Na "entrada" anterior apresentámos o essencial do panorama da evolução da inflação em Dili em Janeiro de 2012 (os números para o país, dada a metodologia utilizada, não são muito credíveis e são, por isso, "esquecidos" por quase todos os observadores do fenómeno).
Apresentamos abaixo alguma desagregação desses números quanto à taxa homóloga. Recordamos que esta compara a evolução dos preços entre dois meses com o mesmo nome mas de anos seguidos. Por exemplo, a evolução entre Janeiro de 2011 e Janeiro de 2012.
A "grosso" estão os diversos grupos de produtos que compõem o cabaz de compras que permite calcular o Índice de Preços no Consumidor. À frente de cada grupo de bens está o seu peso aproximado no cabaz. Por exemplo, as "carnes e derivados" representam cerca de 7,5% desse "cabaz" porque, segundo o inquérito às despesas familiares que serve de base ao IPC (realizado em 2001) as famílias farão, em média, cerca de 7,5% da sua despesa na compra de diversos tipos de carne (galinha, porco, búfalo, vaca).
Nas colunas de Dezembro/11 e de Janeiro/12 constam as taxas homólogas de cada grupo. Assim, podemos verificar que em Janeiro passado os "cereais, raízes e seus produtos" (em que a grande maioria é representado pelo arroz importado) tinham preços, em média, 21% mais altos que em Janeiro de 2011. A taxa correspondente para a "carne e seus derivados" (o grupo que terá encarecido mais) é de quase 32%!
Os "materiais de construção", em que as famílias faziam/farão (?) cerca de 5,7% do seu gasto total, aumentaram quase 20% em Jan12 comparativamente com um ano antes.
Deixemos aqui algumas preocupações quanto a estes valores, algumas delas já "ditas e reditas" nestes comentários:
a) a estrutura do consumo não é actualmente, acreditamos, a mesma de 2001, tendo havido algumas alterações que podem ser profundas;
b) a bem da comparabilidade dos dados, os preços são, no essencial, recolhidos juntos dos mesmos "informadores" de 2001, muitos deles operadores nos mercados "tradicionais" e hoje muitos consumidores usam, em Dili, alguns dos vários supermercados como fonte do seu abastecimento pelo que há que melhorar a represnetatividade destes no conjunto das fontes de recolha dos preços;
c) embora não possamos ir, aqui, muito mais longe do que vamos dizer, parece existir, nalguns casos, uma discrepância entre os preços que servem de base aos cálculos e aqueles com que nós, consumidores, nos deparamos no dia a dia: é o preço da "penca" de bananas que não bate certo com o que pagamos, é o preço médio da gasolina ou do gasóleo que está, por vezes, bem acima do que as estatísticas nos dizem; etc.
Enfim e mais uma vez: por favor, façam uma revisão urgente de todo o processo de determinação da evolução da inflação...
Blog sobre Economia e Política Económica do Desenvolvimento, em particular sobre a economia de Timor Leste e aquilo que naquelas pode ser útil ao desenvolvimento económico deste país
sábado, 25 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Sobe, sobe, balão sobe... A inflação em Timor Leste
Em 1979 Portugal concorreu ao Concurso Eurovisão da Canção com uma música com o título "Sobe, sobe, balão sobe!...". Ao ver os números mais recentes da taxa de inflação em Timor Leste não pude deixar de me lembrar deste título. É que a taxa de inflação média anual, que com 13,5% já era alta em Dezembro de 2011, aumentou para 14,3% em Janeiro passado.
A taxa homóloga (entre dois meses homólogos seguidos) passaram, entretanto, de 17,4% em Dezembro de 2011 para 17,7% em Janeiro de 2012 em resultado de uma taxa mensal que se situou nos 1,4%.
A taxa homóloga (entre dois meses homólogos seguidos) passaram, entretanto, de 17,4% em Dezembro de 2011 para 17,7% em Janeiro de 2012 em resultado de uma taxa mensal que se situou nos 1,4%.
