sábado, 16 de março de 2013

Boa viagem, Prof. Mário Murteira!


Boa viagem até ao país das caçadas eternas, Professor.

Mário Murteira, como o meu "herói" Prof. Francisco Pereira de Moura, foi daqueles economistas de elevada craveira que acabaram por se dar mal quando a política se atravessou à sua frente. Ambos no período mais "quente" do Portugal de 1974-75.
Teve o azar (?) de, creio que para colocar alguma racionalidade (económica) na irracionalidade da época e por não concordar com ela, ser ministro da economia com Vasco Gonçalves e o período das nacionalizações (decididas por outrém, que não por ele, por razões políticas).

A minha vida cruzou-se várias vezes com a dele embora sempre que de uma maneira muito ténue.

Comecei a minha carreira de docente do ISEG (1972) pela mão da saudosa Aurora Murteira, sua mulher, uma mulher cheia de vida e de capacidades técnicas e humanas que a doença apanhou cedo nas curvas da vida. A sua imagem de marca eram os vestidos saia-casaco da mesma cor, com sapatos também da mesma cor. Onde estava não passava despercebida por essa maneira (quase exclusiva, sua imagem de marca) de vestir e pela vivacidade que punha na conversa.

Depois trabalhei indirectamente com ele por interposta pessoa, o seu Secretário de Estado dos Recursos Humanos (olá, Américo!), um "bombeiro" que procurou manter o emprego em muitas empresas facilitando o diálogo entre as partes. Sou sincero: não gostei muito desse trabalho no "sovaco" do poder e tenho evitado o mais possível, com sucesso, voltar a ele... :-)

Depois encontrámo-nos várias vezes em Macau e Moçambique devido aos nossos afazeres profissionais --- mas cada qual com a "sua dama". Uma vez até brinquei com ele, creio que em Moçambique, perguntando se me andava a perseguir... Porque onde eu estava lá aprececia ele... Isto acontece várias vezes. Acasos da vida de pessoas que, ainda que com estatutos diferentes, se moviam, ambas, na área da economia do desenvolvimento e do ensino.

Nos últimos anos de vida acabei por lhe perder um bocado o rasto até porque ele passou a dedicar-se muito mais às empresas e ao papel destas na economia.

Enfim, um bom homem, com o seu quê de bonacheirão e de um humor fino, com ideias próprias sobre a política económica e o desenvolvimento dos países e do Mundo.

Boa viagem, Professor.



segunda-feira, 11 de março de 2013

Mais sobre o porto de Tibar

Na semana passada decorreu em Dili uma conferência para atrair investidores estrangeiros para duas "Parcerias Público-Privadas" que o Governo de Timor Leste pretende implementar. É do documento de suporte da apresentação sobre o porto de Tibar que se retirou a foto abaixo sobre o que, em princípio, será o local de implantação do porto. A azul o complexo de bancos de coral da zona.



Na foto abaixo, por mim tirada de avião em 3SET12, vê-se ao fundo a zona a usar para o porto, a maior parte um extenso mangal que terá, naturalmente, de ser aterrado. Assim como aterrado parece que será parte da barreira de coral contígua ao mangal até que se chegue ao "buraco negro", de maior profundidade, no meio da baía, o qual será usado para as manobras dos navios. O pior vai ser chegar lá... Provavelmente terá de ser aberto um "corredor" no meio dos bancos de coral. E lá se vai mais um bocado dele e da vida marinha que dele depende.
As manchas mais brancas à esquerda da foto são as "piscinas de aquacultura" instaladas junto à estrada que passa pela "aldeia de pescadores" e "termina" no entroncamento entre as estradas para Ermera e para Tibar e o ocidente do país.

 
Foto aérea (minha) em 1DEZ07
do local proposto para implantação do porto

O projecto vem identificado como sendo da HPC-Hamburg Port Consulting, GmbH.
A sua "comercialização" está a ser apoiada pela IFC-International Financial Corporation, a componente virada para o apoio ao sector privado bo Banco Mundial.

domingo, 10 de março de 2013

Posso perguntar uma coisa?

Não é fácil governar mas sempre pensei que se explicassemos as coisas bem explicadinhas, era mais fácil convencer as pessoas da bondade de algumas soluções relativamente a outras. A ideia do "quero, posso e mando" nunca dá grande resultado... Veja-se o que se passa em Portugal, com um governo que, permita-se-me a opinião como cidadão português, apesar de ter apresentado um programa eleitoral implementa quase o seu contrário achando que está legitimado para o fazer... Tenho as minhas dúvidas mas...

Vem isto a propósito da necessidade de, nomeadamente perante problemas mais "bicudos" e/ou com consequências a longo prazo, adoptar uma política da maior transparência sobre as soluções adoptadas.
Isto pode aplicar-se ao comunicado do Conselho de Ministros da RDTL de 11 de Abril do ano passado em que se diz "Tendo em conta a necessidade de um novo porto para Timor-Leste, Tibar surgiu como a melhor opção para a construção destas infra-estruturas necessárias, de modo a diminuir o congestionamento e a reduzir os custos de transporte das cargas."

