segunda-feira, 18 de maio de 2009

(Quase) sem comentários


























É curioso como o Banco Mundial, apenas 10 dias depois de ter emitido um comunicado auto-elogiando-se a propósito do programa de financiamento dos assessores (ver abaixo a 'entrada' do dia 4 de Maio), se sinta agora na obrigação de emitir este novo comunicado. Que, repare-se, só nas linhas finais se demarca da prática até agora seguida pelo Governo --- como se não fosse ele o financiador do programa e, por isso, o responsável último do mesmo... --- e prometendo que vai avaliar o desempenho dos consultores. "Expertos" espertos... Mais uns consultores para fazerem a avaliação...
Para provavelmente chegarem à conclusão de que está tudo bem pois se não está melhor é porque a máquina administrativa não o permite. Aliás, depois dos auto-elogios reivindicando o sucesso do programa por ter permitido multiplicar por sete a execução orçamental desde 2005/06 o que poderão dizer agora? Que ela deveria ter sido multiplicada por 10 ou 14 e não por 7?

Se chamo a atenção para isto não é porque tenha qualquer animosidade contra o BM ou os assessores mas sim porque reconheço à partida quão difícil é fazer a correcta avaliação de desempenho de assessores trabalhando nas circunstâncias em que muitos trabalham, em que o que acontece ou deixa de acontecer não está dependente exclusivamente da sua actividade mas sim, principalmente, de outros, quantas vezes de decisões mais políticas (mesmo que seja por falta delas...) do que técnicas.
Quais os critérios de avaliação? Quais os benchmarks (i.e., os termos de comparação)? E o sucesso ou insucesso é medido durante o (apesar de tudo relativamente curto) espaço de duração do contrato ou também pelo que foi transformado durante o percurso e se reflectirá apenas no futuro, após o termo do contrato? E a comparação é feita em relação a quê? Aos termos de referência do contrato? Quantos e quantos assessores não desempenham ou desempenharam actividades que não estavam estritamente previstas nos respectivos termos de referência? E como se avalia isso? E como se avalia a frustração de alguns perante a incompetência das chefias ou o espírito de "deixar crescer a unha grande" que impera em não poucos funcionários, mais preocupados em ter um "emprego" do que um "trabalho"?
A vida é difícil...
O que provavelmente vai acontecer é progressivamente ir reduzindo o número de assessores quer por redução do ritmo da sua contratação quer por antecipar em (poucos) meses o fim de outros. E se os assessores contestarem o resultado das avaliações? E se...? E se...? E se...?
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7 comentários:

Anónimo disse...

Já no início do mês me tinha referido precisamente a esta questão... Quem como quando onde e o que é feito em termos de avaliação de desempenho?

"Cada caso é um caso. As pessoas devem é ter consciencia que têm que se pagar a si próprias.

Se um adviser que trabalhe durante um ano e ganhe meio milhão de dolares por esse trabalho, e conseguir gerar, sob forma de poupança rendimento ou outra, 5 milhões nos anos seguintes é bem pago.

Agora se o mesmo trabalha 5 anos e ganhe 2,5 milhões sem que, quer durante esse tempo quer no futuro, consiga gerar para o Estado esse montante, então é claramente um erro que pode até ter efeitos contrários aos pretendidos, vulgo prejuízos...

Será que as avaliações de desempenho averiguam esta questão?

7 de Maio de 2009 12:26"

Anónimo disse...

Até que ponto se justifica com a consultoria do BM este aumento na execução? Até que ponto será possível distinguir a justificação deste aumento quer com os $8,5M/ano em capacitty building, quer com a presença da UNPOL e a consequente estabilização da segurança no pais e o mais que consequente crescimento económico pelas mais diversas razões e até mesmo pela própria presença de toda a máquina da ONU e organizações internacionais?

Anónimo disse...

Isto não é o Banco Mundial... Ou então eu não conheço de todo esta instituição!

O Banco Mundial que conheço, tem ou pelo menos deveria ter os melhores quadros ao seu serviço, deveria servir de benchmarking e não fazê-lo.

Depois de tudo o que se passou, vir agora com este comunicado, apenas vem demonstrar que estão a dormir e que pelo menos em Timor-Leste não há uma gestão eficiente dos recursos.

É inacreditável que enfiem a carapuça desta maneira.

Apenas me ocorrem 2 palavras: irresponsabilidade e incompetencia.

JDSantos disse...

Desculpe, mas esta é mesmo Simplex!!

Atingiu-se o objectivo proposto do projecto? Depois de ler o comentário do BM, a resposta é Sim.

Com que eficácia, equidade e liberdade? Parece-me que a resposta a esta, nem que seja por analogia, também é Sim.

O objectivo alcançado está consolidado e/ou vai manter-se? A resposta a esta, espero muito sinceramente, que seja, Sim.


Abraço ;)

Anónimo disse...

Meu caro JDSantos,

O meu problema é menos com o projecto --- sinceramente, não me parece que alguém tenha dados suficientes para o avaliar neste momento --- do que com os comunicados do Banco. Numa vez fala de uma maneira que até parece que amultiplicação por 7 da execução orçamental se deve principalmente ao referido projecto; neste agora, ainda que repetindo o argumento, "abre a porta" à crítica de que tem havido consultores a mais (e, para alguns, pagos a mais).
Parece que está a "tirar o corpo fora" quando afinal ele é tão ou mais responsável pelos contornos do projecto e da sua implementação que o próprio Ministério.
Nunca generalizei o julgamento sobre os assessores mas que há, no conjunto, algumas assessorias "esquisitas" não tenho dúvida. Assim como não tenho dúvida que duas árvores podres não estragam necessariamente uma floresta inteira.

Abraços a "ambos os dois"

JDSantos disse...

Caro professor, concordo.
Daí a ironia.
Numa Floresta nem tudo é Sândalo que se cheire.

Anónimo disse...

Perguntem-se a si mesmos como e que o MoF era antes deste numero elevado de assessorias e e agora..
Perguntem aos Ministerios que necessitam deste MoF, se tudo esta mais claro e mais facilitado para eles ou se por contrario tudo esta muito pior...
Quantos assessores estiveram envolvidos na melhoria da execução orçamental, justifica o sucesso do projecto ? entao acabem ja!

qual a sustentabilidade de um projecto de dimensao megalomena no curto medio prazo ?
que tipo de capacitacao esta a ser dada?
Terminem este projecto este ano e o dinheiro que nao foi gasto dos doadores redireccionem para agua e saneamento basico e melhoria de cuidados de saude ...isso sim...
Deixem ficar la uns 5 a 6 assessores no maximo em vez de 50...