Uma análise mais "fina" dos valores publicados pela Direcção Nacional de Estatística de Timor Leste diz-nos que a taxa homóloga de variação dos preços da alimentação se fixou, entre Janeiro de 2011 e Janeiro de 2012, nos 20,2%. Note-se que, com quase 57%, este é o grupo que mais "pesa" no cabaz de compras usado para o cálculo do IPC. Claro que para as pessoas com rendimentos mais baixos este peso será ainda maior, o que dá ideia das dificuldades por que muitas pessoas andam a passar.
É urgente, pois e ainda que respeitando o objectivo de crescimento económico do país, dar uma maior importância à inflação como objectivo da política económica. Será que este tema vai "virar" um ponto importante dos debates eleitorais que irão decorrer na primeira metade do ano?
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Emprego e desemprego em Timor Leste
A Direcção Nacional de Estatística disponibiliza, no seu "sítio" na internet, o inquérito à força de trabalho realizado em 2010.
Apresenta-se abaixo (em inglês) o sumário executivo do documento.
É importante sublinhar que o documento reconhece que a taxa de desemprego, porque utiliza o critério internacionalmente aceite para a definição deste, não é, no caso de Timor Leste, o melhor indicador sobre o mercado de trabalho do país --- tal como não o é na generalidade dos países em desenvolvimento. O principal problema dessa definição é que parte do princípio de que se está perante um mercado de trabalho "normal", em que um indivíduo está desempregado se, simultaneamente e num determinado momento (o do inquérito), estiver “sem trabalho”, (mas) “disponível para trabalhar” e “tenha (ativamente) procurado trabalho.Nestas condições a taxa de desemprego em Timor Leste era de 3,6%. Mais interessante que este conceito é o de "taxa de emprego vulnerável": o da proporção de pessoas que têm um emprego precário, que normalmente não lhes dá acesso a um salário regular. Essa taxa é de 70%.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Como vai a medição da inflação em Timor Leste?
A taxa de inflação de um país é medida a partir do chamado Índice de Preços no Consumidor e este, por sua vez, é construido por técnicas apropriadas a partir de um "cabaz de compras" médio da população do país determinado através de inquéritos às despesas das famílias.
O IPC de Timor Leste tem como base um inquérito feito em meados de 2001 que representa --- há quem diga que, já na altura, com deficiências --- o "cabaz de compras" médio, na altura, de uma família. Isto é, a base do IPC tem mais de 10 anos, 10 anos em que muita coisa mudou no país e, nomeadamente, a estrutura do consumo médio das famílias. Por isso o actual IPC já não é um bom instrumento para medir a inflação entre nós.
Em 2007 foi feito um inquérito semelhante mas por diversas razões nunca foi possível usá-lo como base para rever o Índice de Preços.
Quão diferente seria o IPC e, com ele, a taxa de inflação se tivessemos um instrumento mais actualizado para medir a inflação? Será que esta seria maior ou menor que o que nos diz o actual IPC? Seria pura especulação responder num sentido ou noutro. Mas parece evidente que há grupos do "cabaz" que estão hoje sobrerepresentados e outros subrepresentados. Mais: os locais onde são recolhidas as informações sobre os preços têm de ser muito alterados, pois no inquérito de 2001 só se tiveram em consideração os "mercados tradicionais"... na época praticamente os únicos existentes, quando hoje é vulgar os consumidores usarem também os chamados "supermercados" como fonte de abastecimento.
Regressando ao caso dos grupos de produtos, vejamos o exemplo de outros países da região:
Cada caso é um caso. I.e., cada país é um caso diferente mas vale a pena comparar os valores que aqui figuram para a parte dos produtos alimentares no peso no "cabaz" de vários países e o seu peso em Timor Leste, onde é de 56,7%.
Acreditamos que este peso está, em relação à realidade actual, muito "inflacionado". Não nos admiravamos se o peso, hoje, estivesse mais perto dos cerca de 45% --- ou mesmo um pouco menos. Por outro lado, o grupo dos "transportes" está, acreditamos, agora subavaliado.
