quarta-feira, 10 de junho de 2009

... e de preços do arroz?

A FAO, a agência especializada da ONU para a alimentação e agricultura, acaba de publicar mais um boletim sobre o mercado mundial do arroz e seus preços.
Por ele se pode verificar que estes, depois de terem atingido o "pico" do seu preço médio em Maio de 2008, não têm parado de baixar e encontram-se hoje a um nível que é, em geral, menos de metade do de há um ano atrás.
Por exemplo, o "Viet 5%" estava há um ano nos quase 1000 USD por tonelada e hoje (média de Maio/09) está nos cerca de 426 USD/ton.
Por sua vez, o "Thai A1 Super" uma das referências do mercado mundial, está a 316 USD/Ton quando há um ano estava a 772 USD/Ton.



Isto significa, na prática, que a saca de 35 kg de arroz tailandês custava, no porto de Bangkok, cera de 27 USD e hoje custa apenas 11 USD. Claro que para determinar o preço em Dili há que adicionar outros custos, desde o do transporte até ao do seguro. E, claro, o lucro do(s) comerciante(s) envolvidos no processo.
Estes preços devem ser comparados com os praticados actualmente pelo Governo (10 USD/saca) e os importadores normais (12 USD/saca).
O preço praticado pelo Governo é cerca de 17% mais baixo do que o do mercado livre (2 USD/saca). Este, por sua vez, está hoje a um nível que não difere muito do que foi praticado durante boa parte do tempo nos últimos anos. E isto num contexto em que os níveis de rendimento eram bem mais baixos do que actualmente. Isto é: em termos "reais", de "horas de trabalho", uma saca de arroz custa hoje muito menos do que custou no passado (com excepção do período, recente, em que o seu preço "disparou" no mercado internacional). Se tomarmos em consideração também a evolução da inflação, este preço é também, "realmente", bem mais baixo do que anteriormente.
Isto pode levar-nos a perguntar se se justificará manter a política de venda de arroz a preço subsidiado --- pelo menos na versão "urbi et orbi" (i.e., "a todos!, a todos!") hoje praticada. Ainda por cima sabendo-se que estes preços estão a fazer pressão sobre os da produção nacional.
Será que a justificação para a manutenção da política de "arroz subsidiado" é agora mais política do que económica? A cada um a sua resposta.

1 comentário:

h correia disse...

Absolutamente de acordo com a análise.
A resposta à pergunta final não é difícil:
- Que rico negócio para os 3 amigos!!!