Quadro parcial da informação sobre a evolução do
Blog sobre Economia e Política Económica do Desenvolvimento, em particular sobre a economia de Timor Leste e aquilo que naquelas pode ser útil ao desenvolvimento económico deste país
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Inflação em Maio em Dili: 13,1% (taxa homóloga)...
... com 17% de taxa de inflação dos produtos alimentares entre Maio de 2012 e Maio de 2013.
terça-feira, 25 de junho de 2013
O investimento nas Contas Nacionais
O investimento é uma das componentes mais importantes do produto de uma economia pois é ele que permite quer aumentar a sua capacidade de produção para o futuro quer facilitar a circulação de bens e pessoas bem como, nomeadamente, a instalação de vários serviços (administração pública, hospitais, escolas, etc) e das pessoas (habitação).
Note-se que nas últimas três colunas calculámos a estrutra do investimento --- em termos de contas nacionais ele é designado normalmente por Formação Bruta de Capital Fixo --- nos três últimos anos para os quais há dados disponíveis.
Por elas se pode constatar que em 2011 há uma alteração significativa dos dados, mais "normais", dos dois anos anteriores. Isso fica a dever-se ao peso do investimento da central eléctrica de Hera no investimento nacional, fazendo "disparar" o peso da FBCF do sector público comparativamente com a do sector privado (empresas e famílias).
Aliás, o período de construção da central repercutiu-se significativamente no valor absoluto do investimento total e da sua componente pública, com o máximo dos três anos a ser alcançado no último para que há dados (2011).
Ele repercutiu-se também numa outra componente do produto, as importações, com estas a crescerem significativamente devido à entrada dos equipamentos para a central.
Por elas se pode constatar que em 2011 há uma alteração significativa dos dados, mais "normais", dos dois anos anteriores. Isso fica a dever-se ao peso do investimento da central eléctrica de Hera no investimento nacional, fazendo "disparar" o peso da FBCF do sector público comparativamente com a do sector privado (empresas e famílias).
Aliás, o período de construção da central repercutiu-se significativamente no valor absoluto do investimento total e da sua componente pública, com o máximo dos três anos a ser alcançado no último para que há dados (2011).
Ele repercutiu-se também numa outra componente do produto, as importações, com estas a crescerem significativamente devido à entrada dos equipamentos para a central.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
O consumo (público e privado) segundo as Contas Nacionais
Um dos quadros das Contas Nacionais aborda a evolução do consumo das famílias (privado) e do Estado (público) ao longo do período analisado: 2000 a 2011.
Na impossibilidade de analisar todas as séries estatísticas exaustivamente chamamos aqui a atenção para alguns aspectos relevantes do quadro acima.
1) o dados estão a preços constantes de 2010 a fim de serem possíveis as comparações intertemporais (i.e., entre os vários anos);
2) O consumo final aparece dividido em consumo das famílias ("households FCE-Final Consumption Expenditure), consumo das organizações não lucrativas (NPISHs FCE) e consumo geral do Governo ("General Government Expenditure");
3) o consumo das famílias aparece discriminado por vários items, nomeadamente o consumo para alimentação ("food and non-alchoolic beverages"), as depesas com a habitação, as depesas com transportes, com comunicaçções, com o ensino, etc.
4) o consumo do Estado/Governo aparece discriminado em três componentes, sendo as principais os gastos em bens e serviços e o pagamento de salários.
