domingo, 5 de junho de 2011

Regimes cambiais na região do Pacífico

Timor Leste, por decisão da UNTAET influenciada pelo FMI, tem, desde o início do ano 2000, o USD como moeda nacional.
Alguns dos argumentos principais do Fundo para a opção adoptada foram, por um lado, o facto de o país não ter, na ocasião, capacidade de ter e gerir uma moeda própria e, por outro, o de que a maior parte das receitas de Timor Leste, tal como se anteviam na época, serem (e virem a ser) em USD, quer fossem provenientes dos doadores internacionais, quer da exportação de café quer, mais tarde, da exploração petrolífera do Mar de Timor.

Mas outro argumento foi o de que, na região do Pacífico --- e muitas vezes o país é incluído num agrupamento com outros países "pequenos", insulares, do Pacífico ocidental ---, outros países usavem, com vantagens para a estabilidade das respectivas economias (nomeadamente em termos de controlo da inflação), as moedas de terceiros países.



O quadro acima, retirado da base de dados do último Asian Development Outlook publicado (já este ano) pelo Banco Asiático de Desenvolvimento, dá-nos um panorama da situação: dos 14 países listados no grupo das economias do Pacífico só 6 emitem moeda própria: Fiji, Papua Nova Guiné, Samoa, Ilhas Salomão, Tonga e Vanuatu. Os restantes 8 usam como moeda nacional o USD (4), o dólar neozelandês (1) e o dólar australiano (3).

Lembramo-nos que na época muitos argumentaram que se tratava de uma escolha errada pois o dólar americano era uma moeda muito forte. E era verdade: a taxa de câmbio do USD em relação ao euro, por exemplo, era quase de 1 para 1. Hoje a taxa de câmbio alterou-se significativamente e a taxa de câmbio é de cerca de 1:1,46, i.e., 1 euro vale 1,46 USD. I.e., em relação ao Euro o USD perdeu quase 50% do seu valor!...


Esta depreciação da moeda poderia --- deveria, se a teoria/lógica não fosse uma batata!... --- ter incentivado as exportações nacionais e desincentivado as importações. Ora isto não aconteceu! Quase diria que "antes pelo contrário". Porquê? Porque por outras e "poderosas" razões não foi ainda possível criar um aparelho produtivo no país que se ocupasse em produzir alguns dos bens importados e agora mais caros --- temos de dar mais dólares para pagar as mesmas rupias... --- e, mesmo, a gerar uma capacidade de exportação.
Entretenham-se a pensar em algumas dessas razões! :-)

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