quinta-feira, 11 de março de 2010

"Sera t'il?!..." como dizem os franciús?!...

Surgiu há dias nos jornais (Suara Timor Lorosa'e) a notícia abaixo em que se dá conta de que, segundo a Direcção de Macroeconomia do Ministério das Finanças (o verdadeiro gabinete de estudos e de apoio à Ministra) a taxa de crescimento do país terá sido de cerca de 16% em 2009.



A metodologia indicada parece-nos demasiado simplista e susceptível de criar erros consideráveis quando confrontados com as estimativas feitas por outras vias, com um tratamento mais cuidadoso dos dados. Por isso vemos com algumas reservas esta informação --- que será provisória, anunciando-se a publicação em Abril de dados mais rigorosos. Pena é, no entanto, que não seja dada desde logo informação sobre se os valores encontrados são a preços correntes ou a preços constantes.

Os "preços correntes" são aqueles que pagamos no dia a dia --- no caso em 2009 --- e a fórmula de cálculo que terá sido utilizada (a "velhinha" igualdade base da Contabilidade Nacional PIB= C + G + I + X - M , isto é, o Produto Interno Bruto é igual à soma algébrica dos valores do Consumo, dos Gastos Públicos, do Investimento, das eXportações e (a descontar...) as iMportações) faz suspeitar --- "suspeitar" apenas, sublinhe-se --- que poderão ter sido usados nos cálculos esses preços. A verdade, porém, é que os cálculos devem ser efectuados a "preços constantes" --- por exemplo, calcular o valor da produção de 2007, 2008 ou 2009 com os preços de um ano-base (ex: 2000) --- para eliminar o efeito da taxa de inflação.

Aguarda-se, portanto, um esclarecimento sobre os valores efectivamente utilizados. É que se foram os preços correntes então há que descontar a taxa de inflação. Que noutra notícia recente se diz ter sido de 7% (método de cálculo também a esclarecer já que muito diferente dos 3,6% referidos pela Direcção Nacional de Estatística do Ministério das Finanças). Isto é: 16% - 7% = 9%.

Não estamos a dizer que as contas FORAM mal feitas e que a taxa real de crescimento foi de 9% e não de 16% como anunciado. Seria um erro demasiado crasso que economista nenhum cometeria.

O nosso "ponto" é apenas o de que quando se dão estas informações elas devem ser acompanhadas desde logo dos elementos necessários para o leitor/observador/comentarista aquilatar da qualidade da informação disponibilizada. Caso contrário alimentam-se dúvidas, incertezas, absolutamente desnecessárias e que "se viram contra o feiticeiro".

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