5) no total do consumo, o consumo privado, das famílias, representava, em 2011, 38,5% e o consumo do Estado 60,3%, sendo 46,4% de gastos no pagamento de bens e serviços. Só 8,7% do total dos gastos em consumo eram destinados ao pagamento de salários (pelo Estado);
6) o peso relativo das várias rubricas alterou-se ao longo do tempo. Em relação ao total das despesas de consumo, o peso do consumo das famílias passou de 42,8% para 38,5% entre 2000 e 2011; o peso do sector público no seu conjunto aumentou de 55,9% para 60,3% sendo que o peso dos salários triplicou de 2,9% para 8,7% ao mesmo tempo que se verificava uma redução de 52,7% para 46,4% no peso dos bens e serviços adquiridos;
7) dentro do grupo do consumo privado, das famílas, os gastos em alimentação, que em 2000 representavam 52,7% daixaram 10 pontos percentuais, situando.se em 2011 nos 42,7% --- o que é um bom sinal; os gastos em habitação e "utilidades" para esta (água, electricidade, etc) desceram ligeiramente a sua proporção, passando de 22,1% para 21,3%, a segunda rubrica mais importante no conjunto dos gastos das famílias; os transportes aumentaram de 2,8% para 5,8% e os gastos em educação passaram dos insignificantes 0,2% para os 2,4% --- o que é, igualmente, uma evolução positiva;
8) no último ano, 2011, a taxa de variação do total dos gastos em alimentação foi de -21,7%! Um valor para nós inesperado mas que pode ter alguma justificação com o aumento dos gastos noutros items e com o efeito da elevada inflação, a qual se traduziu numa contracção do rendimento real e, por isso e por arrastamento, do consumo. Isto pode ter tazido consigo algum aumento do número de pobres, previsivelmente mais rurais que urbanos mas os citadinos não devem ter passado incólomes aos efeitos da inflação;
9) pelo contrário, os gastos em bens e serviços pelo Estado aumentaram no último ano 12,8%, taxa que se seguiu a uma variação significativa nos anos anteriores (ex: +22,1% em 2009!)
Na impossibilidade de analisar todas as séries estatísticas exaustivamente chamamos aqui a atenção para alguns aspectos relevantes do quadro acima.
1) o dados estão a preços constantes de 2010 a fim de serem possíveis as comparações intertemporais (i.e., entre os vários anos);
2) O consumo final aparece dividido em consumo das famílias ("households FCE-Final Consumption Expenditure), consumo das organizações não lucrativas (NPISHs FCE) e consumo geral do Governo ("General Government Expenditure");
3) o consumo das famílias aparece discriminado por vários items, nomeadamente o consumo para alimentação ("food and non-alchoolic beverages"), as depesas com a habitação, as depesas com transportes, com comunicaçções, com o ensino, etc.
4) o consumo do Estado/Governo aparece discriminado em três componentes, sendo as principais os gastos em bens e serviços e o pagamento de salários.
5) no total do consumo, o consumo privado, das famílias, representava, em 2011, 38,5% e o consumo do Estado 60,3%, sendo 46,4% de gastos no pagamento de bens e serviços. Só 8,7% do total dos gastos em consumo eram destinados ao pagamento de salários (pelo Estado);
6) o peso relativo das várias rubricas alterou-se ao longo do tempo. Em relação ao total das despesas de consumo, o peso do consumo das famílias passou de 42,8% para 38,5% entre 2000 e 2011; o peso do sector público no seu conjunto aumentou de 55,9% para 60,3% sendo que o peso dos salários triplicou de 2,9% para 8,7% ao mesmo tempo que se verificava uma redução de 52,7% para 46,4% no peso dos bens e serviços adquiridos;
7) dentro do grupo do consumo privado, das famílas, os gastos em alimentação, que em 2000 representavam 52,7% daixaram 10 pontos percentuais, situando.se em 2011 nos 42,7% --- o que é um bom sinal; os gastos em habitação e "utilidades" para esta (água, electricidade, etc) desceram ligeiramente a sua proporção, passando de 22,1% para 21,3%, a segunda rubrica mais importante no conjunto dos gastos das famílias; os transportes aumentaram de 2,8% para 5,8% e os gastos em educação passaram dos insignificantes 0,2% para os 2,4% --- o que é, igualmente, uma evolução positiva;
8) no último ano, 2011, a taxa de variação do total dos gastos em alimentação foi de -21,7%! Um valor para nós inesperado mas que pode ter alguma justificação com o aumento dos gastos noutros items e com o efeito da elevada inflação, a qual se traduziu numa contracção do rendimento real e, por isso e por arrastamento, do consumo. Isto pode ter tazido consigo algum aumento do número de pobres, previsivelmente mais rurais que urbanos mas os citadinos não devem ter passado incólomes aos efeitos da inflação;
9) pelo contrário, os gastos em bens e serviços pelo Estado aumentaram no último ano 12,8%, taxa que se seguiu a uma variação significativa nos anos anteriores (ex: +22,1% em 2009!)
