terça-feira, 14 de junho de 2011

Cautela e caldos de galinha...

Enquanto se espera a divulgação da proposta do Governo, aqui fica a notícia sobre o próximo (?) envio para o Parlamento Nacional, para discussão e aprovação, da Lei (revista) do Fundo Petrolífero. 


Desconhecemos o texto da proposta a apresentar ao Parlamento. Sabemos apenas o que foi divulgado pela comunicação social, em que o principal ponto em revisão parece ser o da percentagem de recursos a serem aplicados da forma que tem sido usual até agora (90% em títulos do Tesouro americano). Esta percentagem vai ser reduzida significativamente, falando-se na hipótese de as aplicações em títulos de rendimento variável (acções) poderem ir até quase aos 50% do total do capital do Fundo.

Muitos verão nesta mudança de atitude um perigoso "mudar de agulha" na estratégia prosseguida até aqui, para muitos demasiado cautelosa, esquecendo-se do contexto histórico (incluindo de nível de receitas petrolíferas previsíveis) em que ela foi aprovada.
Queremos recordar aqui que é preciso cuidado com a interpretação da Lei: quando se diz que o capital em títulos de rendimento variável (normalmente com maior rendimento mas também como maior risco, o que muitos considerarão pouco apropriado para um Fundo Soberano com, apesar de tudo, pouco mais que uma "ninharia" em termos de dimensão de capital e com ainda grande incerteza sobre os rendimentos petrolíferos que o alimentarão no futuro) pode ir até aos 50% do total não se está a dizer que ele vai passar de 10% para 50% "de um dia para o outro".
O limite dos 50% pode até nunca  vir a ser atingido, havendo muito boa gente que defende que, pelo menos nos próximos 5 anos, tal percentagem não deverá exceder os 25-35%, sendo tal limite atingido gradualente e não de sopetão. Depois, conforme a evolução dos mercados financeiros de capitais e as lições da experiência, poder-se-á aumentar (ou não) o investimento nestes "papéis" sem ter de estar a mudar novamente a Lei.
Isto é, os 50% são um limite superior, uma espécie de "intervalo fechado à direita", que pode nunca vir a ser alcançado --- pelo menos nas nossas vidas...

Qual a nossa opinião? Não tendo todos os dados para fundamentar uma opinião o mais "científicamente" correcta possível, não podemos, em boa verdade, dá-la. Mas nestas coisas, como noutras, pensamos que "cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém"... Principalmente tendo em consideração o tipo de fundo em questão (fundo soberano).

Parece haver outros pontos controversos --- pelo menos existiam na versão que chegou a circular para recolha de comentários --- mas como desconhecemos a redacção actual da proposta abstemo-nos, pelo menos para já, de os comentar.

1 comentário:

Noons disse...

Sim, claro: cautela.

Mas convenhamos que todos os indicadores dos últimos 10 anos apontam para os títulos do tesouro dos EUA estarem mais que sobre-valorizados.

Com o risco de mais um monumental "crash" da economia norte-americana a aumentar de dia a dia... Agora até o Bernanke o admite abertamente, se bem que, claro, continue a ir ao govêrno pedir mais dinheiro!

O que torna contra-indicada qualquer estratégia baseada em 90% de fundos aplicados em títulos dessa economia.

Claro, nestas coisas quem vem depois sabe as soluções todas! Mas isso não retira a necessidade de se olhar para outras soluções. É que se os EUA abrem falência técnica, isto vai mesmo dar uma raia muito grande...