sábado, 6 de fevereiro de 2010

Não resisti à tentação de ir ao fim do livro ver quem era o assassino... :-)

Pois é... Não resisti e, depois de ler as partes principais do texto (aconselho uma leitura cuidada das partes IV e V mas reconheço que não é para principiantes...), fui ao fim do texto ver quais as suas conclusões principais. Aqui vão elas no texto original, em inglês, seguidas da tradução (minha) para português.

"Microstates that gain independence will have an array of exchange rate choices to choose from, though they are likely to be constrained by structural features and their own history.
The cost-benefit analysis of which form of hard peg to choose varies from one microstate to another, but limited human, institutional and financial capabilities as well as a small population will tilt the choice towards the hardest form of exchange rate, namely full dollarization. Fully outsourcing ones exchange rate policy is advisable in such a case.
The benefit of moving to less hard pegs rises as a country is larger, institutionally more developed and growing rapidly. It should be noted that we have not looked at the impact of different exchange rate arrangements on the economic performance of microstates—an altogether different subject.
"

Tradução:
"Os microestados que alcançam a independência têm à sua disposição um leque alargado de escolhas disponíveis quanto ao regime de taxa de câmbio que terão de escolher; sabe-se, no entanto, que estão limitados na sua liberdade de escolha por um conjunto de características estruturais e pela sua própria História.
A análise custo-benefício sobre que forma de regime cambial hard peg escolher varia de país para país mas as limitadas capacidades em recursos humanos [qualificados], instituições e financeiras bem como a dimensão da população tenderão a apontar no sentido do regime cambial mais “duro”, nomeadamente a completa dolarização. Fazer o outsourcing completo da política cambial do país parece ser, nestes casos, o mais aconselhável.
O benefício de mudar para formas menos rígidas de hard peg aumenta para o caso de países maiores, institucionalmente mais desenvolvidos e que crescem rapidamente.
Note-se que não olhámos para o impacto dos diferentes regimes cambiais no ritmo de crescimento económico dos microestados --- o que é um assunto completamente diferente
."

O que fica acima precisa de uns quantos esclarecimentos para não especialistas. Vejamos alguns:

a) a introdução de uma moeda nacional tem uma faceta estritamente (?) monetária e outra cambial, que se refere à necessidade de fixar a taxa de câmbio e, principalmente, o seu regime de administração/gestão (o regime cambial). São quase duas faces da mesma moeda. O texto refere-se essencialmente aos aspectos mais "cambiais" e de escolha do regime cambial para a gestão da moeda;

b) há basiacamente dois grandes grupos de regimes cambiais: (i) os mais "duros", mais rígidos, em que a possibilidade de as autoridades cambiais do país (o banco central...) influenciarem alterações da taxa de câmbio é muito limitada --- os regimes de "hard peg"; e os (ii) regimes menos rígidos, em que o banco central pouco intervem no mercado cambial e a taxa de câmbio flutua com alguma frequência --- daí serem regimes "flexíveis", com taxas mais "flutantes" (floating rates);

c) o texto põe de parte quase que à partida a adopção de regimes "flexíveis" pelos microestados (estados com menos de 2 milhões de habitantes, como Timor Leste e Cabo Verde, por exemplo) , restringindo a opção que estará efectivamente disponível a estes países a diferentes formas de "hard pegs", "taxas rígidas" (na verdade umas mais rígidas do que outras...). Estas são:
.. (i) a dolarização (um país usa a moeda de outro, como Timor Leste);
.. (ii) o "currency board" (os países mantêm uma taxa fixa face a uma determinada moeda a que estão "associados" --- p.ex., o dólar americano vale, há mais de 20 anos, cerca de 7,8 dólares de Hong Kong por decisão do banco central deste --- e obrigam-se a ter como reservas um valor desta igual à massa monetária do próprio país); e
..(iii) taxas fixas (para simplificar, quase iguais à anterior mas sem a obrigação quanto às reservas);

d) em qualquer dos casos de hard peg (ligação, a uma taxa rígida, a outra(s) moeda(s)), os únicos que, segundo o estudo, verdadeiramente interessam aos países pequenos, estes ficam quase sem política cambial e, devido às articulações entre esta e a política monetária, também, na prática, sem política monetária indepedente. O que não é necessariamente mau; antes pelo contrário...

Mas... leiam e pensem sobre oassunto.

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