domingo, 23 de junho de 2013
De novo as Contas Nacionais de Timor Leste
Da publicação da Direcção Geral de Estatística sobre Contas Nacionais retirámos os dois quadros seguintes (clicar para aumentar e tornar legíveis):
Consumo das famílias: 62,4%
Consumo do Estado (Consumo público + Despesas de desenv. e assistência técnica): 62,4%
Compras pela ONU (UNMIT + ISF): 34,8%
[Consumo do Estado + ONU = 97,2%]
Formação Bruta de Capital Fixo (genericamente o Investimento): 49,1%
Exportação de bens e serviços (sector não-petrolífero): 9,3%
(menos) Importação de bens e serviços: 120,9%
No primeiro estão os dados do produto petrolífero e não petrolífero em valores absolutos e segundo a sua origem numa óptica de despesa: consumo (das famílias e do Estado), investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), exportações (nomeadamente de petróleo e gás no caso do produto petrolífero) e importações.
No segundo estão os mesmos valores mas em percentagem do PIB petrolífero. As três últimas linhas deste segundo quadro dizem-nos, nomeadamente, que, em média, o sector petrolífero representa quase 80% da produção nacional e que o sector não petrolífero se queda por uns "modestos" cerca de 20-24% do PIB total (com petróleo).
Esta é uma das imagens da grande dependência da economia do país relativamente à produção petrolífera no Mar de Timor.
O gráfico abaixo ilustra a evolução do Produto total (com petróleo) e das suas duas componentes: o produto do sector petrolífero e o do sector não petrolífero. Como se pode verificar o comportamento do produto do sector petrolífero é determinante para o comportamento do Produto Total, representando, em 2011, 77% do total deste. O produto não-petrolífero representava os restantes 23%.
Se tomarmos em consideração apenas o PIB total NÃO PETROLÍFERO verificamos que o peso das diversas componentes da despesa é o seguinte (média de 2009 a 2011):Consumo das famílias: 62,4%
Consumo do Estado (Consumo público + Despesas de desenv. e assistência técnica): 62,4%
Compras pela ONU (UNMIT + ISF): 34,8%
[Consumo do Estado + ONU = 97,2%]
Formação Bruta de Capital Fixo (genericamente o Investimento): 49,1%
Exportação de bens e serviços (sector não-petrolífero): 9,3%
(menos) Importação de bens e serviços: 120,9%
Porto de Dili: alguma coisa parece errada!
Com a mania de tirar fotos aos navios (shipspotter) acabei por ficar intrigado com a prolongada permanência ao largo do porto de Dili de alguns navios. Destes, um ou outro parece estar aqui "estacionado" por falta de fretes mas outros (detectei pelo menos dois) estão/estavam com carga pois tal me dizia a linha de água.
Um deles é o "Borrison", navio matriculado no Panamá (um dos países de registo "de conveniência), com 116 mts de comprimento (IMO 8608602).
A minha primeira fotografia do navio é de 23 de Abril passado, faz hoje dois meses. Aqui está a foto que então coloquei no site vesseltracker.com
A 10 de Junho passado voltei a fotografá-lo e hoje, finalmente e passados dois meses da primeira foto, vi-o a descarregar no porto de Dili os sacos de cimento que tinha a bordo.
Note-se a enorme diferença entre a linha de água na primeira foto, com carga a bordo, e nesta última, depois de ter iniciado a descarga.
Note-se também num pormenor interessante: na parte vermelha do casco são visíveis duas zonas bem distintas: uma faixa estreita logo abaixo da zona preta, relativamente limpa, e a parte imediatamente abaixo, até à água, em que é nítida a presença de "corpos estranhos", limos/algas esverdeados/-as e pequenos animais (moluscos?) que se fixaram ao casco durante a prolongada paragem do navio.