Se o peso da "alimentação" for actualmente bastante mais baixo que em 2001 e dado que tem sido esta a principal responsável pelo aumento recente da taxa de inflação tal como medida pelo actual IPC, pode acontecer que esta nem esteja a ser, na verdade, tão alta como pensamos (13,5% em 2011). O que não quer dizer que não seja igualmente elevada... Mesmo que a alteração do IPC a fizesse baixar para cerca de 10%, por exemplo, continuaria a ser muito alta...
Tudo isto para enfatizar a URGÊNCIA de se rever o IPC, actualizando-o, de modo a termos uma ideia mais precisa do que se passa quanto à inflação. É que com um "estetoscópio" estragado, o "médico" pode enganar-se no diagnóstico da doença e isso ... "ser a morte do artista"!...
O IPC de Timor Leste tem como base um inquérito feito em meados de 2001 que representa --- há quem diga que, já na altura, com deficiências --- o "cabaz de compras" médio, na altura, de uma família. Isto é, a base do IPC tem mais de 10 anos, 10 anos em que muita coisa mudou no país e, nomeadamente, a estrutura do consumo médio das famílias. Por isso o actual IPC já não é um bom instrumento para medir a inflação entre nós.
Em 2007 foi feito um inquérito semelhante mas por diversas razões nunca foi possível usá-lo como base para rever o Índice de Preços.
Quão diferente seria o IPC e, com ele, a taxa de inflação se tivessemos um instrumento mais actualizado para medir a inflação? Será que esta seria maior ou menor que o que nos diz o actual IPC? Seria pura especulação responder num sentido ou noutro. Mas parece evidente que há grupos do "cabaz" que estão hoje sobrerepresentados e outros subrepresentados. Mais: os locais onde são recolhidas as informações sobre os preços têm de ser muito alterados, pois no inquérito de 2001 só se tiveram em consideração os "mercados tradicionais"... na época praticamente os únicos existentes, quando hoje é vulgar os consumidores usarem também os chamados "supermercados" como fonte de abastecimento.
Regressando ao caso dos grupos de produtos, vejamos o exemplo de outros países da região:
(clicar para ampliar e tornar legível)
Cada caso é um caso. I.e., cada país é um caso diferente mas vale a pena comparar os valores que aqui figuram para a parte dos produtos alimentares no peso no "cabaz" de vários países e o seu peso em Timor Leste, onde é de 56,7%.
Acreditamos que este peso está, em relação à realidade actual, muito "inflacionado". Não nos admiravamos se o peso, hoje, estivesse mais perto dos cerca de 45% --- ou mesmo um pouco menos. Por outro lado, o grupo dos "transportes" está, acreditamos, agora subavaliado.
Se o peso da "alimentação" for actualmente bastante mais baixo que em 2001 e dado que tem sido esta a principal responsável pelo aumento recente da taxa de inflação tal como medida pelo actual IPC, pode acontecer que esta nem esteja a ser, na verdade, tão alta como pensamos (13,5% em 2011). O que não quer dizer que não seja igualmente elevada... Mesmo que a alteração do IPC a fizesse baixar para cerca de 10%, por exemplo, continuaria a ser muito alta...
Tudo isto para enfatizar a URGÊNCIA de se rever o IPC, actualizando-o, de modo a termos uma ideia mais precisa do que se passa quanto à inflação. É que com um "estetoscópio" estragado, o "médico" pode enganar-se no diagnóstico da doença e isso ... "ser a morte do artista"!...
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sábado, 18 de fevereiro de 2012
Segurança Social em Timor Leste: que modelo?
Decorreu nos últimos três dias, aqui em Dili, uma conferência que tentou fazer um balanço de segurança social em Timor Leste nos últimos 10 anos e, principalmente, um como que balanço da actividade do Ministério da Solidariedade Social, à frente do qual se encontra a ministra Maria Domingas Alves, vulgo "Micató". Cabe aqui uma palavra de apreço pelo seu trabalho que acompanho desde os meus primeiros tempos em Timor Leste. A consideração mútua que sempre existiu entre nós não interfere (mas não é, evidentemente, indiferente) ao apreço que sempre tive (e tenho) pelo seu trabalho. Parabéns por este ao longo dos anos e pela forma como decorreu a conferência.
