timor Leste um decreto sobre o dito cujo publicado há mais ou menos um ano. Não será o caso de o Governo o invocar para pedir explicações à companhia? Qual o turista que visita o país com tais preços? Não tenho dúvida de que Timor Leste está a ser prejudicado com esta situação e no entanto... Senhores ministros do Comércio e do Turismo: como é?!...
PS - Neste momento Timor Leste tem ligações aéreas com três cidades: Darwin, Denpasar/Bali e Singapura. TODAS são monopólios! TODAS são (demasiado) caras!... Darwin-Dili-Darwin: 650 USD; Dili-Denpasar-Dili: 300 USD; Dili-Singapura-Dili: 800 USD
Evolução das receitas petrolíferas
No Livro 1 da proposta de OGE14 inicialmente apresentada pelo Governo ao Parlamento Nacional dá-se a conhecer o facto de, ao contrário do que se conhecia até então, as receitas petrolíferas do país (não se considera para o caso o campo de "Greater Sunrise") terminarem 4 anos mais cedo que o previsto. A data para o fim das mesmas é agora, na prática, 2020 mas o último ano em que elas atingem os mil milhões de USD é 2018.
Os valores estimados para as receitas anuais são, nesse Livro, os seguintes:
Recorde-se que:
a) o Orçamento do Estado Timorense é financiado em cerca de 90% pelas receitas petrolíferas acumuladas no Fundo Petrolífero; por exemplo, dos 1500 milhões de despesas orçamentados para este ano, só cerca de 170 milhões serão receitas "domésticas";
b) o capital do Fundo Petrolífero era, no final de 2013, de cerca de 15 mil milhões de USD;
c) o valor das receitas a acumular no capital do Fundo depende do que for retirado pelo Governo para Financiar o OGE de cada ano: o "rendimento sustentável" e o "excesso do rendimento sustentável". O primeiro é estimado, para 2014, em cerca de 630 milhões de USD e em 2018 em cerca de 613 milhões. O "excesso" depende das decisões do governo em cada ano. Em 2013 não foi retirado qualquer excesso e em 2014 prevê-se que seja de cerca de 270 milhões, que associados aos 630 do "rendimento sustentável" darão os 903 milhões previstos com origem no Fundo Petrolífero para financiamento do OGE14.
Os valores estimados para as receitas anuais são, nesse Livro, os seguintes:
Recorde-se que:
a) o Orçamento do Estado Timorense é financiado em cerca de 90% pelas receitas petrolíferas acumuladas no Fundo Petrolífero; por exemplo, dos 1500 milhões de despesas orçamentados para este ano, só cerca de 170 milhões serão receitas "domésticas";
b) o capital do Fundo Petrolífero era, no final de 2013, de cerca de 15 mil milhões de USD;
c) o valor das receitas a acumular no capital do Fundo depende do que for retirado pelo Governo para Financiar o OGE de cada ano: o "rendimento sustentável" e o "excesso do rendimento sustentável". O primeiro é estimado, para 2014, em cerca de 630 milhões de USD e em 2018 em cerca de 613 milhões. O "excesso" depende das decisões do governo em cada ano. Em 2013 não foi retirado qualquer excesso e em 2014 prevê-se que seja de cerca de 270 milhões, que associados aos 630 do "rendimento sustentável" darão os 903 milhões previstos com origem no Fundo Petrolífero para financiamento do OGE14.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
O "trambolhão" da inflação
Divulgámos numa entrada anterior os dados recentemente divulgados pela Direcção Geral de Estatística de Timor Leste. Neles se concluía que a taxa de inflação homóloga de Dezembro de 2013 (preços desse mês comparativamente com os de Dezembro de 2012) se tinha fixado nos 4%, um "trambolhão" enorme relativamente à taxa correspondente do ano anterior e que tinha sido de 11,7%. Manifestámos o nosso espanto por uma queda tão grande (não são nada vulgares, em nenhuma parte do mundo, quedas de taxa de inflação de quase 8 pontos percentuais!) e por isso tivemos que ir "esmiuçar" os dados para perceber o que se passou.
E o que se passou foi uma situação que não é muito vulgar mas que acontece. Vejamos o que aconteceu.
O quadro e o gráfico abaixo dizem-nos que no último trimestre de 2012 houve uma subida significativa dos preços, muito maior do que nos trimestres anteriores. De facto, enquanto que no segundo e terceiro trimestres os preços subiram 1,3% e 1,7%, respectivamente, no último trimestre a subida foi de 7%. O "salto" a meio do gráfico ilustra isso mesmo.
E o que se passou foi uma situação que não é muito vulgar mas que acontece. Vejamos o que aconteceu.
O quadro e o gráfico abaixo dizem-nos que no último trimestre de 2012 houve uma subida significativa dos preços, muito maior do que nos trimestres anteriores. De facto, enquanto que no segundo e terceiro trimestres os preços subiram 1,3% e 1,7%, respectivamente, no último trimestre a subida foi de 7%. O "salto" a meio do gráfico ilustra isso mesmo.
Ora, o que se passou é que depois desse "salto" do final de 2012 os preços voltaram a crescer a um ritmo mais lento, na verdade ainda mais lento que antes do "salto". Isto terá explicações quer de natureza estatística quer de natureza económica.
A de natureza estatística tem que ver com o facto de no final de 2012 os preços estavam significativamente altos e como a base do cálculo das variações seguintes era alta, elas apareceram como sendo mais baixas.
Além disso, admite-se que a alteração do IPC e do método do seu cálculo, supostamente mais correcto agora que anteriormente a Janeiro de 2013, tenha também "culpas no cartório" ao permitir medir a inflação de forma mais correcta. Ter-se-á eliminado ou, pelo menos reduzido significativamente um certo "desvio" inflacionista da forma anterior de cálculo das variações dos preços.
Mas há também explicações económicas ainda que não disponhamos neste momento de dados estatísticos oficiais que o comprovem: a principal explicação é que terá havido ao longo de 2012 um progressivo abrandamento da actividade económica ilustrado pelo gráfico abaixo retirado do último relatório do FMI, de Dezembro passado.
Note-se que alguns observadores, usando alguns indicadores parciais sobre a evolução da actividade económica em Timor Leste, admitem que esta tenha caído ainda mais, para uma zona em que o crescimento se situará nos cerca de 4-5% em 2013. São valores a confirmar ou infirmar mais tarde mas seja como for parece evidente que a queda da actividade económica --- a que não será estranha uma queda nos gastos públicos derivada, nomeadamente, de uma fraca execução do Orçamento do Fundo de Infraestruturas (pouco mais de 50% do orçamentado) --- terá sido uma das causas da (fortíssima) queda da inflação para níveis (4%/ano) que se podem considerar "normais" para um país em desenvolvimento como Timor Leste.
Esta evolução, há muito "exigida" por muitos --- baixa dos gastos públicos para provocar uma baixa da taxa de inflação ---, pode lançar uma outra perspectiva sobre a própria taxa de execução orçamental (75,7% no conjunto do OGE13 e 50,5% no orçamento de infraestruturas). De facto, é possível a interpretação de que a taxa de execução do Fundo de Infraestruturas não se ficou a dever apenas falta de capacidade de execução de projectos pelo Estado/Governo. Ela pode ter sido, na verdade, um resultado desejado e prosseguido como forma de lutar contra a inflação.
Seja como for, parece que, a continuarmos assim, o Governo está de parabéns: a "hidra" parece ter sido dominada. Resta saber se eventuais tentativas de fazer acelerar o crescimento não irão fazer descarrilar novamente o comboio...
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