Parece que qualquer coisa esteve mal em todo este processo. Mas a minha suspeita é a de que houve qualquer deficiência de gestão do porto de Dili que levou a esta situação.
Não se pode fazer melhor? Será que "melhor é impossível"? Não creio. A quem de direito a resposta pois a economia nacional não pode estar sujeita a situações destas.
Que não são únicas. Pelo menos um navio carregado de arroz terá estado também cerca de dois meses fundeado frente a Dili sem conseguir descarregar a sua carga.
POST SCRIPTUM:
E ainda que mal pergunte, o que estão estes postes de electricidade todos a fazer no porto há meses? E porque os importaram se há postes feitos em Timor Leste, numa fábrica a caminho de Liquiçá?!... Mistériiiioooo!
Um deles é o "Borrison", navio matriculado no Panamá (um dos países de registo "de conveniência), com 116 mts de comprimento (IMO 8608602).
A minha primeira fotografia do navio é de 23 de Abril passado, faz hoje dois meses. Aqui está a foto que então coloquei no site vesseltracker.com
A 10 de Junho passado voltei a fotografá-lo e hoje, finalmente e passados dois meses da primeira foto, vi-o a descarregar no porto de Dili os sacos de cimento que tinha a bordo.
Note-se a enorme diferença entre a linha de água na primeira foto, com carga a bordo, e nesta última, depois de ter iniciado a descarga.
Note-se também num pormenor interessante: na parte vermelha do casco são visíveis duas zonas bem distintas: uma faixa estreita logo abaixo da zona preta, relativamente limpa, e a parte imediatamente abaixo, até à água, em que é nítida a presença de "corpos estranhos", limos/algas esverdeados/-as e pequenos animais (moluscos?) que se fixaram ao casco durante a prolongada paragem do navio.
Note-se que esta custa ao importador 2500 dólares por dia em que o navio esteja parado a servir de "armazém flutuante". Isto significa que o importador teve de pagar, pelos dois meses em que o navio aqui esteve parado, cerca de 150 mil dólares ao armador. Uma pequena fortuna! E a troco de quê? De nada! O importador do cimento vai poder ressarcir-se deste enorme custo acrescido? Dificilmente... As condições de mercado não lhe permitem diluir esse custo nos sacos importados. Logo, prejuízo significativo para o importador e, em geral, para a economia nacional.
Parece que qualquer coisa esteve mal em todo este processo. Mas a minha suspeita é a de que houve qualquer deficiência de gestão do porto de Dili que levou a esta situação.
Não se pode fazer melhor? Será que "melhor é impossível"? Não creio. A quem de direito a resposta pois a economia nacional não pode estar sujeita a situações destas.
Que não são únicas. Pelo menos um navio carregado de arroz terá estado também cerca de dois meses fundeado frente a Dili sem conseguir descarregar a sua carga.
POST SCRIPTUM:
E ainda que mal pergunte, o que estão estes postes de electricidade todos a fazer no porto há meses? E porque os importaram se há postes feitos em Timor Leste, numa fábrica a caminho de Liquiçá?!... Mistériiiioooo!
sábado, 22 de junho de 2013
Contas Nacionais de Timor Leste, versão 2011
Na "entrada" anterior demos conta da publicação, pela agora designada Direcção Geral de Estatística, da publicação das Contas Nacionais, versão de 2011.
A versão anterior termina em 2010 e tem os valores das Contas para o período 2004-10. A presente edição revê os valores anteriores e acrescenta os cálculos para o ano de 2011 e para o período 2000-2003. O país tem agora, pois, as Contas Nacionais do período 2000 a 2011.
Note-se que estas são estatísticas fundamentais para o estudo da evolução da economia nacional e, mesmo, para a formulação da política económica de desenvolvimento --- embora aqui com o "defeito" se os dados conhecidos serem relativamente atrasados (quase 2 anos) relativamente às necessidades da formulação da política económica-
O quadro abaixo, "trabalhado" por nós a partir dos dados publicados nas versões já disponíveis, permite retirar várias conclusões interessantes. Vamos salientar algumas delas sem a pretensão de sermos exaustivos (clique no quadro para o tornar legível, sff).
