quinta-feira, 31 de julho de 2014

Taxa de inflação homóloga de Junho/14: -0,6% (sim! negativa!)

A Direcção Geral de Estatística publicou há poucos dias o seu boletim mensal sobre a evolução dos preços no país.
(ver aqui: http://www.statistics.gov.tl/wp-content/uploads/2014/07/CPI_June_2014_English.pdf)

Por ele se pode verificar que a taxa de inflação homóloga de Junho passado (Junho de 2014 relativamente a Junho de 2013) foi de... -0,6%! Isto é: os preços terão baixado entre os meses referidos. Mas também baixaram (-0,3%) entre Maio e Junho deste ano.

 
 
A principal causa da queda terá sido a queda dos preços dos bens alimentares (-1,2%), que são a parte mais importante do cabaz de compras que serve de base ao cálculo do Índice de Preços.

 
 
Esta queda dos preços deve-se certamente, em primeiro lugar, ao bom desempenho da agricultura nesta época mais seca.
 
Mas é possível que haja outra razão: é sabido que numa época de abrandamento do crescimento a pressão para a subida dos preços é menor e esta taxa negativa pode ser o resultado de uma taxa de crescimento mais lento da economia. Só os dados das contas nacionais e a consulta de alguns indicadores indiretos da atividade económica podem confirmar ou infirmar esta hipótese. Fica para depois.

Crescimento do Produto (non-oil) em 2012: 7,8%

A Direção Geral de Estatística divulgou agora as contas nacional para 2012. Elas podem ser consultadas aqui: http://www.statistics.gov.tl/wp-content/uploads/2014/07/National-Account-2012.pdf.

Do documento deduz-se que a taxa de crescimento do produto interno bruto não-petrolífero foi, em 2012, de 7,8%, quando no ano anterior e segundo a mesma publicação tinha sido de 14,7%.


Repare-se que no relatório de apresentação do Orçamento Geral do Estado para 2014 o Governo disse o seguinte em relação a estas duas taxas de crescimento:

“A taxa de crescimento do sector não-petrolífero do PIB, prevista nos 8,2% para 2012, continua a ser forte, porém está substancialmente aquém da taxa de 2011 [12%]”. In OGE14- Proposta inicial Livro 1 , pg 6

Trata-se, portanto, de uma queda significativa do ritmo de crescimento mas o anterior era insustentável --- até por causa do seu efeito na aceleração da taxa de inflação. Uma taxa mais moderada parece ser mais "saudável".

Mas não basta ver os números globais. É necessário ver também a sua composição. E infelizmente foi principalmente uma componente do "PIB bom", o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), a que permite crescer mais, no futuro, a capacidade produtiva, que teve o pior desempenho já que teve uma taxa negativa de variação (-12,6%), a primeira vez que tal acontece desde 2006.

Por outro lado, o abrandamento da taxa de crescimento do PIB não petrolífero teve como consequência que a sua taxa de variação foi negativa: -1,2%. Foi a primeira vez desde 2005 que se registou uma redução deste rendimento, que traduz, em média, um (muito) ligeiro agravamento das condições de vida da generalidade da população.