sábado, 29 de maio de 2010

Um banco de desenvolvimento para Timor Leste

Segundo notícias dos jornais, o Governo de Timor Leste aprovou a constituição de um banco de desenvolvimento em que 51% do capital será do Estado e 49% de privados, sendo a sua gestão entregue, no essencial, ao Banco Rakyat, da Indonésia, um banco do sector público empresarial deste país.

Este facto dá, desde já e pelo menos aparentemente, um sinal sobre a principal linha de actuação do novo banco. De facto e segundo a webpage do banco indonésio (em inglês), a visão e principais missões deste são

"Vision
Bank Rakyat Indonesia’s vision is to become a leading commercial bank that always prioritizes customer satisfaction

Missions

To achieve the vision, BRI has decided on trhree missions that have to be undertaken, namely:

1.BRI provides the best banking operation by prioritizing services for Micro, Small, and Medium Businesses in order to support people’s economy [itálico acrescentado].
2. BRI offers sevices to customers through a network that are spread all over Indonesia and supported by professional human resources who implement the Good Corporate Governance practices
3. BRI creates values and produce optimal benefits to all stake
holders"

Isto, como dissemos, dá a entender que o objectivo principal do novo banco (controlado, no essencial, pelo Estado timorense) será o de apoiar as "micro, pequenas e médias empresas".

Desde que gerido de forma profissional e sem interferência política --- a não ser quanto às suas grandes linhas de orientação, como decorre do facto de ser um banco com forte intervenção do Estado ---, este pode ser um instrumento privilegiado de apoio ao desenvolvimento económico do país.

Será necessário, porém, estar bem alerta contra as tendências, muitas vezes existentes em outros quadrantes geográficos, para bancos deste tipo serem usados como instrumento do (mau) uso do poder político sobre a comunidade empresarial do país e, mesmo, serem geridos de forma desastrosa, sendo uma fonte a desperdício de recursos do Estado, visto na necessidade de o apoiar financeiramente para não o "deixar cair".
A participação de um banco estrangeiro na sua gestão pode ser vista quer sob o ponto de vista da necessidade de formar pessoal timorense na gestão de uma entidade bancária quer como um instrumento para dar ao banco a independência de decisão sobre projectos que deve ter.
Estes deverão ser financiados ou não em função dos seus méritos próprios (e para a economia nacional) e da sua rentabilidade e não em função dos "nomes" que estão por detrás deles, tornando-o numa forma indirecta de financiamento de alguns grupos económicos especialmente bem relacionados com o poder político.

Este pode ser um instrumento importante para conceder crédito a determinados projectos de maior interesse nacional assegundo-lhes, numa linha semelhante ao que foi feito pela Coreia do Sul durante o período da aceleraçãoo do seu crescimento, o acesso a crédito com taxas de juro binificadas, enquanto outros projectos ficavam sem crédito ou, pelo menos, sem crédito binificado.
É nesta luta por acesso a crédito mais barato que podem surgir atitudes de algum conluio entre decisores da banca e dos investimentos (privado).

Bem vindo "banco nacional de desenvolvimento"!...

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