No quadro figuram os dados das duas versões das Contas Nacionais e, como se pode verificar, há algumas diferenças entre os valores de cada ano em cada uma das versões. Note-se que em qualquer dos casos os valores estão a preços constantes de 2010, a única maneira de tornar os valores comparáveis entre vários anos e de calcular correctamente as taxas de variação.
Se utilizássemos os valores "a preços correntes" de cada ano, estavamos a medir não só os valores da produção como também as variações do seu valor de acordo com a inflação de cada ano. Por isso se usam apenas os dados a preços constantes para o estudo de séries estatísticas da produção de um país.
Os dados disponíveis para o produto interno bruto (PIB) global são desdobráveis em produto "petrolífero" e produto "não petrolífero". Sendo aquele muito dependente da oscilação do valor do petróleo e do gás natural no mercado internacional e da evolução da produção física deste, preferimos dar mais atenção ao produto não-petrolífero, o mais "tradicional", em que aparecem contabilizadas as produções dos sectores mais tradicionais de uma economia (agricultura, comércio, serviços, comércio internacional, indústria, etc).
Um dos aspectos a salientar é o de que o produto não petrolífero representa apenas cerca de um quinto (20-22%) do PIB global. Este foi, em 2011, de 4.525 milhões de USD enquanto que o PIB não petrolífero foi de "apenas" 1.047 milhões.
O valor por habitante do produto não petrolífero nesse ano foi de 858 USD, o que dá uma média de 2,35 USD/dia ao longo do ano. Se tomarmos os valores a preços correntes de 2011, o PIB por pessoa terá sido de 2,76 USD, um valor manifestamente baixo, traduzindo a pobreza geral do país.
Mas como muitos terão recebido mais do que isso, muitos timorenses terão obtido, naquele ano, muito menos que 2 dólares por dia.
Se, porém, usássemos como critério de cálculo do PIB per capita o valor global, com petróleo, este passaria a ser de 4.040 USD. Cerca de 11 USD/dia, um valor muito superior (mas "enganador") do rendimento dos timorenses.
A taxa de crescimento do produto interno bruto (sem petróleo) a preços constantes terá sido, de 12,8%, 9,5% e 12% nos anos de 2009 a 2011. Trata-se, na verdade, de um crescimento apreciável mas há sempre que tomar em consideração a discriminação por "parcelas" do produto dessas taxas de crescimento. A grande subida terá ficado a dever-se ao aumento dos gastos públicos (salários, infraestruturas, transferências, etc.).
De realçar que na maior parte dos casos a revisão dos dados entre as duas versões foi no sentido da subida das parcelas, o que corresponde a uma melhor "afinação" do cálculo das Contas Nacionais.
Continuaremos noutra ocasião a analisar os dados das Contas Nacionais.
A versão anterior termina em 2010 e tem os valores das Contas para o período 2004-10. A presente edição revê os valores anteriores e acrescenta os cálculos para o ano de 2011 e para o período 2000-2003. O país tem agora, pois, as Contas Nacionais do período 2000 a 2011.
Note-se que estas são estatísticas fundamentais para o estudo da evolução da economia nacional e, mesmo, para a formulação da política económica de desenvolvimento --- embora aqui com o "defeito" se os dados conhecidos serem relativamente atrasados (quase 2 anos) relativamente às necessidades da formulação da política económica-
O quadro abaixo, "trabalhado" por nós a partir dos dados publicados nas versões já disponíveis, permite retirar várias conclusões interessantes. Vamos salientar algumas delas sem a pretensão de sermos exaustivos (clique no quadro para o tornar legível, sff).
No quadro figuram os dados das duas versões das Contas Nacionais e, como se pode verificar, há algumas diferenças entre os valores de cada ano em cada uma das versões. Note-se que em qualquer dos casos os valores estão a preços constantes de 2010, a única maneira de tornar os valores comparáveis entre vários anos e de calcular correctamente as taxas de variação.
