sábado, 22 de junho de 2013

Contas Nacionais de Timor Leste, versão 2011

Na "entrada" anterior demos conta da publicação, pela agora designada Direcção Geral de Estatística, da publicação das Contas Nacionais, versão de 2011.
A versão anterior termina em 2010 e tem os valores das Contas para o período 2004-10. A presente edição revê os valores anteriores e acrescenta os cálculos para o ano de 2011 e para o período 2000-2003. O país tem agora, pois, as Contas Nacionais do período 2000 a 2011.

Note-se que estas são estatísticas fundamentais para o estudo da evolução da economia nacional e, mesmo, para a formulação da política económica de desenvolvimento --- embora aqui com o "defeito" se os dados conhecidos serem relativamente atrasados (quase 2 anos) relativamente às necessidades da formulação da política económica-

O quadro abaixo, "trabalhado" por nós a partir dos dados publicados nas versões já disponíveis, permite retirar várias conclusões interessantes. Vamos salientar algumas delas sem a pretensão de sermos exaustivos (clique no quadro para o tornar legível, sff).


No quadro figuram os dados das duas versões das Contas Nacionais e, como se pode verificar, há algumas diferenças entre os valores de cada ano em cada uma das versões. Note-se que em qualquer dos casos os valores estão a preços constantes de 2010, a única maneira de tornar os valores comparáveis entre vários anos e de calcular correctamente as taxas de variação.
Se utilizássemos os valores "a preços correntes" de cada ano, estavamos a medir não só os valores da produção como também as variações do seu valor de acordo com a inflação de cada ano. Por isso se usam apenas os dados a preços constantes para o estudo de séries estatísticas da produção de um país.

Os dados disponíveis para o produto interno bruto (PIB) global são desdobráveis em produto "petrolífero" e produto "não petrolífero". Sendo aquele muito dependente da oscilação do valor do petróleo e do gás natural no mercado internacional e da evolução da produção física deste, preferimos dar mais atenção ao produto não-petrolífero, o mais "tradicional", em que aparecem contabilizadas as produções dos sectores mais tradicionais de uma economia (agricultura, comércio, serviços, comércio internacional, indústria, etc).

Um dos aspectos a salientar é o de que o produto não petrolífero representa apenas cerca de um quinto (20-22%) do PIB global. Este foi, em 2011, de 4.525 milhões de USD enquanto que o PIB não petrolífero foi de "apenas" 1.047 milhões.
O valor por habitante do produto não petrolífero nesse ano foi de 858 USD, o que dá uma média de 2,35 USD/dia ao longo do ano. Se tomarmos os valores a preços correntes de 2011, o PIB por pessoa terá sido de 2,76 USD, um valor manifestamente baixo, traduzindo a pobreza geral do país.
Mas como muitos terão recebido mais do que isso, muitos timorenses terão obtido, naquele ano, muito menos que 2 dólares por dia.

Se, porém, usássemos como critério de cálculo do PIB per capita o valor global, com petróleo, este passaria a ser de 4.040 USD. Cerca de 11 USD/dia, um valor muito superior (mas "enganador") do rendimento dos timorenses.

A taxa de crescimento do produto interno bruto (sem petróleo) a preços constantes terá sido, de 12,8%, 9,5% e 12% nos anos de 2009 a 2011. Trata-se, na verdade, de um crescimento apreciável mas há sempre que tomar em consideração a discriminação por "parcelas" do produto dessas taxas de crescimento. A grande subida terá ficado a dever-se ao aumento dos gastos públicos (salários, infraestruturas, transferências, etc.).

De realçar que na maior parte dos casos a revisão dos dados entre as duas versões foi no sentido da subida das parcelas, o que corresponde a uma melhor "afinação" do cálculo das Contas Nacionais.

Continuaremos noutra ocasião a analisar os dados das Contas Nacionais.

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