A Direcção Nacional de Estatística, integrada no Ministério das Finanças, disponibilizou recentemente no seu "site" os dados do Censo de 2010. Estão disponíveis para download (aqui) vários documentos, faltando o Vol. 1, o mais importante, por, segundo fui informado, conter erros que estão a ser corrigidos.
Os quadros que me mais me chamaram a atenção foram os quadros sobre o domínio das línguas.
O quadro de cima inclui a população com 15 e mais anos de idade e o de baixo inclui a de 5 e mais anos.
As percentagens surpreenderam-me, umas para baixo (caso do tetum) e outras para cima (caso do português, por exemplo). Provavelmente o segredo da questão está na forma como é definida a "literacia" (saber falar, ler e escrever). Ao que sei, ela é definida como sendo a capacidade de fazer aquelas três actividades mas relativamente a pequenas frases, simples.
A aparente baixa taxa do tetum pode estar relacionada com a capacidade de escrever, pois muita gente o fala mas escrever "é outro campeonato"...
Quanto à percentagem do português e tratando-se de pessoas com mais de 15 anos, uma taxa de 25% (um quarto da população) é, sem dúvida, uma boa percentagem mas qualquer coisa me diz que há aqui algum "optimismo"... Note-se que alguns observadores com bom conhecimento da realidade no terreno também torcem o nariz... Ainda por cima parece que muitos dos agentes inquiridores do Censo tinham, eles próprios, um conhecimento limitado do português, deixando no ar a dúvida sobre a sua capacidade de ajuizar se os inquiridos sabiam, de facto, "falar, ler e escrever", mesmo que apenas pequenas frases, em português.
Estas reticências não impedem que reconheçamos, pela nossa experiência do dia a dia, que há cada vez mais pessoas a compreender o português e a dizer pequenas frases num diálogo não muito exigente. Ainda agora não caí num coilão imundo porque um rapaz me avisou de que a rua não tinha saída. Em português... :-)
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