Pois... Mas surgiu como melhor opção a quem? Em comparação com que lugares alternativos? Quais os critérios de escolha? E em que é que Tibar se mostrou (aparentemente inequivocamente...) melhor que os outros locais? Há uma espécie de "livro branco" sobre a escolha do local? Onde estão os estudos efectuados que desembocaram na solução 'Tibar' como sendo "a melhor opção"? Se houve "opção" houve escolha: entre o quê e o quê, i.e., entre que lugar "x" e lugar "y" --- além do "z"=Tibar?

O importante, sob o ponto de vista de metodologia da política económica, é fazer o diagnóstico da situação, apresentar (por exemplo) três cenários (neste caso locais) alternativos e ver os seus prós e contras, deixando a quem de direito a tarefa da escolha FUNDAMENTADA.

Desconheço a existência desses estudos e a única coisa que tenho à mão são imagens do local e de um ou outro local alternativo.
Deixo-as abaixo. são fotografias tiradas por mim de bordo do avião do voo Bali-Dili em 3 de Setembro passado (tá... Eu sei! É proibido tirar fotos de dentro dos aviões mas como todos fazem... Rssss). Outra é uma imagem do Google Earth das zonas tofografadas.


Zona de Tibar. Notem-se as zonas mais claras, devido à presença de coral e de fundos baixos. O azul mais escuro representa fundos maiores. Note-se também que a zona fica "emparedada" contra a montanha, o que cria dificuldades em dispor de espaços para armazenagem e eventual instalação, na proximidade, quer de serviços de apoio ao porto quer de empresas industriais para quem a proximidado ao porto pode ser fundamental em termos de diminuição de custos.
Tudo isto sem falar da riqueza paisagística do local, dos mais bonitos de Timor Leste, que ficará seriamente comprometida. Esta preocupação ambientalo-paisagística deveria ser fundamental na análise do assunto. Terá sido? Não parece...



Zonas entre Tibar e Liquiçá. Das imagens resulta evidente que se trata de zonas com fundos maiores, facilitando as manobras de acesso e largada do porto. Além disso, trata-se de zonas "abertas", sem limites físicos significativos como os existentes em Tibar.


Imagem do Google. As duas zonas das fotos acima fazem parte deste vasto espaço entre Tibar e Liquiçá. Creio que este espaço tem nítidas vantagens sobre Tibar.

Zona a estudar como alternativa a estas (Tibar e Liquiçá) seria a de Hera-Metinaro mas aí a facilidade de acesso à costa devido à presença de corais e vastas zonas de mangal é menor, parecendo ser factor contra a instalação do porto na região.

Enfim...
 
EM TEMPO: que fique claro que a minha preocupação fundamental é de que qualquer decisão que seja tomada o seja devidamente fundamentada, seguindo os passos das "boas práticas" sobre o "como fazer". "O que vale a pena ser feito vale a pena ser bem feito"! Certo? Mas é evidente que me "fica atravessado na garganta" ver desaparecer um bocado do paraíso como é Tibar...

sábado, 9 de março de 2013

Porque não se pensou nisto?!...

É conhecido o esforço que o país tem estado a fazer, na sequência de uma opção nesse sentido pelo Governo do país, para assegurar a electrificação de Timor Leste quer instalando duas grandes centrais produtoras de energia quer assegurando a sua distribuição pelos quatro cantos do país com torres de alta tensão e postes de média e baixa tensão.

Este esforço tem-se traduzido num volume significativo de importações de todo o tipo de materais alguns dos quais, cremos, podiam ter dado origem a alguma incorporação de produção nacional a ser prevista, desde logo, nos termos do contrato de construção das centrais e da instalação da rede de distribuição.

Referimo-nos, por exemplo, a muitos dos postes eléctricos sendo espalhados pelo país. Ainda há dias viamos no porto de Dili um navio descarregando estes postes. Será que não havia a possobilidade de produzier a maior parte deles em Timor Leste?


Sei que parte estão sendo produzidos numa fábrica a caminho de Liquiçá mas pergunto-me se não poderia ter sido prevista a produção interna da todos eles e de outros materiais.



Não me entendam mal mas lembro-me de ver por aí espalhados postes da empresa portuguesa CAVAN que têm 50 anos e mais e estão aí para durar...



Não teria sido possível, enquanto se construiam as centras electricas, negociar com a CAVAN (a empresa é portuguesa mas diria exactamente o mesmo se fosse malaia ou indiana ou de outra nacionalidade...) a instalação de uma fábrica em Timor Leste para abastecer o mercado nacional? E até, eventualmente, começar a penetrar noutros mercados da região?

A imaginação ao poder...

quinta-feira, 7 de março de 2013

Para a história do café de Timor (Leste), "avô" de muito do café produzido no Mundo

Esta é uma "entrada" diferente do habitual pois se limita a disponibilizar um link para um local na internet onde podem ver informações relevantes de como o café de Timor se tornou o "avô" de muito do café que é produzido e consumido pelo mundo fora... É uma história interessante que passa pela única "plantação" de café na Europa, localizada em... Oeiras!
É a sede do Centro de Investigação da Ferrugem do Caféeiro.
Ora veja aqui, sff:
http://www.tvciencia.pt/tvcnot/pagnot/tvcnot03.asp?codpub=31&codnot=15