O que quero abordar aqui é o modelo de segurança social adoptado e agora aprovado pelo Parlamento. Ou melhor: quero colocar em confronto dois modelos possíveis para ela, de que se escolheu um deles.
Há basicamente dois modelos: o "de acumulação" e o "de distribuição". O primeiro, mais vulgar em alguns países asiáticos, como Singapura, caracteriza-se por cada trabalhador e cada entidade patronal deste descontarem determinadas percentagens do salário deste para uma conta em nome do trabalhador; o valor acumulado nessa conta ao longo dos anos em que são efectuados descontos e o resultado dos "juros" ganhos por ela são, no momento da reforma do trabalhador, entregues a este na sua totalidade, cessando nesse momento toda e qualquer responsabilidade do sistema de segurança social pra com o trabalhador. Este pode, então, aplicar o dinheiro acumulado como quiser. Trata-se, no essencial, de um sistema de poupança forçada.
O segundo modelo, "de distribuição", é o que caracteriza o "estado social" como praticado na quase totalidade dos países europeus. Os trabalhadores e os patrões descontam para um "bolo" comum a todos os inscritos no sistema e quando o trabalhador atinge a idade de reforma começa a receber uma pensão vitalícia (i.e., até morrer) que é função dos salários que recebeu ao longo da vida e dos descontos que efectuou. Na prática o elemento essencial aqui é a esperança de vida após a idade de reforma e o número de anos de descontos efectuados. Se, por exemplo, as contas tiverem sido feitas para o caso de o trabalhador se reformar aos 60 anos e morrer aos 70, o que ele e o seu patrão descontaram para ele dá para suportar a pensão até esta idade. O "problema" (?) surge se ele sobrevier aos 70 anos e viver, por exemplo, até aos 77... Neste caso quem suporta o "prejuízo" é o conjunto dos trabalhadores que continuarem a trabalhar e a desocontar ou, no limite, o Estado.
Foi este o modelo escolhido para Timor Leste. A sustentabilidade do sistema depende, como vimos, da proporção entre o número de pensionistas e o número de pessoas que continuam a trabalhar e a descontar. Em países de população jovem, como Timor Leste, não há, em princípio que temer por essa sustentabilidade... Já nos países "velhos", como a Europa, a sustentabilidade do sistema está em perigo porque há muitos trabalhadores a receberem pensões e proporcionalmente poucos a trabalharem e descontar...
Mas como todo o cuidado é pouco, é preciso fazer bem as contas, "na ponta do lápis", para saber se o sistema a implementar é sustentável ou não. Em princípio, acreditamos que sim mas mentiria se dissesse que não fico a remoer as ideias... É que é socialmente mais fácil (será?) mudar de um sistema de acumulação para um de distribuição do que o contrário se as coisas não correrem tão bem como o esperado. Por isso o meu receio é de o Estado Timorense se ver envolvido, a um prazo de 30-40 anos --- quando o petróleo acabar... ---, num conjunto de responsabilidades financeiras que podem, na época, serem "pesadas" em relação aos recursos disponíveis.
Por isso fico à espera de ver mais contas sobre a sustentabilidade deste regime de segurança social. É que, como chamou a atenção o Prof. Alfredo Bruto da Costa na sua última conferência, a "segurança social" não se esgota nas prestações pecuniárias. E em Timor Leste há várias formas de "assistência social" que podem ser socialmente mais eficazes que a "simples" transferência de uns dólares.
O que quero abordar aqui é o modelo de segurança social adoptado e agora aprovado pelo Parlamento. Ou melhor: quero colocar em confronto dois modelos possíveis para ela, de que se escolheu um deles.
