terça-feira, 26 de outubro de 2010

Será o Estado timorense um Estado "malae"?

Calma! Não me refiro à cor da pele até porque o Estado não tem pele...
Mas todos sabemos que em Timor Leste há alguns comerciantes que praticam para os "malaes" [estrangeiros, supostamente mais endinheirados que o comum dos timorenses] preços mais altos do que para os seus conterrâneos.
O que quero dizer é, portanto, que tenho a sensação, compartilhada por muitas pessoas com quem tenho falado, de que o Estado timorense paga muitos (?) dos bens e serviços que adquire a um preço mais alto do que eles efectivamente valem. Um projecto de reconstrução de uma estrada pode, assim, ser mais caro do que deveria ser pois não há, verdadeiramente, uma perfeita consciência, por parte do Estado, do que poderá custar o projecto "A" ou "B". Uma amiga minha ligada a estas coisas das finanças públicas dizia-me mesmo que por vezes o Estado paga o dobro "ou mais" do que devria pagar...

Esta é, afinal, uma consequência de vários factores, nomeadamente a conhecida "desgraça do petróleo", que faz com que os Estados com este tipo de riqueza, porque são mais ricos, acabam por pagar mais caro que o comum dos mortais o que adquirem.

Numa altura em que se discute o Orçamento de Estado para 2011 e se discute também a revisão da Lei do Fundo Petrolífero era bom que se pensasse que num orçamento há dois "lados": o das receitas e o das despesas... Será que mostrar muito dinheiro fora das algibeiras não suscita a cobiça dos vendedores que tenderão a aproveitar-se da situação para ganharem um "dinheiro" extra? O "preço para malae" que muitos praticam parece indicar que sim. Por isso há que ter muito cuidado com o que se compra, procurando não pagar mais do que o preço justo. O "preço certo". Nem que para isso seja necessário, nos primeiros tempos, "importar" um grupo de "medidores-orçamentistas" que procurem avaliar o que custa, realmente, cada um dos projectos de modo a que se baixem as "expectativas (ir)racionais" de alguns que querem, à custa do Estado, ganhar num ano ou dois o que deveriam ganhar em 5 ou 6... Ou mais.
Fazer orçamentos (excessivamente?) "avantajados" não transmitirá uma mensagem errada aos mercados, dando a entender que "há ali dinheiro fácil" que há que agarrar?!...
Parece, pois, que é preciso encontrar mecanismos eficazes para que o Estado timorense não esteja (demasiadas vezes) a pagar "preço de malae" pelo que compra...

1 comentário:

Noons disse...

Hmmm.....
Inspeção Geral de Preços?
Ou ainda é muito cedo?