O Banco Asiático de Desenvolvimento, com sede em Manila, publicou hoje o seu principal relatório anual, o Asian Development Outlook 2009.
Nele se prevê que o conjunto dos países em desenvolvimento da Ásia (que inclui, nomeadamente, a China e a Índia e também Timor Leste) sofrerá um forte abrandamento do seu crescimento económico durante o presente ano. De facto, depois de ter crescido 9,5% em 2007 e 6,3% em 2008, o Banco espera que o grupo cresça apenas 3,4% em 2009, recuperando eventualmente para os 6% em 2010.
Esta queda do ritmo de crescimento fica-se a dever ao contágio da crise económica nos países mais industrializados e consequente queda das suas importações, muitas delas oriundas da Ásia em desenvolvimento. A quebra das exportações desta é, pois, a razão principal do abrandamento do seu crescimento.
Note-se que as estimativas de crescimento feitas pelo ADB partem do princípio de que a contracção do produto nos países industrializados será de cerca de 2,6% (i.e., "crescerá" à taxa de -2,6%) e o comércio internacional diminuirá 3,5% em relação ao ano passado.
Só que... a OCDE acaba de publicar, também hoje, as suas previsões para este ano, bem mais pessimistas que as do ADB. Segundo ela a queda da produção nos países industrializados (os da OCDE) será de 4,3% (e não os 2,6% previstos pelo ADB) e a queda do comércio internacional atingirá o número "impensável" de -13,2%!...
Acrescente-se que a OCDE põe, desde já "as barbas de molho" e vai dizendo que não se admirava nada se a queda da produção no conjunto dos seus membros ultrapassasse aqueles -4,3%. "'Tá lindo isto, 'tá..." Recuperação? Em 2010 e e!...
Isto é: a confirmarem-se as previsões da OCDE a queda da economia asiática será, muito provavelmente, bem maior que o que foi agora previsto pelo banco asiático. Especialmente preocupante é a previsão de queda do comércio internacional, que pode atirar com o crescimento desta região para níveis pouco acima da linha de água...
Uma nota quanto às previsões do ADB e da OCDE para a evolução do preço do petróleo bruto em 2009. Enquanto o primeiro estima que ele vai ser, em média, de 43 USD/barril (50 em 2010), a segunda estima que será de 45 USD/barril este ano. Qualquer dos valores está bem abaixo da previsão do OGE2009 de Timor Leste: 60 USD/barril.
Estes números são, naturalmente, más notícias para o país já que as receitas do petróleo serão, a confirmarem-se os valores estimados pelas duas organizações internacionais, muito menores que no passado recente. Em 2008 o preço médio do barril foi de 97,3 USD, pelo que as actuais estimativas para 2009 apontam para receitas petrolíferas de Timor que serão um pouco menos de metade das do ano passado, com todas as suas consequências sobre o financiamento do OGE e das actividades --- nomeadamente de investimento --- nele previstas.
Finalmente, ficam abaixo as três páginas em que no Asian Development Outlook se apresenta a evolução recente da economia de Timor Leste (clicar nas imagens para as tornar legíveis). Voltaremos a esta análise mais tarde.
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