sexta-feira, 1 de abril de 2011

Qual é a taxa de inflação boa para Timor Leste?

Não sei!... :-)

Expliquemo-nos. Há alguns dias um leitor, comentanto uma das "entradas" em que se falava da taxa de inflação em Timor Leste e da sua subida nos últimos tempos até valores que começam a dar alguma preocupação, perguntava-me qual seria a taxa de inflação mais "indicada", "apropriada", para o país nesta fase do seu desenvolvimento.
Posta a questão assim, um pouco "às secas" como se costuma dizer, a resposta dificilmente poderá deixar de ser a que dei acima.

Mas vejamos um pouco mais além...
Entre os economistas corre há muito tempo a ideia de que uma taxa de inflação "recomendada", aceitável, para a maioria dos países --- subentenda-se aqui "mais desenvolvidos" --- é uma taxa algures em torno dos 2%. No máximo, algures no intervalo entre os 2 e os 3%.
Porquê este valor? Mania de economistas? Sim mas não só... Não há nada na ciência económica que demonstre que deve ser este e não outro valor. E no entanto...
O que há é um certo convencimento de que este intervalo é o que satisfaz duas "necessidades" fundamentais para o bom fucionamento de uma economia: (1) ser suficientemente "alta" para incentivar os produtores a produzirem, sendo como que a pitada de sal que deve ter o pão ou a pitada de fermento que faz crescer os bolos...; e (2) ser suficiente para não provocar alterações do comportamento "normal" dos agentes económicos --- por exemplo, se as taxas de inflação forem muito altas os compradores podem decidir comprar hoje (mais barato) do que amanhã (ainda mais caro), ajudando a empurrar a inflação ainda mais para cima.

Temos, pois, que a "Economia" --- ou os economistas? --- preferem taxas de inflação de cerca de 2-3% --- pelo menos no caso dos países economicamente mais avançados.
Será este o nível de inflação "bom" para Timor Leste neste momento? Tendencialmente sim mas a verdade é que no caso dos países em desenvolvimento se é um pouco mais "tolerante", admitindo-se que taxas em torno dos 4% --- no máximo dos máximos até aos 5% --- são ainda "aceitáveis", "toleráveis" --- apesar do corte no poder de compra das camadas já mais pobres da população que significam. Mas, como disse, não há demonstração econométrica de que isto seja a verdade verdadeira...
Mas seria bom se os decisores de política económica (em geral e não apenas os de política monetária) fixassem para já como seu horizonte (como fasquia mais alta) uma taxa desta odem de grandeza. Os 2-3% ficariam para um pouco mais tarde... Mas não para as calendas gregas, para dia de São Nunca à tarde!...
Valeu?

PS - isto foi escrito no dia 1 de Abril, tradicionalmente considerado como o "dia das mentiras". Mas escrevi tudo muito a sério... ;-)

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