Ela surge num contexto em que os doadores, nomeadamente os pertencentes à OCDE, procuram desde há algum tempo aumentar a coordenação entre as suas acções e as acções de outros país --- além, naturalmente, de aumentarem a coordenação com os programas de desenvolvimento dos países beneficiários, neste caso Timor.
A procura pela crescente "harmonização" das políticas de cooperação dos doadores em benefício crescente da eficácia dessa ajuda já vem de longe mas encontrou o seu ponto alto, em termos de decisões dos países da OCDE, na chamada "Declaração de Paris", de 2005 (vejam-se abaixo --- clicar para aumentar --- as duas primeiras páginas; na primeira está o link para o documento):
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Já com o espírito de preparação da Conferência a realizar em Abril, realizou-se em fins de Outubro passado, na Universidade da Coruña e com o apoio da Cooperação Espanhola, uma conferência que procurou cimentar ainda mais os laços de harmonização de políticas e de actuações concretas no terreno entre os países europeus mais envolvidos na cooperação com Timor Leste. Lá estiveram, além da Espanha, Portugal, a Alemanha, a Suécia e outros, incluindo representantes da Comissão Europeia.
Presente esteve também o governo timorense através de três dos seus membros (Ministras da Justiça e da Solidariedade Social e o Ministro da Agricultura). Presente ainda um grupo de representantes de ONGs timorenses.
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Dos trabalhos pareceu evidente a facilidade de diálogo entre os dois países ibéricos para concertarem as suas acções em benefício de Timor Leste. Esta facilidade de entendimento entre portugueses e espanhóis não será tão grande nos demais casos bilaterais ou multilaterais mas foi nítida a boa vontade em dar passos no sentido correcto.
Esperemos que a conferência de Dili confirme esta convergência de vontades a bem de uma cooperação mais eficaz e a redução dos desperdícios de recursos que, por vezes, se verificam.
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de vários países da União Europeia
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Uma palavra final para uma "leitura" mais política da realização da conferência: tratou-se manifestamente (até pelo esforço financeiro feito), de uma afirmação explícita da vontade da Espanha de que de ora em diante é necessário contar também com ela na cooperação com Timor Leste. O "recado" foi evidente: "estamos nessa! E contem connosco!..."
Esta posição enquadra-se na manifesta estratégia de afirmação internacional da Espanha como um parceiro com que há que contar no futuro na cena internacional, a par de uma França, uma Inglaterra ou, mesmo, de uma Alemanha. É evidente que o "campeonato" deles é este e não já o dos médios países europeus, como a Itália, por exemplo. Resta saber se a crise económica que agora a afecta não fará adiar por algum tempo esta ambição...
Mas como naqueles azulejos que figuram em muitas casas portuguesas: "Seja bem-vindo quem vier por bem!"
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