segunda-feira, 24 de junho de 2013

O consumo (público e privado) segundo as Contas Nacionais

Um dos quadros das Contas Nacionais aborda a evolução do consumo das famílias (privado) e do Estado (público) ao longo do período analisado: 2000 a 2011.


Na impossibilidade de analisar todas as séries estatísticas exaustivamente chamamos aqui a atenção para alguns aspectos relevantes do quadro acima.

1) o dados estão a preços constantes de 2010 a fim de serem possíveis as comparações intertemporais (i.e., entre os vários anos);
2) O consumo final aparece dividido em consumo das famílias ("households FCE-Final Consumption Expenditure), consumo das organizações não lucrativas (NPISHs FCE) e consumo geral do Governo ("General Government Expenditure");
3) o consumo das famílias aparece discriminado por vários items, nomeadamente o consumo para alimentação ("food and non-alchoolic beverages"), as depesas com a habitação, as depesas com transportes, com comunicaçções, com o ensino, etc.
4) o consumo do Estado/Governo aparece discriminado em três componentes, sendo as principais os gastos em bens e serviços e o pagamento de salários.
5) no total do consumo, o consumo privado, das famílias, representava, em 2011, 38,5% e o consumo do Estado 60,3%, sendo 46,4% de gastos no pagamento de bens e serviços. Só 8,7% do total dos gastos em consumo eram destinados ao pagamento de salários (pelo Estado);
6) o peso relativo das várias rubricas alterou-se ao longo do tempo. Em relação ao total das despesas de consumo, o peso do consumo das famílias passou de 42,8% para 38,5% entre 2000 e 2011; o peso do sector público no seu conjunto aumentou de 55,9% para 60,3% sendo que o peso dos salários triplicou de 2,9% para 8,7% ao mesmo tempo que se verificava uma redução de 52,7% para 46,4% no peso dos bens e serviços adquiridos;
7) dentro do grupo do consumo privado, das famílas, os gastos em alimentação, que em 2000 representavam 52,7% daixaram 10 pontos percentuais, situando.se em 2011 nos 42,7% --- o que é um bom sinal; os gastos em habitação e "utilidades" para esta (água, electricidade, etc) desceram ligeiramente a sua proporção, passando de 22,1% para 21,3%, a segunda rubrica mais importante no conjunto dos gastos das famílias; os transportes aumentaram de 2,8% para 5,8% e os gastos em educação passaram dos insignificantes 0,2% para os 2,4% --- o que é, igualmente, uma evolução positiva;
8) no último ano, 2011, a taxa de variação do total dos gastos em alimentação foi de -21,7%! Um valor para nós inesperado mas que pode ter alguma justificação com o aumento dos gastos noutros items e com o efeito da elevada inflação, a qual se traduziu numa contracção do rendimento real e, por isso e por arrastamento, do consumo. Isto pode ter tazido consigo algum aumento do número de pobres, previsivelmente mais rurais que urbanos mas os citadinos não devem ter passado incólomes aos efeitos da inflação;
9) pelo contrário, os gastos em bens e serviços pelo Estado aumentaram no último ano 12,8%, taxa que se seguiu a uma variação significativa nos anos anteriores (ex: +22,1% em 2009!)




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