O IPC de Timor Leste tem como base um inquérito feito em meados de 2001 que representa --- há quem diga que, já na altura, com deficiências --- o "cabaz de compras" médio, na altura, de uma família. Isto é, a base do IPC tem mais de 10 anos, 10 anos em que muita coisa mudou no país e, nomeadamente, a estrutura do consumo médio das famílias. Por isso o actual IPC já não é um bom instrumento para medir a inflação entre nós.
Em 2007 foi feito um inquérito semelhante mas por diversas razões nunca foi possível usá-lo como base para rever o Índice de Preços.
Quão diferente seria o IPC e, com ele, a taxa de inflação se tivessemos um instrumento mais actualizado para medir a inflação? Será que esta seria maior ou menor que o que nos diz o actual IPC? Seria pura especulação responder num sentido ou noutro. Mas parece evidente que há grupos do "cabaz" que estão hoje sobrerepresentados e outros subrepresentados. Mais: os locais onde são recolhidas as informações sobre os preços têm de ser muito alterados, pois no inquérito de 2001 só se tiveram em consideração os "mercados tradicionais"... na época praticamente os únicos existentes, quando hoje é vulgar os consumidores usarem também os chamados "supermercados" como fonte de abastecimento.
Regressando ao caso dos grupos de produtos, vejamos o exemplo de outros países da região:
(clicar para ampliar e tornar legível)
Cada caso é um caso. I.e., cada país é um caso diferente mas vale a pena comparar os valores que aqui figuram para a parte dos produtos alimentares no peso no "cabaz" de vários países e o seu peso em Timor Leste, onde é de 56,7%.
Acreditamos que este peso está, em relação à realidade actual, muito "inflacionado". Não nos admiravamos se o peso, hoje, estivesse mais perto dos cerca de 45% --- ou mesmo um pouco menos. Por outro lado, o grupo dos "transportes" está, acreditamos, agora subavaliado.
Se o peso da "alimentação" for actualmente bastante mais baixo que em 2001 e dado que tem sido esta a principal responsável pelo aumento recente da taxa de inflação tal como medida pelo actual IPC, pode acontecer que esta nem esteja a ser, na verdade, tão alta como pensamos (13,5% em 2011). O que não quer dizer que não seja igualmente elevada... Mesmo que a alteração do IPC a fizesse baixar para cerca de 10%, por exemplo, continuaria a ser muito alta...
Tudo isto para enfatizar a URGÊNCIA de se rever o IPC, actualizando-o, de modo a termos uma ideia mais precisa do que se passa quanto à inflação. É que com um "estetoscópio" estragado, o "médico" pode enganar-se no diagnóstico da doença e isso ... "ser a morte do artista"!...
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