Se utilizássemos os valores "a preços correntes" de cada ano, estavamos a medir não só os valores da produção como também as variações do seu valor de acordo com a inflação de cada ano. Por isso se usam apenas os dados a preços constantes para o estudo de séries estatísticas da produção de um país.
Os dados disponíveis para o produto interno bruto (PIB) global são desdobráveis em produto "petrolífero" e produto "não petrolífero". Sendo aquele muito dependente da oscilação do valor do petróleo e do gás natural no mercado internacional e da evolução da produção física deste, preferimos dar mais atenção ao produto não-petrolífero, o mais "tradicional", em que aparecem contabilizadas as produções dos sectores mais tradicionais de uma economia (agricultura, comércio, serviços, comércio internacional, indústria, etc).
Um dos aspectos a salientar é o de que o produto não petrolífero representa apenas cerca de um quinto (20-22%) do PIB global. Este foi, em 2011, de 4.525 milhões de USD enquanto que o PIB não petrolífero foi de "apenas" 1.047 milhões.
O valor por habitante do produto não petrolífero nesse ano foi de 858 USD, o que dá uma média de 2,35 USD/dia ao longo do ano. Se tomarmos os valores a preços correntes de 2011, o PIB por pessoa terá sido de 2,76 USD, um valor manifestamente baixo, traduzindo a pobreza geral do país.
Mas como muitos terão recebido mais do que isso, muitos timorenses terão obtido, naquele ano, muito menos que 2 dólares por dia.
Se, porém, usássemos como critério de cálculo do PIB per capita o valor global, com petróleo, este passaria a ser de 4.040 USD. Cerca de 11 USD/dia, um valor muito superior (mas "enganador") do rendimento dos timorenses.
A taxa de crescimento do produto interno bruto (sem petróleo) a preços constantes terá sido, de 12,8%, 9,5% e 12% nos anos de 2009 a 2011. Trata-se, na verdade, de um crescimento apreciável mas há sempre que tomar em consideração a discriminação por "parcelas" do produto dessas taxas de crescimento. A grande subida terá ficado a dever-se ao aumento dos gastos públicos (salários, infraestruturas, transferências, etc.).
De realçar que na maior parte dos casos a revisão dos dados entre as duas versões foi no sentido da subida das parcelas, o que corresponde a uma melhor "afinação" do cálculo das Contas Nacionais.
Continuaremos noutra ocasião a analisar os dados das Contas Nacionais.
terça-feira, 18 de junho de 2013
Informação estatística recente
A Direcção Nacional de Estatística divulgou recentemente dados estatísticos importantes sobre a economia de Timor Leste, nomeadamente sobre a nova série de índices de preços e, com eles, das taxas de inflação, e os dados mais recentes sobre as Contas Nacionais do país e que incluem dados para 2011 (os anteriores eram apenas de 2004 a 2010).
Consulte a página dos Índices de Preços aqui: http://www.dne.mof.gov.tl/cpi/Monthly%20Report/index.htm
Dela se pode concluir que a taxa de inflação homóloga de Abril passado (2013) foi de 13%, com 13,6% para o caso da inflação sem despesas de habitação.
Os dados de Abril de 2013 permitem ainda concluir que a taxa homóloga acima foi principalmente resultado de uma variação homóloga para aquele período de 16,8% para o grupo dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas.
As contas nacionais são mais facilmente consultáveis a partir da página do Lao Hamutuk. Veja aqui: http://www.laohamutuk.org/DVD/DGS/NatlAccts2011May2013en.pdf
O inquérito à situação económica e social das famílias timorenses realizado em 2011 e que serviu de base à revisão do Indice de Preços (o anterior baseava-se num inquérito de 2001 e estava desactualizado) pode ser lido aqui: http://www.dne.mof.gov.tl/TLSLS/HIES/HIES_2011/HIES_%202011/HIES2011_Report%20-%20Final.pdf
De interesse para os leitores é também o relatório "Business Activity Survey of Timor-Leste 2011", que pode ser consultado através da sua cópia disponível em http://www.laohamutuk.org/DVD/DGS/BAS2011May2013en.pdf
Consulte a página dos Índices de Preços aqui: http://www.dne.mof.gov.tl/cpi/Monthly%20Report/index.htm
Dela se pode concluir que a taxa de inflação homóloga de Abril passado (2013) foi de 13%, com 13,6% para o caso da inflação sem despesas de habitação.
