Vem esta pequena nota a propósito de uma conversa mantida há tempos com um amigo a propósito das enormes filas que durante os últimos dias de cada mês e os primeiros dias do mês seguinte quase bloqueiam o acesso aos balcões de alguns bancos em Dili durante pelo menos uns dez dias.
Dizia-me ele que embora muitas pessoas já estejam familiarizadas com o uso das "ATM-Automatic Teller Machines" (vulgo, para os portugueses, "caixas multibanco"), há ainda uma imensa maioria que quer é levantar o dinheiro todo que lhe "pinga" na conta logo que ele por lá aparece nem que seja preciso passar, como passam, horas a fio nas filas para levantarem o seu dinheiro "entupindo" completamente os serviços de alguns bancos.
Independente de saber se estes têm ou não a obrigação de estar preparados para estas circunstâncias, que se repetem todos os meses e são, por isso, previsíveis abrindo "caixas/balcões" suplementares nesses dias de modo a assegurar que nenhum cliente esteja, por exemplo, mais de meia-hora ou uma hora na fila, parece estarmos, isso sim, perante um caso evidente de falta de "educação financeira" da população.
Aliás, foram-me relatadas situações de pessoas que levantam a maioria do seu dinheiro nas ATM mas como fica lá um "restinho" --- por exemplo 17 dólares... --- que as máquinas não "dão", as pessoas enfrentam horas nas filas só para levantar esse pequeno montante --- eventualente com medo que ele se "esfume" a favor do banco onde tem a conta bancária aberta.
Tenho para mim, pois, que há em Timor Leste um espaço enorme para a "educação financeira" da população. Na medida do possível este blogue tem procurado contribuir para isso mas parece que é preciso "vir ainda mais atrás", a conceitos e procedimentos do sistema financeiro ainda mais elementares. Vamos a isso... :-)
Recordemos, para começar, o significado do termo "educação financeira" como consta de um
relatório do Banco Central do Brasil (pg24):
Esta educação é quase uma condição prévia mas aumenta também com o aumento da "inclusão financeira" da população, "o processo de efectivo acesso e uso pela população de serviços financeiros adptados à suas necessidades, contribuindo para a sua qualidade de vida", tal como consta da citação abaixo retirada do mesmo relatório (pg 8):
Sabendo-se que o sistema financeiro do país, particularmente o sistem bancário, é ainda relativamente pouco complexo e de reduzida dimensão, aqui está uma área onde muito há a fazer quer pelo Banco Central de Timor-Leste quer pelos bancos comerciais existentes ou a criar quer por outras entidades financeiras (ex: instituições fornecedoras de micro-crédito mas não só).