Há basicamente dois modelos: o "de acumulação" e o "de distribuição". O primeiro, mais vulgar em alguns países asiáticos, como Singapura, caracteriza-se por cada trabalhador e cada entidade patronal deste descontarem determinadas percentagens do salário deste para uma conta em nome do trabalhador; o valor acumulado nessa conta ao longo dos anos em que são efectuados descontos e o resultado dos "juros" ganhos por ela são, no momento da reforma do trabalhador, entregues a este na sua totalidade, cessando nesse momento toda e qualquer responsabilidade do sistema de segurança social pra com o trabalhador. Este pode, então, aplicar o dinheiro acumulado como quiser. Trata-se, no essencial, de um sistema de poupança forçada.
O segundo modelo, "de distribuição", é o que caracteriza o "estado social" como praticado na quase totalidade dos países europeus. Os trabalhadores e os patrões descontam para um "bolo" comum a todos os inscritos no sistema e quando o trabalhador atinge a idade de reforma começa a receber uma pensão vitalícia (i.e., até morrer) que é função dos salários que recebeu ao longo da vida e dos descontos que efectuou. Na prática o elemento essencial aqui é a esperança de vida após a idade de reforma e o número de anos de descontos efectuados. Se, por exemplo, as contas tiverem sido feitas para o caso de o trabalhador se reformar aos 60 anos e morrer aos 70, o que ele e o seu patrão descontaram para ele dá para suportar a pensão até esta idade. O "problema" (?) surge se ele sobrevier aos 70 anos e viver, por exemplo, até aos 77... Neste caso quem suporta o "prejuízo" é o conjunto dos trabalhadores que continuarem a trabalhar e a desocontar ou, no limite, o Estado.
Foi este o modelo escolhido para Timor Leste. A sustentabilidade do sistema depende, como vimos, da proporção entre o número de pensionistas e o número de pessoas que continuam a trabalhar e a descontar. Em países de população jovem, como Timor Leste, não há, em princípio que temer por essa sustentabilidade... Já nos países "velhos", como a Europa, a sustentabilidade do sistema está em perigo porque há muitos trabalhadores a receberem pensões e proporcionalmente poucos a trabalharem e descontar...
Mas como todo o cuidado é pouco, é preciso fazer bem as contas, "na ponta do lápis", para saber se o sistema a implementar é sustentável ou não. Em princípio, acreditamos que sim mas mentiria se dissesse que não fico a remoer as ideias... É que é socialmente mais fácil (será?) mudar de um sistema de acumulação para um de distribuição do que o contrário se as coisas não correrem tão bem como o esperado. Por isso o meu receio é de o Estado Timorense se ver envolvido, a um prazo de 30-40 anos --- quando o petróleo acabar... ---, num conjunto de responsabilidades financeiras que podem, na época, serem "pesadas" em relação aos recursos disponíveis.
Por isso fico à espera de ver mais contas sobre a sustentabilidade deste regime de segurança social. É que, como chamou a atenção o Prof. Alfredo Bruto da Costa na sua última conferência, a "segurança social" não se esgota nas prestações pecuniárias. E em Timor Leste há várias formas de "assistência social" que podem ser socialmente mais eficazes que a "simples" transferência de uns dólares.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Inflação em 2012: brincando com os números?
No último relatório do FMI estima-se que a taxa (média anual) de inflação em Dili será de 8%. As previsões do relatório do ano passado para o próprio ano eram de que ela seria de 6% --- e afinal foi de 13,5%.
Não sabemos qual a metodologia seguida pelo Fundo e não quero dizer (mas dou conta aqui...) que seja verdade a teoria de um amigo meu de que eles molham com cuspinho a ponta do indicador e depois vêm de onde sopra o vento para "estimarem" a inflação. Não foi isso que fizeram, de certeza.
Seja como for, senti-me no direito de fazer umas brincadeirinhas com os números utilizando como base da "adivinhação" do futuro o que se passou nos anos recentes em termos de taxas mensais de inflação. Rapa, tira, põe e deixa...
Claro que cada vez que mudei as hipóteses da "brincadeira" obtive resultados diferentes. Mas curiosamente a maioria destes "ficou-se" pelo intervalo dos ]9%;10%[...
Claro que há nisto um pressuposto essencial: o de que a economia se vai comportar "mais ou menos" de forma semelhante ao que se comportou no passado --- dependendo das hipóteses que utilizámos, naturalmente.