Os dados de Abril de 2013 permitem ainda concluir que a taxa homóloga acima foi principalmente resultado de uma variação homóloga para aquele período de 16,8% para o grupo dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas.
As contas nacionais são mais facilmente consultáveis a partir da página do Lao Hamutuk. Veja aqui: http://www.laohamutuk.org/DVD/DGS/NatlAccts2011May2013en.pdf
O inquérito à situação económica e social das famílias timorenses realizado em 2011 e que serviu de base à revisão do Indice de Preços (o anterior baseava-se num inquérito de 2001 e estava desactualizado) pode ser lido aqui: http://www.dne.mof.gov.tl/TLSLS/HIES/HIES_2011/HIES_%202011/HIES2011_Report%20-%20Final.pdf
De interesse para os leitores é também o relatório "Business Activity Survey of Timor-Leste 2011", que pode ser consultado através da sua cópia disponível em http://www.laohamutuk.org/DVD/DGS/BAS2011May2013en.pdf
sábado, 8 de junho de 2013
Corrupção na ASEAN - um link interessante
Esta entrada consta apenas de um 'link' para um sítio na internet que aborda, com interesse, a questão da corrupção nos países da ASEAN. Timor Leste não está referido no estudo.
Aqui está o link:
http://aseanbusinesss.com/2013/06/01/corruption-in-asean-we-cheat-the-other-guy-and-pass-the-savings-on-to-you/?goback=.gde_4009379_member_247742151
Leia-a o texto já que este é interessante e dá-nos uma ideia da (importante) dimensão do problema nos países do Sudeste Asiático --- além de dar uma explicação sucinta das razões pelas quais a corrupção é uma "doença" das economias que deve ser reduzida o mais possível. Acabar com ela? Impossível...
Aqui está o link:
http://aseanbusinesss.com/2013/06/01/corruption-in-asean-we-cheat-the-other-guy-and-pass-the-savings-on-to-you/?goback=.gde_4009379_member_247742151
Leia-a o texto já que este é interessante e dá-nos uma ideia da (importante) dimensão do problema nos países do Sudeste Asiático --- além de dar uma explicação sucinta das razões pelas quais a corrupção é uma "doença" das economias que deve ser reduzida o mais possível. Acabar com ela? Impossível...
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Uma explicação (evidente...)
Leitora assídua "reclamou" recentemente do facto de este blogue passar agora longos períodos sem ser actulizado com novos comentários.
A explicação acaba por ser simples.
Tendo passado a ser conselheiro/assessor económico do Parlamento Nacional de Timor Leste parece-me que é mais curial que partilhe as minhas ideias sobre a economia de Timor primeiramente com os deputados do PN. Como, por diversas razões, tal nem sempre é possível entendi que não devia expo-las aqui em primeira mão para outras pessoas que não eles.
Esta é a razão principal mas faltaria à verdade se dissesse que é a única. A realidade é que os afazeres profissionais me deixam também menos tempo disponível para escrever aqui.
Temas para conversa não faltam, desde o recente debate sobre a criação de municípios com base nos actuais distritos (do "nacional"/"maxi" ao "local"/"mini" sem passar pelo "meso"?), até à constatação de que começam a ser visíveis os esforços de melhoria de algumas estradas (nomeadamente entre Dili e a fronteira com Timor Ocidental), passando pelo crescente número de "MDG houses" (casas construidas no contexto da prossecução dos Objectivos do Milénio), etc, etc., etc.
A explicação acaba por ser simples.
Tendo passado a ser conselheiro/assessor económico do Parlamento Nacional de Timor Leste parece-me que é mais curial que partilhe as minhas ideias sobre a economia de Timor primeiramente com os deputados do PN. Como, por diversas razões, tal nem sempre é possível entendi que não devia expo-las aqui em primeira mão para outras pessoas que não eles.
