domingo, 26 de junho de 2011

"Continuação..."

Na "entrada" anterior referimos algumas linhas de força do que poderia ser uma estratégia de desenvolvimento do país. É um tema que gostaríamos de desafiar os leitores a comentarem mais e a sugerir pistas de evolução futura.

Queria hoje deixar aqui apenas algumas (outras) linhas de raciocínio sobre o assunto, algo "soltas" mas que podem ajudar a ir pensando o futuro.

O primeiro aspecto é o de que o assunto exige um como que debate nacional e não apenas umas sugestões de meia dúzia de "iluminados". Trata-se de uma tarefa para TODOS e para várias gerações e deveria haver alguma concordância entre (quase) TODOS sobre a "linha de rumo" principal a seguir. Opções nesta área não se compadecem com alteraçõs a cada 5 anos de acordo com o ciclo eleitoral...

Uma segunda nota é para colocarmos os pés na terra. Recordemos que a administração indonésia não foi bem sucedida no desenvolvimento do país segundo linhas de força de uma economia moderna. Talvez não tenha sido apenas por falta de vontade ou por mera incapacidade... Talvez a realidade geo-económica do país não seja, infelizmente, a mais propícia a optimismos... Porque não se desenvolveu uma estrutura industrial digna desse nome? Será que vai ser possível criá-la agora "lutando" contra o que parece ser a força da História e da Geografia? Recordemos o que já dissemos várias vezes: a solução indonésia para a sua incapacidade de desenvolver o país foi alargar quase até à exaustão a administração pública. Temo que neste momento se esteja mais perto desta "solução" do que muitos pensam... Faço "figas" para que não seja assim...

Referi nomeadamente a necessidade de se definirem alguns sectores onde apostar mais decididamente e mencionei a agricultura (em geral) e a indústria --- e tudo o que está na "articulação" entre uma e outra.

Há um utro sector que é ESSENCIAL mencionar aqui: o da habitação.
Os timorenses precisam de mais e melhores casas. É, mesmo, URGENTISSIMAMENTE URGENTE ( :-)  ) começar a pensar o país e, principalmente, as suas principais cidades, em termos de profunda revisão do seu urbanismo e da qualidade e quantidade das habitações. É notório que nos últimos anos este sector conheceu uma quase "explosão" e prevê-se que, se a economia continuar a crescer aos ritmos previstos, assim continue a ser. Este é, pois, um sector a que deve ser dada prioridade no apoio ao seu desenvolvimento quer pela criação de programas de habitação pelo Estado quer pelo apoio deste ao desenvolvimento das indústrias a ele ligado (e que são normalmente muitas).

O que se disse em relação ao sector da habitação é, com as adaptações necessárias, susceptível de ser dito também em relação ao sector das infraestruturas. Não basta faze-las: é preciso tentar que a maior parte possível dos seus custo sejam gastos no país e não a pagar importações.

Finalmente (por agora...) há que apostar mais no sector do turismo, nomeadamente com alguma qualidade. Mas sobre este já falámos há dias... Penso que se está a "desaproveitar" demasiado o significativo número de "turistas potenciais" (os técnicos internacionais que trabalham em Timor Leste)... As capitais de distrito, pelo menos, deveriam ser dotadas de "camas" (e "casas de banho" e restaurantes"... ) com um mínimo de qualidade --- o que não acontece normalmente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Professor,

Respondendo ao seu apelo, deixo aqui os meus comentários:

i) "TL precisa de apostar nas infra-estruturas", mas isso é o que todos dizem, da direita à esquerda (seja lá o que isso é por aqui), neoliberias à neokeynesianos, economistas e não economistas. Dizem o óbvio. Mas para mim, TL precisa primeiro de apostar na reorganização territorial e urbana. Não pode ser como lahane ou comoro, ou ter casas na "mota ibun" (bidau). Também não pode continuar com aquele mercado em lahane, onde nas horas de ponta é impossível os carros circularem. não pode ter os porcos, as galinhas e os cães a atravessarem constantemente nas estradas. Não pode ter pessoas a andarem lado a lado (literalmente nas estradas) e os veículos é que se desviam. Não pode ter mikrolets a circularem sem zonas de paragem.

ii)O Japão (e a Coreia do Sul) é um país que vive da sua cultura. Tem uma cultura muito forte, respeita a tradição (vê-se pelas taxas de suicídio). TL está a perder a sua cultura, está dominada pela corrupção, familiarismo e outros vícios de países corruptos. Costumo dizer muitas vezes, TL ou sai como o Japão ou como mais um país asiático sem "eira nem beira". Infelizmente existem muitos lobbies, os tais "burgueses".

iii) Prefiro olhar primeiro para a microeconomia. Ter moeda própria, controlar a inflação, aposta em infra-estruturas, bancos de desenvolvimento? Pode ser importante, mas... há coisas mais importantes no dia-a-dia.

Cumprimentos