quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Ai Maromak! A paciência que é preciso ter!...

Quem mexe com Economia mexe com estatísticas e estas devem ser fiáveis para que as análises --- o "diagnóstico" que os "médicos" fazem ao "doente" ... --- sejam corretas e as eventuais alterações a introduzir sejam bem fundamentadas.

Em Timor Leste nem sempre isso acontece. Os principais problemas parece colocarem-se ao nível das estatísticas de comércio internacional já que nos últimos tempos têm sido introduzidas alterações em relação ao "usual" que impedem que as estatísticas sejam usadas sem "muita cautela e caldos de galinha"... ;)

Na verdade, em 2013 fomos "brindados" pelas Alfândegas de Timor Leste por alterações dos critérios para a elaboração das estatísticas que tornam impossível a sua utilização sem muitos cuidados.
Refiro-me, por exemplo, ao facto de terem decidido, no ano passado, incorporar --- coisa que nunca tinham feito até então --- o valor nominal das notas importadas pelo Banco Central de Timor-Leste no valor das importações. Para terem uma ideia do resultado desse procedimento recordo que o valor das importações do Capítulo 49 da pauta aduaneira em 2012 foi de 7 milhões de USD (tinha sido de 373 mil USD em 2011) e em 2013 foi de...317,7 milhões de USD! Tudo resultado da decisão referida.

Em 2014 a história repete-se, agora em relação à moeda: em 2013 as importações registadas no Capítulo apropriado, o cap. 71, foram 890 mil USD. Este ano, em Maio, foram registados 208 milhões de USD.

Isto tudo para salientar que quando se estuda a economia de Timor-Leste e particularmente o seu comércio internacional é necessário muito cuidado porque os dados dos vários (últimos) anos NÃO são completamente comparáveis entre si. A paciência que é preciso ter!... Ai Maromak!

Continuando...

Na entrada anterior referimos os gastos efectivos em Educação e em Saúde no Orçamento de 2013.
Os valores são, recordamos, 10,9% para a primeira e 7% para a segunda.
Por curiosidade fomos à procura das estatísticas internacionais sobre os temas para fazer comparação com outros países, nomeadamente da região em que o país se insere, o Sudeste Asiático.
A vantagem das estatísticas internacionais é a de que as organizações que as compilam e publicam seguem um critério uniforme para todos os países e por isso os valores são perfeitamente comparáveis. Nas estatísticas nacionais não existe essa preocupação e por isso os valores nas estatísticas nacionais podem ser diferentes dos das internacionais.
É precisamente isso que acontece com os valores da percentagem de gastos em Educação e em Saúde no caso de Timor Leste: as estatíticas internacionais (Banco Mundial e Orgamização Mundial de Saúde) dão para o país os valores de 8% em 2011 para a Educação e de 2,6% em 2012 para a Saúde. Note-se que parte da diferença de valores deve resultar do facto de estarmos a falar de anos diferentes mas parte importante dela deve resultar de nas opções políticas do Governo um sector e outro não terem a mesma priroridade que têm noutros países.
Por exemplo, também em 2011, a Tailândia gastou 14,2% em Saúde e a vizinha Indonésia 6,9%, enquanto a Malásia se ficava pelos 5,8% do seu orçamento.
Quanto aos gastos em Educação, os 8% gastos por Timor Leste são ultrapassados pelos 15% da Indonésia, pelos 21% da Malásia e pelos 24% da Tailândia.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Estrutura das despesas reais ao abrigo do OGE13

A repartição dos dinheiros pagos a partir do Orçamento Geral do Estado de 2013 incluiu 27,7% para "Serviços Públicos Gerais", 7% para "Saúde" e 10,9% para "Educação",num total geral de 836 milhões gastos efetivamente no quadro do "Fundo Consolidado de Timor-Leste".

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Estimativas económicas do Banco Central de Timor-Leste

O Banco Central de Timor-Leste disponibilizou no seu "sítio" da internet um documento com uma análise económica do país, o "Timor-Leste Economic Outlook". Nele se apresentam os resultados de projectos do BCTL de formulação de estimativas da taxa de variação do Produto e da Inflação. Veja abaixo a síntese das estimativas formuladas e sua comparação com outras estimativas, nomeadamente do Governo e de organizações financeiras internacionais.


Repare-se na taxa de crescimento de 2,5% para o PIB de 2013, muito abaixo dos cerca de 8% previstos pelo Governo e das organizações internacionais (FMI e Banco Asiático de Desenvolvimento). Em 2014 é possível que a taxa de crescimento aumente mas não deverá, segundo o BCTL, ultrapassar os 4%, cerca de metade das estimativas das outras organizações.

Quanto à inflação as estimativas do BCTL para 2014 e 2015 são de 2% em cada ano enquanto o Governo prevê 7,7% para os dois anos e as organizações internacionais referidas estimam que a inflação subirá a mais de 8%! São diferenças significativas que dão a ideia da dificuldade em fazer estimativas económicas em Timor Leste.

Note-se que os dados do BCTL relativos à inflação estão muito mais em linha com os dados recentes sobre a evolução dos preços do que as estimativas das demais entidades. Recordemos que os últimos dados sobre a taxa de inflação, entre Julho de 2013 e de 2014, apontam para uma taxa de 0%!