Esta é a razão principal mas faltaria à verdade se dissesse que é a única. A realidade é que os afazeres profissionais me deixam também menos tempo disponível para escrever aqui.
Temas para conversa não faltam, desde o recente debate sobre a criação de municípios com base nos actuais distritos (do "nacional"/"maxi" ao "local"/"mini" sem passar pelo "meso"?), até à constatação de que começam a ser visíveis os esforços de melhoria de algumas estradas (nomeadamente entre Dili e a fronteira com Timor Ocidental), passando pelo crescente número de "MDG houses" (casas construidas no contexto da prossecução dos Objectivos do Milénio), etc, etc., etc.
Estrada Liquiçá-Maubara, na zona da Lagoa de Maubara.
Ontem consegui a proeza de fazer, pela primeira vez,
4800 metros seguidos de estrada boa.
"Casas do Milénio" do bairro construído em Batugadé.
Será fácil passar do 'habitat' disperso ao concentrado?
Novo Índice de preços em Timor Leste e taxa de inflação nacional
Uma das críticas que se fazia há já algum tempo ao Índice de Preços utilizado em Timor Leste para cálculo da taxa de inflação era a de que ele, uma vez que tinha como base uma estrutura de consumos que datava de 2001, estaria algo desactualizado face à estrutura de consumo mais actual.
Não menos importante, o IPC era calculado em duas "versões": para Dili (o que, por ser actualizado mensalmente, era "levado mais a sério" e usado como indicador da inflação em Timor Leste), por um lado, e para Dili e mais três cidades com uma metodologia que deixava muito a desejar para ser considerado "nacional" --- como pretendia ser.
Graças ao apoio técnico do serviço australiano de estatística foi possível rever o IPC usando como base o inquérito ao consumo de 2011 e novos métodos de recolha de dados. Foi criado, assim, um IPC com base agora "verdadeiramente" nacional com IPC=100 para Dezembro de 2012.
Foram recentemente divulgados os primeiros valores do novo Índice de Preços. Este era em Abril passado de 103,4 (base DEZ12=100, como dissemos).
Neste primeiro ano de cálculo do novo IPC ele será divulgado apenas trimestralmente. O valor da taxa de inflação homóloga de Março de 2013 (preços deste mês comparados com o do mês homólogo de 2012) foi de 12,2%, com o grupo da aimentação e bebidas não alcoólicas (de longe o que mais pesa no consumo) a "valer" +14,9% que um ano antes.
Recorde-se que com base no Índice anterior as estimativas do Governo eram de que a inflação será este ano de cerca de 7%. Menos optimista, eu ía apontando para os cerca de 9% como taxa média anual.
A ver vamos em que ficamos.
Não menos importante, o IPC era calculado em duas "versões": para Dili (o que, por ser actualizado mensalmente, era "levado mais a sério" e usado como indicador da inflação em Timor Leste), por um lado, e para Dili e mais três cidades com uma metodologia que deixava muito a desejar para ser considerado "nacional" --- como pretendia ser.
Graças ao apoio técnico do serviço australiano de estatística foi possível rever o IPC usando como base o inquérito ao consumo de 2011 e novos métodos de recolha de dados. Foi criado, assim, um IPC com base agora "verdadeiramente" nacional com IPC=100 para Dezembro de 2012.
Foram recentemente divulgados os primeiros valores do novo Índice de Preços. Este era em Abril passado de 103,4 (base DEZ12=100, como dissemos).
Neste primeiro ano de cálculo do novo IPC ele será divulgado apenas trimestralmente. O valor da taxa de inflação homóloga de Março de 2013 (preços deste mês comparados com o do mês homólogo de 2012) foi de 12,2%, com o grupo da aimentação e bebidas não alcoólicas (de longe o que mais pesa no consumo) a "valer" +14,9% que um ano antes.
Recorde-se que com base no Índice anterior as estimativas do Governo eram de que a inflação será este ano de cerca de 7%. Menos optimista, eu ía apontando para os cerca de 9% como taxa média anual.
A ver vamos em que ficamos.
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