domingo, 23 de junho de 2013

Porto de Dili: alguma coisa parece errada!

Com a mania de tirar fotos aos navios (shipspotter) acabei por ficar intrigado com a prolongada permanência ao largo do porto de Dili de alguns navios. Destes, um ou outro parece estar aqui "estacionado" por falta de fretes mas outros (detectei pelo menos dois) estão/estavam com carga pois tal me dizia a linha de água.
Um deles é o "Borrison", navio matriculado no Panamá (um dos países de registo "de conveniência), com 116 mts de comprimento (IMO 8608602).

A minha primeira fotografia do navio é de 23 de Abril passado, faz hoje dois meses. Aqui está a foto que então coloquei no site vesseltracker.com


A 10 de Junho passado voltei a fotografá-lo e hoje, finalmente e passados dois meses da primeira foto, vi-o a descarregar no porto de Dili os sacos de cimento que tinha a bordo.


Note-se a enorme diferença entre a linha de água na primeira foto, com carga a bordo, e nesta última, depois de ter iniciado a descarga.
Note-se também num pormenor interessante: na parte vermelha do casco são visíveis duas zonas bem distintas: uma faixa estreita logo abaixo da zona preta, relativamente limpa, e a parte imediatamente abaixo, até à água, em que é nítida a presença de "corpos estranhos", limos/algas esverdeados/-as e pequenos animais (moluscos?) que se fixaram ao casco durante a prolongada paragem do navio.


Note-se que esta custa ao importador 2500 dólares por dia em que o navio esteja parado a servir de "armazém flutuante". Isto significa que o importador teve de pagar, pelos dois meses em que o navio aqui esteve parado, cerca de 150 mil dólares ao armador. Uma pequena fortuna! E a troco de quê? De nada! O importador do cimento vai poder ressarcir-se deste enorme custo acrescido? Dificilmente... As condições de mercado não lhe permitem diluir esse custo nos sacos importados. Logo, prejuízo significativo para o importador e, em geral, para a economia nacional.

Parece que qualquer coisa esteve mal em todo este processo. Mas a minha suspeita é a de que houve qualquer deficiência de gestão do porto de Dili que levou a esta situação.
Não se pode fazer melhor? Será que "melhor é impossível"? Não creio. A quem de direito a resposta pois a economia nacional não pode estar sujeita a situações destas.
Que não são únicas. Pelo menos um navio carregado de arroz terá estado também cerca de dois meses fundeado frente a Dili sem conseguir descarregar a sua carga.

POST SCRIPTUM:
E ainda que mal pergunte, o que estão estes postes de electricidade todos a fazer no porto há meses? E porque os importaram se há postes feitos em Timor Leste, numa fábrica a caminho de Liquiçá?!... Mistériiiioooo!

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