sábado, 2 de abril de 2011

Post scriptum

Post scriptum à "entrada" anterior: depois de a publicar reparei que não tinha justificado suficientemente o porquê de se ser mais "tolerante" em relação aos países em desenvolvimento comparativamente com os países desenvolvidos.
Claro que não é uma verdadeira questão de tolerância ditado por qualquer sentimento do tipo "coitadinhos!, não são capazes de controlar a sua inflação a um nível mais "exigente, dos 2-3%".
O que está verdadeiramente em causa é que estes países, exactamente por estarem "em desenvolvimento", precisarem de mais investimento e outras despesas (nomeadamente públicas e privadas) para crescerem mais depressa. Isso traduz-se na necessidade de mais dinheiro em circulação e isto traz consigo, em geral, maior pressão sobre os preços. Daí a tendência a nestes países a taxa de inflação ser superior à dos países mais industrializados/economicamente avançados.

4 comentários:

Noons disse...

Obrigadíssimo pela explicação, professor. Faz sentido, pois claro.

Anónimo disse...

e como se chega aos 5% em TL? controlar os preços ou aumentar o poder de compra dos mais pobres?

A. M. de Almeida Serra disse...

Fazer descer a taxa de inflação é algo a conseguir recorrendo principalmente aos mecanismos de mercado, influenciando este através das principais políticas que inflenciam a taxa de inflação: a política monetária e a própria política fiscal, isto é e neste caso, os gastos públicos. ~
Num país como Timor Leste, que não tem moeda própria e em que os instrumentos da política monetária são, por isso, poucos, cabe um papel importante à política de gastos públicos. Dito de outra forma, para além dos factores externos que influenciam a nossa taxa de inflação (preço do arroz e do petróleo no mercado internacional; taxa de inflação nos nossos principais fornecedores (Indonésia); evolução da taxa de câmbio do USD em relação a outras moedas), um dos principais factores internos é o (quanto a mim excessivo) montante das despesas públicas e seu rápido crescimento nos últimos anos.
Isto é: quando o Governo fixa os valores do Orçamento devia ter em conta o efeito que eles vão ter sobre os preços internos --- e parece que não tem...

A. M. de Almeida Serra disse...

PS - os programas anti inflação têm, normalmente, um horizonte temporal pluri-anual. Isto é: estas metas, nomeadamente se forem de fazer baixar a taxa de inflação 3 ou 4 pontos percentuais, só podem ser alcançadas em (pelo menos) 2 anos e não de um ano para o outro.