Desculpem o ar um pouco menos sério que o habitual mas desta vez vai assim mesmo...
Isto porque me fartei de rir com o que o jornalista (?) da FORBES escreveu sobre o Fundo Petrolífero e a forma como é gerido, nomeadamente pelo seu Director Executivo. Os comentários são, pois, à notícia em si e não sobre o Fundo --- melhor: apenas indirectamente serão sobre o Fundo.
A imaginação de certos "jornalistas" para "comporem o ramalhete" e fazerem de uma "estória" um romance é incrível! Este, pelo que escreveu, é dos que envergonha a profissão...
Mas vamos ao comentário quase "ponto por ponto".
A notícia começa logo pela "informação" de que o escritório do Director Executivo "fica por detrás do edifício desmoronado do Banco Central". Desmoronadíssimo, como se demonstra pela foto abaixo, tirada no fim de Agosto do ano passado. E não consta que entretanto tenha havido nenhum tremor de terra ou uma explosão que o tenham desmoronado... Endoidou!...
E o que dizer de o escritório ser compartilhado "com mais quatro colegas E ALGUNS FRANGOS E CABRAS QUE APARECEM NAS INSTALAÇÕES"?!... Esta é de uma pessoa se escangalhar a rir!... Os frangos, como "avoam", ainda vá que não vá... Mas as cabras? Como passariam o muro alto que cerca as instalações? E se ousassem passar pela entrada principal eram logo "promovidas" a "tukir"!... Não! Não há nem nunca houve frangos e cabras nas redondezas... Só os que aparecem, já confeccionados, nas festas que, de quando em vez, se organizam.
Mas a risota não pára aqui...
Adiante surge esta "pérola": "os políticos novatos estão tão absorvidos pelas infinitas lutas de poder que não conseguem chegar a um acordo sobre como investir os lucros provindos do petróleo e do gás do Mar de Timor"!... O homem --- seria um insulto para os que o são chamar-lhe jornalista... --- nem percebeu que há uma Lei do Fundo Petrolífero desde 2005 e que nela se estabelecem os princípios orientadores da aplicação dos recursos financeiros do Fundo! Esses princípios são complementados com orientações emanadas do Ministério das Finanças do país que são fundamentadas com pareceres de um conselho consultivo para o investimento --- e, agora, de uma empresa financeira de renome internacional, a JPMorgan.
Isto é: ao contrário do que o escrevinhador quer fazer crer, o Fundo tem regras de gestão bem definidas --- basta consultá-las nos vários documentos sobre o assunto disponíveis na página web do banco central de Timor Leste --- e são elas, e não a Autoridade Bancária e de Pagamentos (o banco central) e, muito menos, o director executivo do Fundo enquanto enxota os frangos e as cabras, que determinam, no essencial, qual a forma de aplicar os recursos financeiros existentes. A margem de manobra da Autoridade é, aqui, muito reduzida.
Por isso, a afirmação de que "Alves Maria e o seus colegas parecem génios financeiros" é "música"... Mas uma coisa é certa e quero que fique aqui bem clara: ele e os seus colegas (e eles vão desculpar-me se enfatizar o papel dele) são o exemplo de uma (relativamente jovem) geração de funcionários timorenses que, espalhados por aqui e por ali, têm aproveitado bem as possibilidades de formação que lhes têm sido proporcionadas e têm, com grande espírito de dedicação, sabido elevar cada vez mais a qualidade do funcionamento das suas respectivas instituições. O banco central, em geral, é um exemplo disso (eu sei: sou suspeito por trabalhar com eles mas o que fica dito é a verdade! Nua e crua).
Também é verdade que o Fundo Petrolífero apresentou em 2008 resultados melhores que muitos outros, com mais pretensões porque com mais recursos financeiros e humanos, mas isso deve-se em boa parte ao facto de, por imposição legal (Lei do Fundo Petrolífero, que já vem do tempo do primeiro governo constitucional) ou do Ministério das Finanças, ele ter todos os seus recursos aplicados em Fundos do Tesouro norte-americano enquanto que os outros têm uma carteira de títulos recheada de acções de empresas cujas cotações na bolsa de valores, devido à crise mundial , se "afundou" significativamente trazendo o rendimento de alguns "fundos soberanos" como o FP para terreno negativo.
No meio de tanta asneira escrita pelo escriba da FORBES há duas coisas que se salvam... Uma é a da transparência das contas do Fundo Petrolífero e respectiva divulgação. Este foi, aliás, o item que mais terá contribuido para que o FP tivesse sido classificado em terceiro lugar numa escala elaborada há algum tempo, "perdendo" apenas para os fundos da Noruega e da Nova Zelândia e ficando muitos pontos à frente do de Singapura, por exemplo.
A outra referência que merece ser sublinhada e que reforça o que foi dito atrás sobre a dedicação de alguns funcionários das novas gerações é a que é feita aos sacrifícios que eles fizeram durante a convulsão político-social de 2006. É certamente caso único no mundo que funcionários saíssem, por vezes com problemas de insegurança, dos campos de refugiados em que foram obrigados a viver temporariamente para irem para o banco central gerirem muitas centenas de milhões de dólares! Por vezes "com a roupa do corpo" e de xanatas...
É, certamente, um exagero lembrar aqui a velha frase de Churchill sobre os aviadores ingleses que fizeram frente à aviação alemã na "batalha de Inglaterra" --- "nunca tantos deveram tanto a tão poucos" --- mas por alguma razão me lembrei dessa frase aqui e agora...
Fiquemos por aqui...
1 comentário:
Realmente, dizer que o edifício da ABP está destruído ou desmoronado ou...
Esse "diz que é uma espécie de artigo" da autoria do malae Forbes deve ter sido escrito em Jakarta, muito provavelmente no zoológico, enquanto observava as cabras e as galinhas.
Mas lá que o homem tem imaginação, tem.
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