Se estas não se verificarem --- cadê o comportamento do preço internacional do petróleo e de outras matérias primas, nomeadamente o arroz? Como se vai comportar (quando aos seus gastos) o Estado/Governo neste ano de eleições? As chuvas vão permitir um bom ano agrícola ou não?!... ---, as taxas vão ser diferentes.
Por isso tudo isto é, nesta fase, uma "brincadeira com números". Mas que se pode tornar muito séria até porque a "brincadeira" foi feita a sério... :-)
A ver vamos em que vamos ficar quanto à taxa média anual de inflação em 2012. Para já, o palpite fica feito. Vai uma apostinha? :-) Mas só a feijões!...
Não sabemos qual a metodologia seguida pelo Fundo e não quero dizer (mas dou conta aqui...) que seja verdade a teoria de um amigo meu de que eles molham com cuspinho a ponta do indicador e depois vêm de onde sopra o vento para "estimarem" a inflação. Não foi isso que fizeram, de certeza.
Seja como for, senti-me no direito de fazer umas brincadeirinhas com os números utilizando como base da "adivinhação" do futuro o que se passou nos anos recentes em termos de taxas mensais de inflação. Rapa, tira, põe e deixa...
Claro que cada vez que mudei as hipóteses da "brincadeira" obtive resultados diferentes. Mas curiosamente a maioria destes "ficou-se" pelo intervalo dos ]9%;10%[...
Claro que há nisto um pressuposto essencial: o de que a economia se vai comportar "mais ou menos" de forma semelhante ao que se comportou no passado --- dependendo das hipóteses que utilizámos, naturalmente.
Se estas não se verificarem --- cadê o comportamento do preço internacional do petróleo e de outras matérias primas, nomeadamente o arroz? Como se vai comportar (quando aos seus gastos) o Estado/Governo neste ano de eleições? As chuvas vão permitir um bom ano agrícola ou não?!... ---, as taxas vão ser diferentes.
Por isso tudo isto é, nesta fase, uma "brincadeira com números". Mas que se pode tornar muito séria até porque a "brincadeira" foi feita a sério... :-)
A ver vamos em que vamos ficar quanto à taxa média anual de inflação em 2012. Para já, o palpite fica feito. Vai uma apostinha? :-) Mas só a feijões!...
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Timor Leste à lupa do FMI: cuidado com a inflação!...
O Fundo Monetário internacional acaba de publicar (1/2/2012) o seu último relatório anual elaborado ao abrigo do Artº 4º dos Estatutos do Fundo, o qual lhe permite/obriga a anualmente analisar o comportamento da economia de cada um dos seus membros.
O link para o relatório está aqui e o chamado "Public Information Notice (PIN)", que faz uma síntese dos principais pontos do relatório, aqui.
Note-se, entre outras, esta passagem do PIN (vai no original inglês e tudo...):
"Given development needs, investment in infrastructure is welcome, but the planned increase of spending over the next few years needs to be slowed to better align with the absorptive capacity of the economy and administrative constraints. Continued large increases in government spending would raise inflationary pressure further, and high inflation will impose significant costs on the poor. In the absence of monetary policy, sound fiscal policy is key to containing high inflation and sustaining strong economic growth. The government’s intention to consider adjusting the pace of 2012 budget execution if inflation remains high is welcome." [Enfases nossas-AS]
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O link para o relatório está aqui e o chamado "Public Information Notice (PIN)", que faz uma síntese dos principais pontos do relatório, aqui.
Note-se, entre outras, esta passagem do PIN (vai no original inglês e tudo...):
"Given development needs, investment in infrastructure is welcome, but the planned increase of spending over the next few years needs to be slowed to better align with the absorptive capacity of the economy and administrative constraints. Continued large increases in government spending would raise inflationary pressure further, and high inflation will impose significant costs on the poor. In the absence of monetary policy, sound fiscal policy is key to containing high inflation and sustaining strong economic growth. The government’s intention to consider adjusting the pace of 2012 budget execution if inflation remains high is welcome." [Enfases nossas-AS]
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