domingo, 28 de junho de 2015

Modelos de crescimento e políticas económicas que eles inspiram

Os “modelos de crescimento” mais conhecidos são, provavelmente, os de Harrod-Domar, de (Robert) Solow e de (Paul) Romer, também conhecido por “modelo AK”.
O modelo de Harrod-Domar é sintetizado pela equação g = s/k que nos diz que a taxa de crescimento máxima garantida da economia (g) tende a ser constante e igual ao rácio entre a taxa de poupança (e de investimento) “s” (proporção do produto que é poupada e investida) e o coeficiente capital-produto "k" (ou seja, a quantidade de capital necessária para produzir uma unidade de produto). Quanto maior for a taxa de poupança/investimento, dado que se considera que no curto-médio prazo este coeficiente é constante por não ter tempo para se modificar significativamente, maior será a taxa de crescimento. Esta teoria justifica políticas de elevado investimento, nomeadamente em infraestruturas e em capital diretamente produtivo (indústria, agricultura). A sua ligação ao "desenvolvimento" vem, nomeadamente, através do facto de se entender que esse investimento vai gerar emprego e que este acaba por servir os interesses dos pobres através de um efeito do tipo "cascata" (trickle down) em que um número cada vez maior destes é beneficiado pelo emprego criado. A História demonstrou que não é necessariamente assim...

O modelo de solow conclui fundamentalmente que uma economia tende a crescer de forma a que o pib, o stock de capital físico e a população tendem a crescer todos à mesma taxa. A este caminho, caraterizado por um rendimento por trabalhador e um capital físico por trabalhador constantes ao longo do tempo, chama-se "estado estacionário". Mas como a realidade é a de que as economias crescem constantemente, a explicação para isso só pode estar “fora” do modelo: no progresso técnico e no aumento da produtividade devida ao aumento do capital humano. Este modelo sugere, pois, que se invista em melhorias das tecnologias disponíveis e no aumento da educação e da formação como forma de aumentar o capital humano e fazer crescer a economia.


Finalmente, o modelo de Romer (modelo “ak”) conclui principalmente que o progresso técnico, que no modelo anterior é "exterior" ao modelo e algo dependente da vontade dos homens, é “endógeno” ao crescimento económico pois mais crescimento e mais progrsso técnico trazem consigo mais recursos para a investigação científica e sua aplicação à produção: quanto mais cresce o produto mais aumenta essa investigação que, por sua vez, se vai repercutir em mais produto e assim sucessivamente, numa como que “espiral” de crescimento que permite “romper” a tendência a se chegar a um “estado estacionário” "à Solow". A política aconselhada é de investir na investigação científica, nomeadamente na ligada à produção.

Temos aqui, de uma forma necessariamente sucinta, algumas lições dos "modelos de crescimento" para a política económica de crescimento. Cadê a "centelha" que faz este passar a "desenvolvimento"?

sábado, 27 de junho de 2015

A dança dos preços


Os preços e, principalmente, a sua variação ao longo do tempo (por exemplo um ano) são um dos principais indicadores sobre a saúde de uma economia. 
Uma taxa de variação muito baixa (próxima de zero ou mesmo negativa = preços a descerem) é normalmente sinal de que a economia anda a "passo de caracol", virtualmente estagnada; uma taxa moderada (uns 2-3%/ano) é genericamente considerada com uma taxa "boa" porque desempenha o mesmo papel que o sal com conta-peso-e-medida desempenha num bom cozinhado: espevita o sabor, neste caso "dá um empurrãozinho" na economia e no crescimento económico porque incentiva o investimento sem desincentivar os consumidores, que conseguem "absorver" a ligeira queda do seu poder de compra; finalmente, uma taxa demasiado elevada --- lá para os lados dos 5-7% ou mais --- é sinal de que anda dinheiro a mais na economia ou de que há um qualquer desequilíbrio nela que deixa os agentes económicos desconfiados pois o cálculo económico fica mais complicado (compro hoje antes que os preços subam mais? Não invisto porque não sei se os preços vão aumentar ou diminuir no futuro próximo e assim não sei determinar a taxa de rendibilidade do meu investimento?!...). 

Há numa economia principalmente duas "taxas de inflação" --- taxas de variação dos preços --- que interessa acompanhar: a dos preços no consumidor (a "taxa de inflação" em que se pensa quando se fala dela) e a dos preços no conjunto da economia (bens de consumo, bens de investimento, etc). Esta última é a definida pelo chamado "deflator do PIB".

No quadro abaixo podem ver os dados da "taxa de inflação" (no consumidor) mensal e homóloga para o mês de Maio de 2015 (mês passado).


No gráfico abaixo pode ver-se a evolução das taxas de inflação "no consumidor" e do "deflator do PIB" entre 2006 e 2013 em Timor Leste.


Como se pode verificar, na maior parte dos anos a taxa de inflação do conjunto da economia ("deflator do PIB") foi inferior à da inflação no consumidor (que é uma parte do conjunto da economia, juntamente com a verificada nos bens de investimento, no consumo público, etc). Este é um resultado relativamente vulgar noutras economias.

"Deflator do PIB
O deflator do PIB é uma estatística simples calculada pela divisão do PIB nominal pelo PIB real multiplicados por cem. Como o PIB nominal e o PIB real serão iguais nos anos base, o deflator do PIB neste ano deve ser igual a cem. A importância do deflator do PIB é refletir as mudanças que ocorrem nos preços do mercado e, portanto, é usado para controlar o nível médio de preços em dada economia. O cálculo da taxa de inflação de um determinado ano leva em consideração, geralmente, o deflator do PIB deste ano em relação à mesma estatística referente ao ano anterior." (vdhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Produto_interno_bruto )




terça-feira, 23 de junho de 2015

Informações sobre o mercado mundial do gás e do petróleo

Fluxos internacionais de petróleo bruto


Fluxos internacionais e gás natural (por pipeline ou sob a forma líquida (LNG) para transporte por navio


Evolução do preço médio do petróleo bruto (USD/barril); valores nominais (verde escuro) e valores reais a preços de 2014 (verde claro)


Preços médios de importação do gás natural por principais países clientes (preço no destino incluindo custo, seguro e frete --- CIF)


A produção de electricidade usa uma quota cada vez maior de energias primárias, com o petróleo a reduzir muito a sua importância, o carvão (a fonte mais importante) a diminuir lentamente, o gás estável e as energias renováveis aumentando a sua quota parte.